Natal?

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- Natal? Não sei o que tem de tão maravilhoso no natal, tudo gira em torno do dinheiro, presentes, enfeites, comida se não tiver dinheiro não tem natal. E o Papai Noel que coisa mais estupida pra se contar à uma criança, onde foi parar o bom senso, os pais que trabalham o ano todo e chega ao final são obrigados à comprar o desejo do filho que muitas vezes é caro, só pra criança permanecer inocente, quanta idiotice, isso é um joquete de marketing para as indústrias em gerais ganharem mais dinheiro e todo mundo sai ganhando, alimentícia, têxtil, industrias de brinquedos, todos menos as pessoas que fazem o natal realmente acontecer, sabe de quem estou falando? Da pessoa que se desdobra, limpa casa, faz comida e compram presentes, o que essa pessoa ganha em troca?
- Cara por que tanto ódio de Natal?
- Não tenho ódio, raiva, ressentimentos, nada disso, só trabalho meu bom senso, vejo o natal como ele é sem magica sem brilho, apenas comércios vendendo mais e pessoas tendo de menos.
- Ok, Pedro, eu to indo nessa preciso ser mais uma das pessoas consumistas, seis e quinze Graças a Deus.

- Você sabe que se Deus existir o que é pouco provável, ele não tem nada a ver com o horário que saímos do serviço?

- Cara que vida triste à sua, vai se tratar. Ao dizer isso Roberto companheiro de trabalho de Pedro da um tapinha nas costas do amigo e uma risada de canto de boca.

Pedro olha no relógio faltam quinze minutos para a saída habitual, mas nessa semana ele não iria sair seis e meia, esta fazendo extra, aproveitando o fato dele não comemorar o natal para ganhar uma grana à mais. Estudante de advogacia com seus vinte e um anos, Pedro se encontra em uma situação em que ele precisa estudar e trabalhar para manter as contas em dia, graças às medidas do governo e seu bom desempenho em provas Pedro se tornou bolsista em uma faculdade de renome, se fosse ter que pagar não teria condições nenhuma, nem ele nem sua família, composta por uma mãe viúva dona Gloria e seus dois irmãos, Samantha e Luan.
Vive sozinho em uma casa alugada de três cômodos próximo da faculdade, para pagar as contas trabalha como atendente em uma empresa de serviço e assistência técnica de canais de assinatura. Talvez se seu pai estivesse vivo as coisas estariam mais favoráveis para ele.
- Pedro vem cá. Grita Ronaldo o gerente responsável pelos atendentes da empresa.
- Sim.
- Você trocou o horário mesmo, vai trabalhar na véspera e no dia de natal?
- Sim senhor.

- Tudo bem já alterei seu horário aqui, mas a empresa só ira funcionar dia vinte quatro até às seis da noite e no natal vamos abrir as portas a partir do meio dia e fecharemos as seis, esta tudo certo para você?
- Por mim tudo bem, senhor.
- Você não vai ver sua família no natal? Já esta aqui há quase três anos e todos os natais você trabalha.
- Preciso do dinheiro senhor, mesmo sendo bolsista a faculdade tem muitos gastos.
- Compreendo, bom estou indo, dia vinte seis estarei aqui, pode me ligar se acontecer alguma coisa.

Para evitar explicações longas e expor seu ponto de vista em relação ao natal ele limitou a conversa em situação financeira, seu chefe é do tipo de cara religioso que dificilmente intenderia sua opinião, um carneiro cego é como Pedro rótula pessoas que ele julga não abertas para discussão religiosas. E de pessoas assim ele já estava cansado.

A noite chegou junto com uma chuva de dezembro, Pedro pensando como era boa a sensação de estar cedo em casa mesmo fazendo hora extra no trabalho estava mais cedo do que de costume, normalmente estaria na faculdade, pelo menos para Pedro o Natal significava férias dos estudos, um período curto sem aulas, provas e sem noites mal dormidas para manter as notas, não via a hora de concluir a faculdade, refletiu por um momento "esse descanso e bem vindo talvez deve-se ser grato ao Natal por isso" falou sozinho em voz alta. Consultou as horas pelo seu celular dez e quarenta e cinco, viu que restava sete por cento da bateria, colocou seu celular pra carregar, em quanto carregava ajustou a função despertador, a chuva aumentou, o som das gotas batendo forte na janela dava ao Pedro mais um pouco de alegria por estar em casa, nesse momento ainda estaria em aula e provavelmente tomaria chuva na volta para casa, seus pensamentos foram ficando menos frequente, seu corpo relaxou, um último pensamento surgiu "Natal", em seguida dormiu.

Feliz NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora