Existem dias que parece que nada da certo, desdo primeiro momento que você acorda até o momento em que você vai dormir para Pedro o dia 24 de dezembro daquele ano ia ser exatamente um desses dias. Pedro já acordou atrasado, o celuluar não despertou, provavelmente a chuva forte fez ter uma queda de energia o que acontecia com uma certa frequência quando chovia forte, o celular descarregou por completo, com isso a função despertadora do celular não funcionou, em um pulo sem saber exatamente que horas eram Pedro saiu, ainda tentado entender o que estava acontecendo, acionou o interruptor para acender a luz, sem sucesso, com isso pode deduzir a falta de luz. Abriu a janela e viu um dia escuro e chuvoso, teve que fazer as suas tarefas em meia luz, com pressa tomou um café frio e saiu, ao cruzar a porta sentiu pequenas gotas, um tipo de garoa fina e gelada, daquelas que congela os ossos.
-
Pedro. Gritou um senhor vindo em sua direção em passos rápidos e furiosos, era um senhor de meia idade com os olhos cansados, pele enrugada com algumas manchas no rosto, magro e com alguns poucos cabelos na cabeça.
- Bom dia senhor Epaminondas, olha vou receber um extra ai eu te acerto o aluguel desse mês e já o do próximo.
- Não esquenta com isso meu rapaz, só quero avisar que você deixou a porcaria do portão aberto ontem quando chegou, depois de te pedir tantas vezes para não deixar.
-Desculpa, acabei esquecendo mesmo.
-Bom hoje eu estou indo para casa dos meus filhos, passar à noite de natal, a mocinha que mora aqui a...- enquanto ele tentava lembrar o nome dela estalava os dedos e olhava para o lado como se fosse uma simpatia para acessar as memorias.- Qual o nome dela mesmo? Finalmente desistindo de tentar lembrar.- Vanessa?
- Isso Vanessa, bom ela não está, me avisou que vai ficar até o dia três fora então você e único aqui, pode ficar a vontade para trazer alguém. Nesse momento o senhor Epaminondas deu um cutucão com o cotovelo e um sorriso de poucos dentes indicando as intenções das suas palavras. - Só tranque a porcaria do portão da frente garoto, não queremos ser assaltados por descuido.
- Pode deixar senhor Epaminondas trancarei o portão quando eu chegar.
Com isso se despediu e se pós a caminhar aumentando velocidade dos passos, na correria para sair de casa Pedro acabou esquecendo o celular no carregador, só se deu conta que havia esquecido quando entrou no ônibus pensando que poderia carrega-lo em seu trabalho. Sem saber que o dia ainda teria mais surpresas desagradáveis Pedro foi trabalhar amaldiçoando os ocorridos da manhã, como um filme de comedia em que o protagonista é azarado o dia de Pedro foi seguindo, ao sair do ônibus muito próximo da entrada de seu trabalho um carro cruzou uma posa d'agua espalhando uma grande quantidade de água suja em sua calça e sapatos, respirando fundo e refletindo sobre como seu dia começou, Pedro apenas entrou. Ele pensou "como em poucas horas de seu dia poderia dar tanta coisa errada?"
Na empresa havia um numero reduzido de funcionários, seu Zé o porteiro um dos funcionários com maior tempo de serviço pela empresa, Dona Rosa a senhora da faxina e alguns outros funcionários que estavam de mau humor por estar trabalhando na véspera de feriado.
-Bom dia Pedro. Disse o porteiro com um sorriso afetuoso.-Bom dia seu Zé. Esse bom dia era por educação, mas para Pedro era um péssimo dia.
-Feliz natal meu filho.
-Para o senhor também. Mesmo sabendo que não seria um bom natal, ele não iria se desfazer de um comprimento tão sincero.
O sorriso simpático de um senhor de idade em um dia de chuva na véspera de natal, animou um pouco Pedro.
O dia foi seguindo, o horário do almoço teve que ser encurtado pela falta de funcionários e pela grande quantidade de serviço que os demais funcionários deixaram. A cada olhada no relógio, uma suspirada. O dia não estava rendendo, estava devagar, com uma melancolia estranha, três horas, quatro horas, cinco horas, com muita dificuldade o tempo foi passando seis e quinze, faltando quinze minutos ele deu um grande suspiro, pensou na expressão de Roberto um dia antes, “seis e quinze graças a Deus” parecia apropriado agradecer a Deus pelo horário, se fosse Deus ou apenas uma cadeia de eventos ele estava feliz por seu expediente estar acabando, já estava imaginando o que faria ao chegar em casa, um banho demorado, ouvir musicas pelo seu celular em quanto prepara uma lasanha no micro-ondas, para completar a noite um filme talvez de comedia ou terror algo que distraísse, ao imaginar as coisas que poderia fazer ao chegar em casa se lembrou da coca cola em sua geladeira, nesse momento sorriu, sentiu um alivio mesmo em um dia de chuva uma coca cola gelada era mais que bem-vinda.
Um som interrompe seus pensamentos, um som que qualquer atendente passa à odiar próximo do termino de seu expediente, o som do telefone tocando.
Se Pedro soubesse que essa ligação duraria uma hora e quarenta, que o homem que ligou substituiria tantos adjetivos, substantivos e verbo por palavrões, talvez ele ignorasse a chamada do telefone, mas ele não sabia e atendeu após a terrível ligação de um cliente insatisfeito com o produto ele finalmente podi sair. Enquanto ele saia conturbado, com a cabeça girando e seus pensamentos longes uma voz interrompeu seus pensamentos.
-Boa noite Pedro
-Seu Zé ainda esta aqui!
-Sim meu filho, não poderia ir embora e deixar você sozinho aqui. Disse mostrando o sorriso simpático novamente.
-Só estamos você e eu?
-Sim, eu que carrego a chave e tenho que trancar tudo.
-Bom desculpa por fazer o senhor fica até mais tarde e que um cliente…
-Não esquenta meu filho, quer uma carona?
-Não seu Zé pode deixar que eu me viro.
-Vamos eu insisto.
Pedro já não queria mas permanecer lá nem mais um minuto, não aceitar a carona do simpático seu Zé só faria ele demorar mais para chegar em casa, a distancia de seu trabalho até sua casa era de aproximadamente 15 minutos se fosse de carro. Então resolveu aceitar. A chuva fina continuava caindo e a noite estava mais escura do que de costume.Pode me deixar aqui mesmo, obrigado seu Zé. Já estava próximo da sua casa, Pedro resolveu descer algumas quadras antes.
-Opa tá entregue meu filho.
-Obrigado seu Zé, valeu mesmo.
-De nada e feliz Natal.
Ao sair do carro Pedro ficou ali parado olhando o carro se afastando, imaginando como vai ser a noite do Zé, como será que ele vai passar a noite de Natal, será que ele tem família? Uma grande gota de água caiu em Pedro tirando ele de seus pensamentos. Rapidamente a garoa fina se transformou em chuva mais grossa, apertando o passo Pedro foi para a casa, ao chegar na frente de casa, começou a tatear os bolsos a procura da chave, primeiro os bolsos da frente e depois os de trás da calça, em seus pensamentos estava recapitulando a ultima vez que viu a chave. Procura nos bolsos da camisa e da jaqueta conferindo mais de uma vez os mesmos bolsos, não encontra, a imagem dele guardando a chave no armário veio como um raio.
-E a peça final dessa obra se chama esquecendo a chave no trabalho, que merda, MAS QUE MERDA, DROGA. Gritava aos ventos em quanto chutava o portão, ele se lembrou do senhor Epaminondas reclamando de manhã por ele deixar o portão aberto.
-Que MERDA por que esse velho tranca esse portão toda hora?
Nessa hora ele também procurou sua carteira.
-O que eu to falando ele não tem culpa se eu sou um burro, Porra como eu sou burro. Merda deixei minha carteira também.
Sentou no chão molhado, já não se importava mais com a chuva, estava frustrado, irritado e desanimado.
-Será que dias assim acontecem para outras pessoas?
A barriga roncou nessa hora ele riu, ele estava sozinho, molhado, com fome, sem chave, trancado sem celular e sem dinheiro, não tinha como ele voltar para buscar. Ele riu da sua própria sorte, jamais se imaginava em uma situação como essas.
"Se isso não fosse comigo e alguém me contasse não acreditaria". Começou a rir em tom alto, Pedro quase não ri em publico e dificilmente puxa assunto. E naquele momento sentiu uma necessidade de contar para alguém, compartilhar a novidade da sua sorte.
Olhou para os lados, no final da sua bem ao longe uma figura começou a tomar forma, um senhor barbudo, arrastando um grande saco.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Feliz Natal
Cerita PendekÀ noite mais esperada do ano está próxima, muitos aguardam ansioso essa data, mas Pedro não é uma dessas pessoas, ele enxerga o Natal como uma estratégia capitalista, para superfaturar os produtos. Mas graças ao pior dia da sua vida ele pode ter sua...