A Casa

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Eles estavam em um bairro escuro, com barracões de madeira ou qualquer material que possa ser usado para tampa frestas, um cheiro desagradável estava no ar, provavelmente de algum córrego aberto.
O lugar não parecia habitável e pelas condições que estava não deveria ser, mas Pedro sabia que ali era o lar de muitas gente. Em quanto passava em frente de uma das casas Pedro pode ver um banner politico sendo usado como parede, o que mais chamou a atenção e que no banner estava escrito em baixo da foto do candidato “Educação e igualdade para todos”, uma grande mentira para todos Pedro pensou, "como pessoas podem estar morando aqui, que tipo de vida uma criança morando nesse lugar pode ter?". A família de Pedro não tinha luxo, ele mesmo pra conseguir alguma coisa precisou trabalhar, trabalha muito e trabalhar desde cedo, a maioria dos colegas de sala da faculdade tem uma realidade diferente, muitos já tem carro ganhado do pai, a maioria já foi para algum país estrangeiro, com fotos sorridentes na neve ou do lado de algum personagem de desenho famoso, diferente deles Pedro nunca teve mesada, viagens ou carro, seus luxos foram conseguidos com muita luta, mas se ele tivesse morando em um lugar como aquele talvez fazer faculdade seria a ultima das suas prioridades, talvez terminar a escola seria um luxo e talvez o real motivo pelo qual frequentasse a escola fosse pra se alimentar.
-Chegamos. Disse o velho interrompendo os pensamentos de Pedro.
O senhor deixou a sacola com os papelões na frente de uma pequena casa com aproximadamente três cômodos, muito bonita, principalmente em um lugar onde estavam um pequeno muro de tijolos cercava as laterais da casa, separando ela das outras casas, paredes rebocadas e pintadas de branco, um telhado vermelho com duas colunas de tijolos formando uma pequena varanda antes da porta da estrada, a frente das demais casas o chão era de terra, já aquela ela apresentava um pequeno jardim com uma grama rasteira e flores de todas as cores, um jardim muito bem cuidado, da rua de terra até a entrada da casa uma trilha cimentada.

Você mora aqui? Perguntou Pedro ainda surpreso com a simplicidade e a beleza da pequena casa.
-Sim, bonita né?
Estranho pensar que um senhor andando com um sapato com a sola saindo poderia morar em uma casa bonita.
-

Ganhei de presente.
-De quem? As palavras saíram de Pedro tão rápido que logo ficou constrangido pela indelicadeza da pergunta.
-De Deus. Respondeu o velho com uma voz suave.

Pedro é ateu, quando entra em debates sobre religiões sempre expões sua ideia acusando e apontando os erros e defeitos dos inúmeros seguimentos religiosos, faz isso de uma forma arrogante e debochada para ele os seguidores católicos, protestantes, espiritas, umbandistas, kardecista, judaicos, islâmicos, budistas e qualquer outro seguimento religioso são formados por pessoas tolas, ele chama de rebanho cego.
A declaração do velho, não fez Pedro querer discutir sobre religião, Pedro respondeu com sua voz fraca, de um jeito tímido.
-Desculpa mais não sou do tipo religioso, não acredito que deus possa dar as coisas assim quando pedimos.
-Meu jovem para acreditar em Deus não precisa ser religioso, para ganhar algo dele, não precisamos pedir. Ele sabe nossas necessidades e atende quando for o tempo certo, mas novato não vou falar de coisas que você não acredita, poderemos falar sobre isso em outro momento. Deixando a grande sacola com papelões no inicio da grama o senhor foi indo em direção à entrada da casa. Estranhamente o portão de ferro da entrada não estava trancado. Pedro reparou em uma cadeira de balanço feito de madeira talhado com vários símbolos natalinos, ao lado de uma pequena mesa redonda na entrada, um canto muito  agradável para se passar as tardes.

Feliz NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora