(N/a) Estou publicando esse cap hoje, 2 de novembro, dia em que os vivos vão visitar os entes queridos que não estão mais entre nós. É um feriado brasileiro, e na Coreia não tem, então quebrem esse galho pra mim :)
Taehyung segurava um enorme guarda-chuva escuro por cima de suas cabeças. O túmulo dos Kim foi projetado lado a lado, com um desenho feito especialmente para eles. A data de seus nascimentos e o dia de suas partidas eram grifados por baixo de uma cruz. Jimin não podia ver, Taehyung assistia tudo por ele, mas sem soltar um ruído.
Quando essa mesma data se repetiu anos passados, com os Kim ainda vivos, Jimin não acompanhava os pais na visita dos familiares que haviam partido. Ele odiava a ideia de passar a manhã em um cemitério, além do mais, esse dia é sempre tão escuro e úmido.
A noite foi o único horário que ele achou solitário o bastante para falar com os pais.
Agora, ajoelhado em frente aos túmulos, ele ainda sente algumas gotas de chuva molhando seu rosto. Em sua mente ele rezava, apesar de pouco religioso, seus pais eram cristão e com certeza estariam feliz por vê-lo praticando.
Apenas os dois de preto estavam acendendo velas para os Kim. Jimin proibiu os familiares de visitá-los no mesmo horário que ele, porque o caçula desejava paz.
— Jimin?
Um novo guarda chuva apareceu ao lado deles, e Taehyung chamou a atenção de Jimin.
— Não me interrompa!
— Mas…
Encarando o novo visitante, Taehyung estava surpreso e então o homem com um aceno pede para os deixarem a sós. Trocando posições com Taehyung, o homem fica em seu lugar protegendo Jimin das gotas que caíam.
Contente, Taehyung se afasta deles e caminha com uma mão no bolso para visitar os túmulos de seus avós.
Sem notar a falta do outro, Jimin se ergue respirando fundo. Por viver no completo escuro, sua percepção de sentidos vai além de sua compreensão. Ele no fundo do seu coração podia sentir seus pais, era como se sua força caísse nesse momento.
Jimin começou a chorar, ele nunca foi forte e sentia muita falta das pessoas que mais o amavam.
Um braço desconhecido rodeou seus ombros por trás, o abraçando. Jimin queria pedir para Taehyung se afastar, porém, se sentiu muito bem sabendo que ainda existe alguém com ele.
— Eu também sinto falta deles…
Essa voz… Jimin ficou petrificado.
— No dia que deixamos eles aqui, você não conseguia parar de chorar… Eu disse que teríamos que seguir em frente, mas sabia que você não conseguiria.
Respirando incerto, a voz sussurrada de Seokjin estava na orelha de Jimin. A garoa que os molhava era mais fraca, e o caçula respondeu nervoso:
— Você veio… Mesmo odiando eles…
Sorrindo entristecido, Seokjin soltou os ombros do irmão e ficou lado a lado com ele. Seu olhar sobre os túmulos encharcados de água. Para o mais velho, tudo era muito cinza e morto, exatamente como a vida deles agora.
— Talvez eu tenha odiado eles algumas vezes…
Lembrar das coisas que fez, e de como seus pais foram rígidos era complicado antes. Agora ele os entende, ainda mais com o caderno vermelho deixado.
— Mas eu li em um lugar, com a letra da nossa mãe… Que, para se tornar alguém forte, você precisa passar por momentos sombrios. E eu não… Ela não avisou que esse momento sombrio era sua morte.
A voz do mais velho era quebrada, ele não havia chorado quando os enterrou, nem um mês depois ou três meses depois. Seokjin ficou tantos anos sem ver seus pais, que quando os viu de olhos fechados, sem respiração, ele pensou que eles sempre foram assim.
— Jimin, eu… Não lembro da voz da nossa mãe. Nem das manias do nosso Pai. Eles tiraram isso de mim e eu nunca parei para pensar em como foi para minha mãe, não poder ouvir minha voz.
As lágrimas de Jimin corriam por seu rosto como a chuva deslizava pelas árvores.
— Não foi escolha minha partir e deixar de ser seu irmão mais velho… Sei que errei, mas eles também erraram.
Ainda em completo silêncio, Jimin baixou o rosto se encolhendo. Ele sempre soube que algo estava errado com sua família, mas doía aceitar. Seu irmão assistia às duas velas que ele deixou brilhando, no frio elas pareciam aquecer a nova moradia de seus pais.
— Vou para a nomeação do Patriarca Byun.
De repente Jimin ergueu a cabeça surpreso, ele lembrou do trato feito com os Byun para levar o irmão até uma emboscada.
— Você precisa fugir! Ir embora e desaparecer!
Surpreso, Seokjin apertou com uma mão o ombro de Jimin para acalmá-lo.
— Jimin, preciso destruí-los mesmo que isso custe minha vida. Sabe porque seus amados pais estão aí, nessa mármore fria? Porque eles tentaram se livrar disso primeiro.
Instável, Jimin não compreendeu o que o irmão dizia.
— O que?
Acariciando o rosto entristecido do irmão mais novo, Seokjin sorriu um pouco, ele estava contente em saber que Jimin quer o proteger.
— Kim Taehyung ama você… Eu duvidei dele no início, mas agora sei que se eu não estiver aqui, você não ficará sozinho. Se esconda, porque não é só a mim que eles estão caçando.
Trêmulo, Jimin não respondeu e Seokjin o puxou para um abraço apertado.
Era noite e o Kim havia criado um plano com Yosemite para o evento da Aliança. Sem saber o que o futuro reserva para ele, Seokjin pensou que seria melhor se despedir da sua família antes de ir para uma guerra.
Capítulo bem curtinho mas no próximo vamos ter a conversa do Jin com Yosemite e do nosso menino JK. 🥰
Vamos fazer uma pequena oração para aqueles que perderam suas vidas para a COVID 19 também. O luto é eterno.
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𝙴.𝚈.𝙴 - 𝙹𝙸𝙽𝙺𝙾𝙾𝙺 {𝙺𝚂𝙹-𝙹𝙹𝙺}
FanfictionEm uma aliança de patriarcas, Seokjin que faz parte da terceira maior família teve que retornar a seu país para cuidar do enterro de seus pais e de seu irmão mais novo. Ele não contava que, com esse retorno, a aliança de famílias voltaria a tona e t...