VII

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- O que aconteceu? - Lúcia Perguntou

- Pergunte a Ele - Rei Pedro disse, se referindo à Caspian

- A Mim?

Os dois pareciam furiosos, começaram a discutir, demorei para entender o que estava acontecendo

- Não fui eu que abandonei Nárnia - disse Caspian

- Você invadiu Nárnia, você não tem mais direito do que Miraz. Você, ele, seu pai... Nárnia está melhor sem gente como vocês

Não pude acreditar no que havia acabado de ouvir. Eu admirava o Rei, mas ele não tinha direito de dizer aquelas coisas. Caspian parou por um segundo, os dois empunharam as espadas

- PAREM!

Eles guardaram as espadas. Havia alguém ferido, mas não dei importância. Estava perdida em meus pensamentos quando Caspian passou direto por mim

- Ei Caspian! O que foi aquilo? O que houve? 

- Não quero falar agora - ele disse, indo embora

As palavras do Rei Pedro não saíam da minha cabeça

"Você não tem mais direito que Miraz"

"Nárnia está melhor sem gente como você"

- Quem você pensa que é? - gritei - acha que só por que é rei pode falar com meu irmão assim? Nós apenas queremos ajudar

- Não precisamos mais de sua ajuda - ele respondeu

Eu gelei. O que eu havia acabado de fazer? Nunca pensei que estaria um dia gritando com um dos reis antigos de Nárnia, mas eu precisava defender meu irmão, ele é um mala, mas me preocupo com ele, e quando o Rei Pedro disse aquelas coisas, senti uma raiva enorme percorrer minhas veias. Foi estranho... Senti uma mão nas minhas costas, me tirando de meus pensamentos

- Princesa, podemos conversar?

- Oh, Cornelius, não vi que estava aqui. Você está bem? Me perguntei como você ficaria depois que eu e Caspian fugimos...

- Estou bem agora que seu irmãome resgatou, mas preciso conversar com você, há algo que precisa saber.

- Claro

Fiquei um pouco nervosa, a expressão dele era um pouco assustadora. Enquanto ele falava, minha mente se dispersou. Quando ele terminou, eu estava estática. Estava gelada, meu coração estava acelerado e meus olhos cheios d'água

- O que? isso... isso é verdade mesmo?

- Sim, eu sinto muito minha princesa

- Depois de tanto tempo... Por que não nos contou?

- O momento não era certo, mas... 

Saí dali antes que ele terminasse de falar, corri em direção ao bosque. Eu precisava processar tudo aquilo... fazia muito sentido, mas eu não queria acreditar. Eu sabia que Miraz ela louco e que queria matar Caspian, mas não imaginava que ele seria louco o suficiente para realmente matar o próprio irmão...

Parei de correr, estava no meio da floresta. Estava cada vez mais difícil controlar a minha respiração, mas me concentrei. Me concentrei na raiva, na dor

Empunhei minha espada e comecei a " atacar " uma árvore. Eu não sabia o que estava fazendo, mas estava com tanta raiva que esqueci o mundo ao meu redor

- Princesa?

Com um susto, soltei a espada na hora, me virando

- Rei Edmundo, oi... É... o que faz aqui? - Perguntei, ainda ofegante

- Eu já disse, me chame de Ed... Eu vim ver se estava bem, vi você saindo nessa direção, é perigoso, pode ter algum soldado aqui

Guardei minha espada, respirando fundo. Consegui controlar a minha respiração, mas ainda estava com raiva. Me sentei no chão, me apoiando na árvore

- Estou cansada de me tratarem como criança

- Sinto muito, apenas me preocupei

Ele coçou a cabeça, desconcertado

- Me desculpe, é que... - suspirei - As pessoas não me levam a sério, não me contam as coisas, acabei de descobrir algo horrível... e depois de tantos anos - A última frase eu disse quase num sussurro, enquanto fitava o chão

- Fiquei sabendo, sinto muito

Edmundo se sentou ao meu lado, tentando aliviar a tensão que eu mesma deixava no ar

- E Caspian... Ele não me leva a sério, não me deixa lutar, não me deixa entender o que acontece com ele...

- Bom, você sabe lutar... eu vi você acabar com essa árvore - ele riu

Dei uma risada meio fraca

- Apesar de ter uma espada eu nãoseu usá-la, Caspian diz que por ser princesa eu nunca iria precisar lutar... por mais vontade que eu tinha, Caspian estava certo... até precisarmos fugir

Ficamos em silêncio por um tempo, os dois fitando o chão

- Posso treinar você - Edmundo disse

- Sério? Ora, não precisa...

- Mas é claro, por que não? Não é por que você é  princesa que não pode aprender a lutar, veja as minhas irmãs, não são só rainhas, são guerreiras... Agora vamos, levante

Ele se levantou e estendeu a mão. Me levantei e empunhei minha espada, meio tímida.

- Mantenha a espada levantada, assim

Começamos a treinar, enquanto Edmundo me dava instruções. Treinamos por muito tempo, foi emocionante, não me lembro de já ter me sentido assim...

- Concentre toda a sua raiva - Edmundo dizia - Vamos, tente me derrubar

Por muitas vezes ele se desviava dos meus ataques e me derrubava, mas sempre me estendia a mão com um sorriso

O brilho do Sol começava a desaparecer quando paramos. Meus braços doíam, mas eu não liguei, pela primeira vez desde que fugi, eu me sentia bem, havia esquecido de tudo por um momento

- Vamos voltar, está ficando tarde - disse Edmundo

Eu concordei e o abracei. Ele travou, surpreso

- Obrigada Ed

Ele colocou os braços envolta de mim, me abraçando de volta, e tudo melhorou ainda mais. Eu finalmente sentia que tudo ia ficar bem.

As Crônicas de Nárnia - Princesa Liz Onde histórias criam vida. Descubra agora