XI

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Os soldados gritavam, parecendo feras com sede de sangue. Com suas catapultas, começaram a atirar pedras enormes em nós, elas acertavam o chão a toda velocidade, enquanto os soldados se aproximavam

- ARQUEIROS, PREPAREM-SE! - Susana gritou

Comecei a ficar apreensiva, os soldados estavam cada vez mais perto. Por que Rei Pedro não fazia nada?

- MIREM

Estavam chegando perto, mais perto... De repente o chão se abriu, engolindo os soldados para baixo da terra

- AGORA!

As flechas voaram em uníssono, acertando cada soldado que estava caído

- ATAQUEM! - Rei Pedro gritou finalmente, e eles correram, atacando cada Telmarino à frente. Logo atrás dos soldados, Caspian surgiu com vários Narnianos cercando-os

Flechas. Espadas. Fiquei meio confusa tentando acompanhar a luta dali de cima. Meu coração estava apertado, queria estar ali no chão, ajudando-os de forma mais prestativa. Eles se atacavam como animais. Os Narnianos haviam conseguido cercar os Telmarinos, mas ainda haviam muitos atrás deles, inúmeros soldados, apenas aguardando o comando. As catapultas ainda rolavam, acertando as pedras com força no chão. Os Narnianos estavam morrendo.

- VOLTEM PARA O MONTE! - Rei Pedro gritou

Os Narnianos correram, mas antes que pudessem entrar, as pedras começaram a atingir o monte, destruindo-o. Caí de joelhos com o tremor. Susana quase caiu para fora, mas segurei sua mão antes e a puxei. Saímos de lá o mais rápido possível

Saímos para fora e nos reunimos com os outros. Caspian colocou seu braço na minha frente como se fosse me impedir

- Não se atreva - Eu disse, empunhando minha espada

Rei Pedro deu o comando para que atacássemos

- Só tome cuidado, por favor - Ele me olhou e logo em seguida correu

Hesitei por um momento, parei em meio a toda aquela gente correndo. Era loucura? Eu nunca havia usado uma espada direito. Edmundo era considerado o melhor espadachim de Nárnia em seu tempo, mas eu não, um treino com ele era menos do que o suficiente. Eu não estava pronta. Repassei em minha cabeça tudo que havia acontecido até aquele momento. A fuga do Castelo. O ataque. A morte de meu pai... Quantas pessoas haviam morrido até ali? Meu pai não iria querer isso, meu pai iria querer a harmonia entre os povos. Eu não estava pronta, mas precisava estar. Não iríamos conseguir nada se Caspian não recuperasse seu trono.

Respirei fundo e comecei a correr, tentando usar o pouco que eu havia aprendido para acertar cada Telmarino que visse à minha frente. Lutei com muitos deles e muitos me acertaram. Só mais tarde eu sentiria a dor dos cortes e machucados, naquele momento eu estava concentrada em acabar com aqueles soldados

- Princesa, Cuidado!

Senti um baque, alguém me empurrando para o chão. Olhei para cima e vi Ed se levantando e estendendo a mão. Olhei em volta para entender o que havia acontecido, então vi que as árvores estavam andando. Abri um sorriso, sem acreditar no que estava vendo. Ed havia impedido que um galho me acertasse, as árvores usaram seus galhos e raízes para atacar os Telmarinos e suas catapultas.

- POR ASLAM! - Rei Pedro gritou, e avançamos novamente

Quando começaram a ficar em desvantagem, os Telmarinos fugiram floresta adentro. Seguimos eles até Beruna, onde pararam em frente à ponte, onde uma garotinha empunhava uma pequena adaga. Não consegui conter meu sorriso ao ver Lúcia. Atrás dela surgiu um enorme leão, ele andou mansamente e parou ao lado da Rainha, que sorriu para ele. Me toquei que era esse o plano no qual eu não havia prestado atenção, Lúcia havia ido até a floresta à procura dele. Olhei para Caspian, que parecia tão estático quando eu. Percebi que os Reis e Rainha Susana sorriam

- ATAQUEM! - Sopespian gritou

Todos os soldados que estavam na ponte começaram a avançar. Aslam rugiu de forma tão feroz que todos pararam. A água do rio começou a se mover violentamente em direção à ponte. Os homens que estavam perto de nós começaram a se desesperar, tentando voltar, arrependidos de terem ido tão longe. Os homens da frente seguiram seu líder insano, que continuou a correr na direção de Lúcia

A água violenta do rio tomou a forma de um homem gigante, assustando todos os soldados que estavam na ponte, de forma que tentavam voltar ou pulavam da ponte. Sopespian continuava ali, insistente, até que a água caiu sobre a ponte quebrando-a inteira, matando ele e mais alguns homens. O rio se acalmou. A guerra havia acabado. Atravessamos o rio e nos ajoelhamos diante de Aslam, O Grande Leão

- Levantem-se reis e rainhas de Nárnia - ele disse, com sua voz mansa e calma e os reis se levantaram

- Todos vocês

Eu levantei minha cabeça e o olhei. Seu olhar me trouxe conforto. Ele acenou a cabeça para que eu me levantasse. Me levantei, ainda meio incerta, mas Caspian continuou ajoelhado

- Não acho que estou pronto

- E é por esta razão que eu sei que está - Disse Aslam

Caspian se levantou, olhou em volta, olhou em meus olhos e sorriu. Meu coração estava quente e meus olhos cheios d'água, sorri e suspirei. Senti que tudo estava bem, e ia continuar assim.

As Crônicas de Nárnia - Princesa Liz Onde histórias criam vida. Descubra agora