Cheguei a rápida conclusão de que eu não estava em um sonho normal, mas sim em um pesadelo. Daqueles que, mesmo sabendo de toda a irrealidade, não conseguimos escapar, fugir ou acordar.
— Vamos.
Era a voz de Lizzie. Ela ainda estava ali, mas sequer me atentei para exatamente onde.
— S, vamos! — insistiu a menina.
Saí daquele pequeno transe e comecei a movimentar meus olhos, observando a amiga já de pé e com a mão esticada em minha direção. Suspirei e olhei novamente para o céu.
— Porra, Rudy! Quer parar com essa palhaçada? Não to com a menor vontade de perder a prova e se você ainda não reparou não tem mais ninguém aqui fora. — Ela se inclinou e começou a me puxar pelas pernas com o intuito de arrastar meu corpo pelo chão. — Que se não entrarmos agora, vamos ser impedidos de entrar em sala e eu não vou...
— Tá bom! — gritei, assustando a garota que logo me soltou.
Sem mais enrolação, me coloquei de pé e resmunguei por sentir o corpo levemente dolorido. Lizzie se aproximou de mim e tocou os dedos em meu pescoço.— Olha aí a merda que você fez — ela falou, provavelmente se referindo a alguma marca que havia ficado em meu pescoço.
Começamos o caminho em direção a parte interna do colégio, meus olhos observavam tudo e de alguma maneira senti meu estômago embrulhar de ansiedade sobre tudo que eu poderia encontrar a partir do que eu já havia vivenciado até aquele momento.
— Cadê suas coisas? — perguntou Liz.
Foi quando percebi que — além dos óculos e a roupa do corpo — o único objeto que eu carregava comigo eram as chaves da caminhonete guardadas no bolso da frente da calça.
— Esqueci — respondi enquanto tentava acompanhar o ritmo acelerado da menina.
— Cara, o que tá havendo? — ela perguntou de forma curiosa.
— Você não entenderia — e eu respondi sem saber como explicar.
Levei a mão até meu rosto e esfreguei meus olhos por baixo da armação dos óculos. Respirei fundo e esfreguei mais uma vez a cabeleira loira e desarrumada enquanto recebia o olhar confuso da amiga que por algum motivo se preocupou mais em continuar caminhando.
Os corredores do Glendale estavam vazios, não havia ninguém ali além de nós dois e uma funcionária que passava um pano molhado no chão. Comecei a olhar em volta tendo qualquer perspectiva de encontrar alguma coisa que parecesse diferente do que era nos meus tempos reais de adolescência, mas tudo estava impecavelmente da mesma maneira lembrada. Não havia nada diferente, até o cheiro era o mesmo, uma mistura de cloro de piscina com tinta velha de impressora. Ao pararmos de caminhar, notei que Lizzie abria seu armário. A garota parecia já nervosa com toda aquela situação, mas levando em conta a sua fama de pavio curto, até que ela estava reagindo bem a tudo aquilo, ou pelo menos melhor do que eu poderia esperar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
De Volta para Brielle
Ficção AdolescenteO QUE VOCÊ FARIA SE PUDESSE RETORNAR AO PASSADO? Após superar a morte da filha, concebida no auge de seus dezessete anos, Rudy Sawyer se torna um homem de vinte nove anos, casado e pai de um menino de nove meses. Ao despertar em uma manhã de calor...