Best Luck | Bruno Rezende

631 29 26
                                    

     O salão principal da Azzurri estava lotado de pessoas e era possível reconhecer as vozes de Adam Levine e Christina Aguilera em Moves Like Jagger saindo das caixas de som espalhadas por lá

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

     O salão principal da Azzurri estava lotado de pessoas e era possível reconhecer as vozes de Adam Levine e Christina Aguilera em Moves Like Jagger saindo das caixas de som espalhadas por lá. O clima era bastante amistoso e todos pareciam contentes, a julgar por seus sorrisos brancos e cheios de dentes alinhados, inclusive os garçons contratados para zanzar entre os convidados com bandejas preenchidas por taças de vinho rosé ou champanhe e canapés. Natália estava parada em um canto, cercada por quatro dos seus sócios mais difíceis, tentando escapar daquela conversa sufocante sobre estatísticas. 

O evento oficial de abertura da editora inha começado há cerca de quarenta minutos e ela passara todo aquele tempo cumprimentando pessoas e fazendo revezamento entre pequenos grupos de conversa. Era verão, estar entre homens de terno e mulheres com conjuntos de tecido pesado e, como se tudo isso não fosse suficiente, vestindo um vestido de lã batida ou algo igual e terrivelmente parecido a mando de sua assessora, porque agora ela era alguém importante e tinha uma assessora, a estava sufocando.

Natália conseguia sentir o suor descer po suas pernas e ondas de calor subirem com pressa. A aquela altura do campeonato, praticamente todos os sorrisos que dava eram forçados. 

Estava muito, muito feliz por ver todas aquelas pessoas prestigiando ela e a abertura oficial de sua editora, que prometia ser um sucesso, mas não conseguia evitar os pensamentos relacionados ao seu desejo de estar em casa com roupas confortáveis, como, por exemplo, um pijama de flanela, ou então em sua sala com os pés no chão. Porque aqueles scarpins com certeza estavam matando seus pés. 

A alguns metros de distância, em algum espaço minúsculo e estranho entre prateleiras com folders de diversas cores sobre a história da Azzurri e da trajetória profissional de Natália, estava Bruno. Vestido como se todas as peças tivessem sido mergulhadas em um balde de tinta preta e tentando não chamar muita atenção. Só que seus esforços não estavam dando muito certo, uma vez que ele estava todo de preto e tinha em mãos um buquê de tulipas rosas bem chamativas. Sem contar sua altura, é claro. 

Uma pessoa com mais de 1,80 dificilmente conseguiria passar despercebida em qualquer lugar. 

O pequeno período de férias entre as Olimpíadas e a Superliga estava sendo muito agradável e útil. Depois de treinar arduamente por mais de um mês, competir em Tóquio com sangue nos olhos e conseguir a tão cobiçada medalha de ouro, ele finalmente estava tendo tempo para descansar e curtir a família. Principalmente a parte que, por motivos e motivos, não pôde viajar para o Japão. 

Natália, sua esposa, era integrante desse pequeno grupo. As pendências e os últimos detalhes da abertura da empresa a rodearam da ponta dos pés até o topo da cabeça. Ela até se preparou para a viagem, mas precisou desistir. Com toda a certeza desejou acompanhar a seleção de vôlei, comemorar as vitórias e chorar as derrotas, mas não pôde simplesmente jogar tudo para o alto ou deixar outras pessoas resolverem coisas que apenas ela deveria resolver.

EROSOnde histórias criam vida. Descubra agora