Capitulo 23 - Fim das aventuras

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Caminhando parte do trajeto sozinha, eu pude sentir a enorme ferida que abri no coração de Beatrice. Foi duro demais vê-la chorando descontroladamente e saber que seu amor por mim era de uma imensidão surreal, e nada do que eu dissesse para confortá-la, seria o bastante para que ela acreditasse também no que eu sentia. Expôs a ideia de continuarmos namorando à distância mas isso só seria prolongar o que já sabíamos que não ia muito à frente. Nos apegamos rápido demais, já era um grande martírio ficarmos uns dias longe uma da outra morando consideravelmente perto, imagine em Estados diferentes. Isso só ia acabar ainda mais com a gente.
Ela também disse que eu poderia morar com ela e sua família. Mas eu não teria coragem de deixar mamãe sozinha já que ela só tem a mim. Outra opção foi Beatrice ir para Minas Gerais comigo e minha mãe.

_Eu posso fazer um supletivo e em seis meses já estaríamos juntas novamente. Meus pais não iam ligar porque eles já sabem que eu to apaixonada por você... _dizia ela, enquanto eu controlava minhas lágrimas para enxugar as dela.

_A gente pode resolver isso sem terminar. Seriam só seis meses...

Meu coração doía cada vez que ela tentava uma solução.

_Eu até posso juntar mais dinheiro e obviamente ajudar nas despesas da casa..._ sorria em prantos esperançosa _Por favor, Vic. Só não me tire da sua vida tão rápido porque eu posso não suportar! _Desabou.

Eu a abracei e deixei as lágrimas rolarem sem impedimento.
Ela tirou seu anel de coco do dedo e colocou no meu.

_Diz que vai pensar sobre todas essas possibilidades?!

Eu fiquei em silêncio contemplando qualquer parte daquele campo, então ela virou meu rosto com carinho e repetiu a pergunta que havia feito.

_Promete que vai pensar?

Respirei fundo e assenti com a cabeça.

******

Antes do cair da tarde saímos do local e Beatrice me deixou próximo a uma parada de ônibus. O clima entre nós permaneceu melancólico desde que falei com ela sobre a viagem. Ela seguiu seu caminho de bicicleta e eu segui sozinha a pé, devido a demora do ônibus.
Pensei muito enquanto caminhava. Reorganizei tudo que me embaralhava a mente. Pesei meus sentimentos para com Beatrice, chorei, repensei se realmente eu deveria seguir lhe dando aquela esperança de continuarmos juntas, ou se tudo que havíamos vivido deveria ficar como uma lembrança do ensino médio.
Tem acontecimentos que surgem em nossa vida, apenas no intuito de fazer você viver bons momentos, mesmo que eles não durem tanto tempo. Tem coisas que acontecem na finalidade de te fazer viver uma experiência, mas não necessariamente isso se tornará um hábito. Coisas que vem e que vão, sem a necessidade de permanência nem durabilidade. Cabe apenas agarramos as oportunidades e desfrutarmos o máximo do que de alguma forma chegou até nós.
E entre mim e Beatrice foi exatamente assim. Nos conhecemos por acaso, e pelo mesmo acaso fomos nos apaixonando. Extraímos o que tinha de melhor nos momentos que tivemos juntas, aproveitamos o máximo mesmo que em poucos meses.
Diante de tanta felicidade que a vida nos presenteou, resolvemos manter nosso namoro a distancia por mais um tempo. Não cabia a nós destruir algo tão lindo que foi feito com tanta inocência e tão perfeitamente sob medida. Fomos feitas uma para outra e merecíamos viver aquilo independente do tempo que teríamos. Ainda que fossemos obrigadas a suportar dia após dia a dor da saudade, deveríamos usa-la como prova de que havia muito amor por trás de tudo que estávamos vivendo e que logo logo iríamos estar juntas para continuar de onde pausamos...
Chegando em casa contei para mamãe sobre o que pensei ser o melhor para nós duas naquele momento. Ela ligou para o chefe e disse que aceitava o novo cargo de gerente.

*****

Três dias depois.

Beatrice e eu tivemos nossa última noite juntas. E foi tudo muito intenso. Desde o prazer, quanto a vontade de não se desgarrar. A noite mamãe foi para a reunião de despedida da empresa, e ligou para Beatrice chamando-a para vir dormir comigo. Eu achei bem fofo ela ter tido essa iniciativa, e obviamente que se ela não tivesse ligado, eu ligaria.
Quando foi por volta das dezenove horas, Beatrice chegou. Encomendamos uma pizza para mais tarde ; tivemos todo o restante da noite resumido em carinho, conversas apaixonadas, beijos longos e ardentes e... Bom, muita intimidade. Acho que aquela foi a primeira vez que havíamos passado tantas horas em claro fazendo amor.

As Ultimas Aventuras do Ensino Médio (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora