Capitulo 10 - Segunda- feira da paixão.

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O dia amanheceu nublado naquela segunda-feira, hesitei por muitas vezes ir ou não para o colégio, demorei um pouco mais para me levantar, tive uma variedade de sonhos esquisitos mas para minha felicidade o formoso rosto de Beatrice não se fez presente. Tive meu momento de paz e esquecimento, pelo menos enquanto estava dormindo. A noite anterior se tornava então um passado.
   Depois de muitos espreguiçamentos e bocejos, eu levantei e fui direto pro banho, pus meu uniforme, penteei meu cabelo; tudo na mais perfeita ordem. Preparei meu café, olhei novamente o tempo pela janela, peguei minha mochila e sai. A poucos passos já pude sentir uma leve garoa caindo sobre mim. Hesitei mais uma vez faltar aula e aproveitar aquele clima para dormir um pouco mais, mas as revisões que iniciariam naquela manhã, falaram mais alto. Não demorou muito até que meu ônibus apontasse na esquina. Normalmente pela manhã eu sempre ia em pé devido a lotação pelo horário de pico, mas acho que o tempo cinzento e meio frio, ajudou a me presentear com um assento livre na janela.
    Após sentar-me, liguei meus fones com minha playlist  selecionada, encostei minha cabeça na janela e fui me deixando levar pelas sensações que as canções do momento traziam, evitei certas musicas barulhentas naqueles primeiros minutos, até que deixei rolar a vontade toda a playlist.
    Certas canções (como Wings – da cantora Birdy) foram evitadas,  consequência dos trechos que falavam:

A luz do sol vem se arrastando
Ilumina a nossa pele
Vimos o dia passar
As histórias do que fizemos
Isso me fez pensar em você
Isso me fez pensar em você.”

   Essa música viria com muitos pensamentos, e tudo que eu menos precisava naquela manhã, era pensar em Beatrice. Mas, só de fechar os olhos eu já pressentia o que a música falava por mim.

“Estou no estado estrangeiro
Meus pensamentos, eles sumiram
Minhas palavras estão me deixando
Elas pegaram um avião
Porque eu pensei em você
Só porque pensei em você.”

   Alguns quilômetros a frente eu desci. Vi uma mensagem de Chaveirinho dizendo que faltaria aula porque dona Olga não estava se sentindo muito bem, então ela preferiu ficar em casa para cuidar da mãe caso precisasse. Aquele seria mais um dia que eu assistiria as aulas sem ela.
    Assim que segui para minha sala para assistir a primeira aula do dia, o professor de língua portuguesa entrou. Encostou a porta e iniciou com a revisão. Eu sentada no fundo sem a Chaveirinho ao lado, tornava aquela aula duas vezes mais monótona, por vezes minha mente vagava quando me distraia vendo o tempo cinza pela janela. Numa dessas distrações vi, pela fresta da porta, Beatrice passando no corredor, e acreditei estar enganada.
    “Meu Deus... Não pode ser!”
    Na mesma hora pensei em sair da sala, mas meu coração titubeou. Eu achei estranho ela ter aparecido no colégio naquele horário, porque ela assim como Rafael estudavam a tarde.
    E a partir daquele momento toda chance que eu tinha de prestar atenção na aula desapareceu repentinamente. Eu deixei que ela passasse sem que me notasse caso olhasse pela fresta da porta, me abaixei atrás da mesa fingindo que minha caneta havia caído caso o professor perguntasse. Mas a inquietude de sair e falar com ela só aumentou. Então deixei algumas perguntas do questionário sem respostas e entreguei o exame; saí da sala e segui o corredor em direção à ela, porém não a vi mais por ali. Tive um breve momento de ilusão desacreditando se eu realmente a  tinha visto.

   “O que está acontecendo comigo?”

   O arrependimento veio em seguida.

    “_Eu não acredito que entreguei minha prova... _fechei os olhos levando a mão ao rosto, encostando-me em uma das paredes do corredor
_Droga, droga, droga!!”

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