Capítulo 2

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Acordei de repente com o barulho ensurdecedor de batidas na porta. Levantei-me rapidamente da cama e conferi se meus pertences ainda estavam comigo.

Enquanto ainda escutava as batidas na porta, olhei ao redor do espaço que eu havia alugado pela noite. Havia apenas uma cama e uma cadeira em todo o quarto que cheirava a mofo.

Caminhei até a porta e a abri, fazendo com que o homem rechonchudo com quem falei ontem à noite batesse no ar algumas vezes antes de me olhar.

-Seu tempo acabou garotinha, se quiser continuar aqui vai ter que me pagar mais um dia.

Neguei com a cabeça e alcancei minha mochila, colocando-a em minhas costas e saindo rapidamente pela porta murmurando um agradecimento ao senhor, dono da taverna.

Olhei para as minhas roupas e me segurei para não fazer uma careta. Eu usava uma blusa larga de mais para mim, calças rasgadas e um par de botas de couro descascado, sobre os meus ombros caia um manto verde musgo. Se alguém me visse eu uma rua deserta, ia pensar que eu era algum tipo de malfeitor.

Mas essas roupas foram as únicas que eu consegui encontrar para substituir meu vestido, que foi logo vendido em troca de algumas poucas moedas para eu comprar comida e conseguir um abrigo. Graças a deusa também consegui vender um par de brincos meus a um valor muito inferior ao seu verdadeiro preço, mas o comprador foi o único que não me acusou de roubar as joias.

Seguindo para o norte, tentei organizar meus pensamentos e entender a situação que eu me encontrava.

Depois que meu pai foi levado, eu acordei no hospital da alcateia e o meu primeiro instinto foi sair de lá o mais rápido possível. As palavras de Nox ainda escoavam em minha cabeça, e eu sabia que se ele viesse me buscar, eu não conseguiria fugir.

Por isso eu não fui para casa, lá seria o primeiro lugar que Nox procuraria por mim. Revisando minhas possibilidades, eu poderia viajar até o Reino Mágico e encontrar meu tio Tom, mas seu país ficava a mais de uma semana de distância. Então vir para Porto Real foi a melhor escolha, já que eram apenas quatro dias de viajem.

Aqui é o país onde o rei dos vampiros governa, mas também é onde vive uma bruxa que poderia me ajudar bastante. Grace, minha amiga e filha do Beta do meu pai, havia me contado sobre ela uma vez, e me disse que pelo preço certo ela fazia qualquer coisa.

Eu estava determinada a encontrar meu pai e trazê-lo de volta, eu tive longos quatro dias para pensar em estratégias e aprender a lidar com a minha tristeza e a minha culpa. O primeiro passo era esconder a minha presença, e se eu tivesse sorte, a bruxa poderia me ajudar nesse caso.

O problema é que eu estou a beira de um ataque de pânico, porque o meu pai foi sequestrado, eu não fazia ideia de onde eu estava e eu não tinha certeza se meu dinheiro seria suficiente para os próximos dias.

Mas toda vez que eu pensava nisso, eu tentava me concentrar nos meus objetivos e esquecer que a minha vida estava desmoronado aos poucos. E foi isso que eu fiz quando comecei a caminhar pela cidade a procura da bruxa.

Eu sempre tive uma voz na minha cabeça que sempre me guiava para as direções certas, eu confiava nessa voz para tomar minhas decisões. Mas que a deusa me ajudasse, se eu pudesse estrangular uma voz eu o faria, porque eu segui minha maldita intuição e agora eu estou perdida nos confins de um lugar que eu não conheço.

Caminhar para o norte não havia me levado a lugar nenhum, então fui para o leste, para o sul e finalmente o oeste, realizando um circulo perfeito e meu maldito tempo gasto inutilmente.

A Filha do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora