Capítulo 14

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Eu o odeio.

Eu me odeio.

Eu odeio tudo isso.

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Meus olhos se abriram mas eu ainda não sentia meu corpo.

Percorri meu olhar por todo o ambiente tentando identificar alguma coisa, em vão.

Eu sabia que eu estava em um quarto, e tinha quase certeza que eu podia escutar vozes ao fundo.

Com um pouco mais de clareza, tentei mover minhas mãos para esfregar os olhos, apenas para ser impedida. Tentando mais uma vez, senti cordas enroladas nos meus braços, o que fez uma onda de pânico percorrer todo o meu corpo.

E como um raio, as lembranças do que tinha acontecido antes de perder a consciência retornaram. Automaticamente senti minha respiração acelerar enquanto eu tentava identificar onde eu estava.

Era um quarto escuro e abafado, mesmo assim, eu ainda podia enxergar uma camada espessa de pó em cima dos móveis e, por mais idiota que fosse, eu só podia imaginar o quão bonito o quarto seria se estivesse limpo e com as cortinas abertas.

Foquei nas vozes que eu escutava mas só conseguia identificar murmúrios, nada claro o suficiente para que eu soubesse quem estava aqui comigo.

Testei mais uma vez as cordas que amarravam meus braços e descobri que minhas pernas também estavam amarradas. Suspirei, me xingando mentalmente por um minuto inteiro.

As amarras eram o suficiente para que eu não conseguisse me soltar de maneira alguma, não sem ajuda de algo pontudo. Sabendo disso, imediatamente procurei pelo quarto qualquer objeto que eu pudesse usar.

Graças a deusa encontrei uma cadeira de madeira quebrada no chão, do outro lado do quarto, um de seus suportes quebrado da maneira perfeita para formar uma ponta. Não era muita coisa, mas ou era isso, ou nada.

Tentei mover a minha cadeira, fazendo força como se eu estivesse pulando, o que eu não esperava era o alto rangido que a madeira do chão fez ao receber o peso.

Senti meu sangue gelar quando os murmurinhos pararam. Merda!

Escutei passos apressados caminharem na minha direção, a cada segundo meu coração batia mais acelerado.

A porta do quarto se abriu e apenas um pequeno feixe de luz adentrou no local, me fazendo perceber que a decoração do quarto era branca com alguns detalhes em dourado. Por que você está pensando nisso, Emma?

Eu não me surpreendi quando reconheci Nate entrando no quarto, suas roupas estavam impecáveis como sempre, por um instante pareceu o homem que me convidou para um passeio na alcateia, mas eu não tive coragem de olhar em seus olhos para encontrar a superioridade e o sarcasmo que eu sabia que estava estampado em feição.

-Pensei que não acordaria nunca.

Sua voz não carregava a gentileza de alguns dias atrás, acho que agora que ele não precisava mais conquistar minha confiança, ele poderia agir de acordo com sua própria natureza.

Eu não o respondi, apenas esperei que ele dissesse o que precisava, deixei-o comandar o que se seguiria agora. Minha cabeça não estava baixa, em submissão, eu apenas fixei meu olhar em um ponto onde, graças a sua altura, eu não encontraria seus olhos.

Escutei-o suspirar enquanto ele caminhava em direção a uma das janelas do quarto, a cada passo a madeira rangia mais e mais.

Surpreendentemente ele abriu completamente a cortina e eu tive que fechar meus olhos devido a claridade. Olhei pela janela e não avistei nenhuma tranca, nem sequer grades, acho que já havia encontrado meu jeito de sair daqui.

A Filha do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora