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-Nós nos esquecemos do meu avô.
Dante e John me olhavam como se eu estivesse ficado louca.
-Hian, meu avô, o pai da minha mãe. Nós nos esquecemos dele.
Eu disse tentando soar mais clara, haviam quase 3 anos que meu avô não nos visitava. Três malditos anos sem me lembrar dele. Por que?
Me foquei quando meus tios ficaram eretos e, assim como aconteceu comigo, um raio pareceu atingidos na cabeça. Seus olhos se tornaram arregalados e ambos estavam muito pálidos.
-Se há alguém que vai conseguir nos ajudar, é o meu avô.
John se levantou em pulo e foi na direção de sua mesa, revirando alguns papéis. Enquanto isso, Dante se aproximou de mim e me puxou para me sentar em uma cadeira, em seu rosto, eu podia ver a expressão que indicava que ele pensava a mesma coisa que eu: Por que não nos lembramos dele? Por que ele desapareceu por três anos?
-Como isso é possível?
Dante verbalizou seus pensamentos. Mas ninguém o respondeu, nenhum de nós sabia a resposta, meu avô havia sido apagado de nossas mentes por completo, não tínhamos cartas, memórias, sequer lembrávamos de seu nome. Até agora.
-Como o convocamos?
Perguntei, pois, apesar de eu supostamente ser da linhagem dos demônios, eu não sabia nada sobre eles. Os poucos livros disponíveis eram apenas contos sobre as atrocidades cometidas por essa raça, não havia nenhuma enciclopédia me ensinado a como ser um demônio.
-Seu avô está no submundo, é impossível enviar uma carta, até mesmo com feitiços. Mas eu me lembro que, quando sua mãe precisava chamá-lo, ela apenas se concentrava em sua presença e ele aparecia.
Sendo sincera, John também não parecia ter nenhuma ideia de como fazer isso.
-Estou pensando nele há alguns minutos, não parece estar funcionando.
Eu e John suspiramos ao mesmo tempo, Dante caminhou até uma das prateleiras de livros e soltou uma exclamação.
-Símbolos demoníacos, com eles você pode tentar invoca-lo.
Ele disse puxando um livro da estante. John, por sua vez, suspirou mais alto.
-Não adianta, esses livros eram de Madson, peguei para tentar estudar mas...não consigo ler nada do que está escrito aí.
Dante franziu o cenho e abriu o livro, fazendo uma careta logo depois.
-Deve ser algum tipo de língua antiga, talvez apenas os demônios consigam ler.
Meus tios suspiraram e, com uma sincronia assustadora, direcionaram seus olhares para mim.
-Nem pensar.
Eu neguei, sequer querendo me envolver com esse livro. Tudo bem que, eu tinha os genes da minha mãe, mas...fora a minha regeneração avançada, eu não demonstrava nenhum outro sinal de que eu era um demônio.
Sem contar que, os filhos de demônios são muito raros, quase nenhum sobrevive ao parto. Eu mesmo só consegui sobreviver por conta do meu avô, a questão é: não há dados concretos que afirmem que nós nos tornaremos demônios algum dia, a não ser, é claro, que sejamos mortos.
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A Filha do Mal
ФэнтезиEmma é uma garota que sempre teve tudo aos seus pés, mas um dia toda a sua realidade desaba diante dos seus olhos. Agora, Emma se vê obrigada a criar seu próprio caminho e resolver seus próprios problemas. Tentando descobrir sobre o paradeiro de...