Capítulo 22 - os dias seguintes

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Os primeiros dias foram difíceis. Eu ainda estava brava e triste com a forma como Malfoy me tratou e ele fazia questão de me evitar nas aulas e intervalos, fazendo as refeições sempre longe de mim e passando mais tempo com Crabble e Goyle ou com o time de quadribol, que agora já não precisava mais treinar então os garotos passavam bastante tempo relaxando e curtindo nos sofás. Como nem ele nem Flint estavam falando comigo, os dois voltaram a se aturar.


As noites na sala comunal ou Blaise e Theo ficavam com ele em um canto mais afastado ou ele logo subia para o quarto. Ninguém sabia o que tinha acontecido para causar uma ruptura tão grande em nosso grupo de amigos, e isso obviamente não passou despercebido pelo restante do castelo. Os alunos já vinham fofocando sobre isso desde o final de semana.


Na quinta à noite eu aceitei o convite de Gina e Hermione de ir até a Sala Comunal da Grifinória passar um tempo com elas. Não tinha falado com nenhum Weasley nem Harry desde então. Elas não tocaram nesse assunto e eu quase esqueci Draco Malfoy por duas horas.

O dragão que guardava meus sentimentos estava lá em meu estômago, frio e cortante como um pedaço de gelo enfiado em meu peito. Às vezes doía mais, às vezes menos. Já eram quase dez horas quando Rony e Harry sentaram nos sofás junto conosco e logo depois também chegaram Fred e Jorge.


Eles aguentaram alguns minutos de conversa, mas foram os primeiros a puxar o assunto.

- Então... você finalmente nos ouviu?

Jorge começou o assunto, sentando-se no braço do meu sofá.


- Sim, porque vocês decidem sobre todos os meus relacionamentos.

Eu virei os olhos, sarcástica.


- Só os que a gente sabe que são ruins pra você.

Fred completou e meu peito ficou ainda mais pesado. Eu respirei fundo pra não responder, porque se respondesse, eu ia xingar.


- Você vai nos agradecer depois, você sabe que ele é um babaca completo.

Eles continuaram e eu fechei os olhos.


- A essa altura ele já deve estar com outra garota no quarto.

Rony comentou, e os garotos riram.


- Chega.

Eu abri os olhos e dei um olhar frio e ameaçador pra cada um deles.


- Desculpa, Carol.

Rony falou, ficando vermelho. Fred ainda estava puto e decidiu me desafiar mais um pouquinho.


- Ah mas fala sério! Vocês sabem que é verdade! E se duvidar deve ser aquela Rosier, o Malfoy sempre acaba voltando para as mesmas vagabundas.

O gêmeo insistiu, olhando para todos na roda.


Eu não conseguia mais aguentar. Parecia que estava difícil respirar, parecia que meu coração e meus pulmões estavam embaixo d'água gelada. Eu levantei e explodi na sala comunal da grifinória, puxando a varinha.


- A culpa disso tudo é de vocês! Parem de querer me tratar como uma Weasley, eu não sou uma de vocês!

Antes de sair pelo buraco do retrato, eu me virei ainda com a varinha na mão e apontei para o único que não tinha falado nada sobre isso a noite toda.


- Harry! Você está proibido de me seguir.

Ele entendeu na hora e deu um sorrisinho culpado, pensando no Mapa do Maroto lá em cima no seu malão. Eu virei as costas para os alunos e saí correndo pelo castelo, sem conseguir conter mais lágrimas. Corri sem pensar onde estava indo. Deixei meu corpo me levar para onde quisesse, tentando tirar todos os pensamentos do cérebro.


Entrei por uma passagem secreta no segundo andar para desviar da Professora Sprout que patrulhava os corredores por ali. Quando parei de correr e meus joelhos cederam, cansados, eu levantei os olhos e percebi estar na entrada da torre de astronomia.

Subi até lá em cima e deixei o ar gelado entrar nos meus pulmões. Me senti um pouco melhor, olhando as estrelas passarem lá em cima e pensando em como somos todos insignificantes. Eu sabia que não podia ficar por ali mais muito tempo ou Harry iria achar que eu queria pular daqui de cima, porque ele provavelmente estava vendo meus passos para me acompanhar voltar às masmorras.



As lágrimas secaram no vento gelado, eu respirei fundo e refiz o meu caminho silenciosamente até o Salão Comunal da Sonserina.


Entrei esperando encontrar a sala vazia, mas eu não era a única que gostava de ficar acordada até tarde. Alguns alunos estavam por ali e me observaram entrar, inclusive Malfoy. Ele registrou meu rosto coberto de lágrimas mas não se mexeu do sofá onde estava sentado com Blaise, Crabble e Goyle. Nossos olhares cruzaram só por um momento e eu subi correndo as escadas até desabar em meu dormitório.

Nem cinco minutos se passaram e Pansy abriu a porta, entrando no meu quarto e se deitando comigo na cama. Ela ficou em silêncio por um minuto e depois falou.


- Então... parece que Malfoy fez Blaise me procurar no quarto da Dafne para avisar que você chegou da Grifinória chorando e que eu devia vir aqui checar você. É assim que vai ser nossa vida agora?

- Patéticas.

Ela deu risada e eu sorri também.


- Eles foram duros com você lá? Eu falei pra não ir ver esses grifinórios.

- Eles são meus amigos também! Eu defendi, e Pansy só virou os olhos.


- Fred e Jorge sempre me trataram como eles tratam a Gina, como uma irmãzinha mais nova. Mas dessa vez eu explodi no meio do Salão Comunal da Grifinória e gritei pra eles que eu não sou uma Weasley. Será que eles vão ficar bravos comigo?


- Uau. Malfoy e Zabini vão adorar saber disso.

- Não é pra você ficar contando tudo pra ele!

- Logo vocês vão estar se falando de novo, quantas vezes já brigaram?


Pansy me abraçou enquanto eu ficava calada, refletindo. Draco e eu estávamos sempre implicando e brigando um com o outro, fazíamos isso desde que éramos crianças. Mas nunca brigamos dessa forma, porque até então, a gente nunca tinha se envolvido dessa forma.

Eu sabia que ele não ia mudar de ideia e pensar nisso me fez sentir dor. Eram muitos sentimentos confusos e eles não passaram com o tempo como das outras vezes que Malfoy e eu brigávamos. Pelo contrário, parecia que a cada dia eles ficavam mais intensos e me sufocavam mais. Não tive forças pra falar mais nenhuma palavra, e logo depois adormeci.

*

Universo Fawley - LIVRO 1 (somos só amigos) +18Onde histórias criam vida. Descubra agora