Capítulo 23 - POV MALFOY

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POV MALFOY


Os últimos dias foram chatos e maçantes. Sem os treinos de quadribol, eu perdi minha maior distração na escola, e voltei a flertar com qualquer garota só por diversão. O problema era que nenhuma delas me atraía tanto quanto a Fawley, mas eu sabia que era melhor assim. Blaise não parava de repetir isso.

Em uma noite dessas ele e Theo estavam no meu quarto enquanto fumávamos cigarros e eu dedilhava algumas notas em minha velha guitarra. Esse era um hábito que eu estava voltando a ter, e eu pensava seriamente em arriscar escrever algumas letras como eu fazia quando era mais novo. Pelo menos isso me ajudava a pensar.

Theo estava sentado no chão terminando de enrolar o cigarro e Blaise encostado na parede mais distante. Nós estávamos conversando sobre a Elite e Zabini puxou o assunto.


- Vocês dois já brigaram milhões de vezes, daqui a pouco as coisas esfriam e tudo volta ao normal.

Ele vinha repetindo isso nos últimos dias, mas nada parecia voltar ao normal. Theo tinha uma opinião completamente diferente e ele fazia questão de deixar isso bem claro.


- Você vacilou Draco. Não devia ter tratado ela desse jeito. Você sabe que ela é diferente.

Ele falava firme comigo enquanto acendia o cigarro. Eu me irritei com a divergência de opiniões.


- Mas o que eu ia fazer, porra? Se eu continuasse ficando com ela seria só questão de tempo até eu fazer alguma merda, o estrago ia ser bem maior. Vocês ouviram o que os Weasleys falaram. Todo mundo sabe que eu não sirvo pra ela.

- E desde quando você vive a sua vida baseado no que os outros pensam de você?


O questionamento de Nott ficou martelando em minha cabeça. Nem o cigarro de Allihotsy me deixou mais tranquilo. Zabini quebrou o silêncio mais uma vez.

- Amanhã tem a festa de despedida antes das férias de páscoa. Vai com alguma garota, tenta voltar pra sua vida normal, esquece a briga com a Fawley.


- Eu não tenho cabeça pra arrumar outra garota agora, Zabini.


- Fala sério, Draco. É só você aparecer que elas caem em cima. E se você quiser algo ainda mais fácil, eu vou com aquela garota do sexto ano, a amiga da Rosier. Posso arrumar ela pra você.


- Isso é uma péssima ideia. - Theo interviu.


- É, Blaise. Eu não vou sair com a filha da puta da Rosier. Olha tudo o que ela já fez com a Fawley.


- Esquece a Fawley, porra! Olha, você sabe que ela estará lá se você quiser. Faz um último teste e depois vai pras férias esfriar a cabeça e decidir o que você quer.


Eu não respondi, e eles não insistiram mais. Já estava cansado de ter essa conversa, os dois tinham opiniões muito diferentes. Eu entendia o lado de Blaise, que me conhecia bem e sabia que a minha obsessão pela Fawley era muito por causa do desafio que ela representava. Mas Theo pensava diferente. Ele achava que era mais do que isso, ele achava que eu estava apaixonado. E como ele mesmo tinha passado por isso com a Dafne, eu sabia que ele tinha um bom ponto.

Mas eu não sabia como agir, porque não sabia o que estava sentindo. Eu estava puto o tempo inteiro e não aguentava cinco minutos de conversa sem explodir. Eles perceberam que eu estava prestes a sair do sério e mudaram de assunto.


Naquela noite, depois que os garotos me deixaram sozinho, eu demorei pra conseguir dormir porque passei horas rabiscando uma letra, testando melodias e tentando organizar os pensamentos. Só depois que fiquei sozinho eu consegui ser sincero comigo mesmo.

Eu só fui dormir quando o dia estava quase amanhecendo, e depois que eu tinha uma música pronta do início ao fim. A letra ainda martelava na minha cabeça quando eu deitei nos travesseiros.


*

Dica da autora: IDFC - Blackbear no fone. (; - (Tem na playlist  do livro 1 no Spotify)

*


"Tell me pretty lies, look me in the face, tell me that you love me, even if it's fake. 'Cause I don't fucking care, at all"

(Me conte lindas mentiras, olhe na minha cara, diga que me ama, mesmo que seja mentira. Porque eu tô pouco me fodendo, de verdade)



Eu comecei a escrever tudo o que eu queria dizer pra ela. Depois os sentimentos começaram a tomar conta de mim e eu me lembrei dela com outros caras, me provocando, me dando desculpas, fugindo do meu ciúme protetor, e de como eu estava fingindo que não ligava pra porra nenhuma.



"You've been out all night, I don't know where you've been. You're slurring all your words, not making any sense. But I don't fucking care, at all"

(Você esteve fora a noite inteira, eu não sei onde você esteve. Você está enrolando todas as suas palavras, sem fazer nenhum sentido. Mas eu tô pouco me fodendo, de verdade)


"'Cause I have hella feelings for you, I act like I don't fucking care, like they ain't even there"

(Porque eu tenho, realmente, sentimentos por você, eu ajo como se estivesse pouco me fodendo, como se os sentimentos nem existissem)




E só então, a verdade tomou conta de mim e eu pude finalmente entender o que estava sentindo.


Porra.



"'Cause I have hella feelings for you, I act like I don't fucking care 'Cause I'm so fucking scared"

(Porque eu tenho, realmente, sentimentos por você, e eu ajo como se estivesse pouco me fodendo, porque eu assustado pra caralho)


"I'm only a fool for you, and maybe you're too good for me, I'm only a fool for you but I don't fucking care, at al"

(Eu só sou um idiota por você e talvez você seja boa demais pra mim. Eu sou um idiota por você, mas eu tô pouco me fodendo, de verdade)




Eu não sabia o que eu ia fazer. Nunca tinha estado nessa posição. Eu só sabia ser dominador, me envolver sem me apegar, saciar os meus desejos e sair fora. Eu não sabia como lidar com os sentimentos novos que tomavam conta de mim, e eu sabia que ainda ia apanhar pra descobrir.

Peguei no sono enquanto ainda cantarolava baixinho a nova letra, prometendo pra mim mesmo que nunca ia deixar ninguém ler o que tinha escrito.

*


FIM DO POV MALFOY

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Universo Fawley - LIVRO 1 (somos só amigos) +18Onde histórias criam vida. Descubra agora