En nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti
(E nomine — Padre Nuestro)
Uma paz inebriante invadia-lhe ao observar o jardim florido. Luigi aproveitara o Sol ameno de fim de tarde para caminhar e também para refletir; em breve, pensou, sua vida mudaria por completo. Ele iria para o seminário.
Sempre gostou de servir a Deus e ajudar ao próximo, mas foi o fanatismo religioso de seus pais que o influenciou a tomar aquela decisão. Desde sempre, Luigi foi um garoto bonito. Na adolescência havia namorado algumas meninas em segredo, mas nem uma lhe despertara aquilo que chamavam de amor, por isso, sabendo do desejo da mãe em ver seu único filho se tornar padre, optou por seguir a carreira religiosa. Assim a veria feliz e quem sabe encontraria o seu verdadeiro caminho.
Sonhava com uma mulher maravilhosa que fosse bonita e de boa índole para se casar, pois tinha vontade de ter uma família. Porém, depois de suas aventuras às escondidas, não acreditava que essa mulher poderia existir e, então, estava convencido de que esse era o seu destino.
— Filho, você tem certeza disso? — perguntou o homem atrás dele, surpreendendo-o. Luigi continuou olhando para uma roseira cheia de botões vermelhos que logo se tornariam lindas rosas.
— Depende do que, papai — ele respondeu com um tom de voz neutro.
Gianne encarou o filho, sabia que ele só estava tentando desviar o assunto e, portanto, decidiu ser um pouco mais direto. Não gostaria que ele fosse para o seminário sem que esta fosse realmente a sua vontade e por conta das expressões apáticas do rapaz durante os últimos dias, decidira ter aquela conversa com ele.
— A respeito do seminário. Tem certeza de que é o que quer?
— Pai, esse é o sonho da minha mãe e também o seu. Eu estou feliz. — O rapaz deu um breve sorriso, não de contentamento, mas como forma de reconfortar o pai. Gianne não pareceu se convencer com aquela resposta tão vaga.
— Mas não quero que siga o nosso sonho e sim que tenha os seus.
— É o que eu quero, pai — respondeu, convicto, aproximando-se do pai e lhe dando algumas pancadinhas no ombro.
Gianne correspondeu ao abraço orgulhoso do seu garoto, pois no fundo do seu âmago, desejava mesmo que Luigi se tornasse padre. Não que não quisesse ter netos correndo pela casa, mas sabia que aquela decisão deixava sua esposa feliz. Após o abraço, ele sorriu para o filho, conformado:
— Então, vou respeitar sua decisão.
Gianne decidiu não insistir mais. Iria apenas deixar que Luigi escolhesse e se um dia voltasse atrás, o apoiaria, afinal, ele era seu maior tesouro. Nem um bem material poderia comprar a felicidade do seu filho, nada poderia se igualar ao valor da família. Esperava que Luigi se lembrasse disso e que não se sentisse obrigado a nada, pois fosse como fosse, ele sempre seria o seu pai e sempre teria uma palavra amiga para lhe oferecer. Pensando nisso, eles caminharam pelo jardim em direção a casa, haviam escutado o barulho do carro estacionando na garagem e provavelmente era Giúlia que havia retornado da missa. Ela sempre comparecia às cerimônias das três da tarde na paróquia mais próxima.
Quando eles entraram, Giúlia havia acabado de colocar sua bolsa no sofá e parecia de bom humor, principalmente pelo raro sorriso que trazia ao rosto. Ela começou a falar sobre o seminário quase que no mesmo instante e Luigi contorceu a face em descontentamento. Não aguentava mais aquela pressão exercida pela mãe. Faltava uma semana para que ele fosse embora, o que mais ela queria dele?
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Jurada pelas sombras
Teen FictionATENÇÃO! PLÁGIO É CRIME, SEJA CONSCIENTE E RESPEITE O TRABALHO DO AUTOR! OBRA REGISTRADA. TEXTO DE ACORDO COM A SEGUNDA EDIÇÃO - DIREITOS RESERVADOS A AUTORA ATRAVÉS DE REGISTRO DA OBRA. LINK DO SKOOB: http://www.skoob.com.br/livro/375090ED4...