"Todos os dias nos perdemos mais e mais
Mas ainda oramos por alguém
Para salvar nossas almas..."
(Blutengel — Save our souls)
Elvira havia terminado de se instalar no quartinho que padre Régis tinha lhe cedido com a ajuda de sua melhor amiga, Magnólia. As duas passaram dias limpando o lugar e depois que tudo foi colocado em ordem, parecia muito aconchegante.
No dia da mudança definitiva, madre Anitta levou bolo de chocolate para comemorarem aquela nova fase de Elvira e as três inauguraram o recinto com muitos sorrisos cheios de esperança.
Elvira estava se adaptando bem a nova rotina: começou a ajudar na limpeza e na cozinha do orfanato e sentia-se bem em poder trabalhar no lugar onde fora criada, pois estava rodeada de pessoas queridas que sempre estiveram presentes em todos os momentos de sua vida.
— Elvira, querida, quero que faça algo para mim — disse o padre em uma manhã muito bonita em que ela se sentia especialmente feliz.
Era raro se sentir tão bem consigo mesma e por isso respondeu animada:
— Qualquer coisa, padre — disse com um sorriso no rosto. Desde que começou a cuidar de sua vida morando sozinha e trabalhando, ela passara a sorrir mais vezes.
— Um rapaz de São Paulo está para chegar hoje e eu não poderei buscá-lo, pois tenho alguns compromissos, mas havia prometido a sua mãe que iria encontrá-los — começou o homem a explicar pausadamente. — Logo, gostaria de saber, poderia ir à rodoviária recebê-lo por mim? — O tom do homem era muito gentil, e então Elvira respondeu rapidamente, pois nunca negaria um favor ao padre Régis.
— Claro que sim. É só o senhor me dizer a hora e o nome do rapaz.
— Ele se chama Luigi Jordannes Vallissari — proferiu o padre, esforçando-se para ler o nome corretamente. Já estava ficando idoso e, às vezes, seus olhos o traíam.
— Jordannes Vallissari? — repetiu ela, balançando a cabeça positivamente.
— Luigi é de família italiana — comentou padre Régis. — Sua mãe disse que ele sempre quis seguir a carreira e parece que tem vocação! Estou satisfeito por terem escolhido o nosso seminário. Tem alguma objeção em buscá-lo?
— Não, claro que não! Eu posso buscá-lo, já disse. Mas a que horas devo estar lá? — perguntou novamente.
— Às três e quarenta da tarde — informou ele, novamente forçando os olhos para enxergar o horário.
— Ótimo, eu estarei lá. Precisa de mais alguma coisa, padre? — Ela sorriu novamente.
— Não, querida, pode se retirar.
Elvira ficou pensativa por conta da missão que lhe foi incumbida. É claro que jamais negaria nada ao padre, mas não se sentia à vontade em ir receber um futuro seminarista. Ela já tinha os seus afazeres e por um momento, sentiu-se explorada. Aquela, de fato, não era a sua função, mas já havia aceitado, por isso não podia reclamar mais. Distraída, voltou para o orfanato o mais rápido que pôde, pois ainda tinha muitas tarefas a cumprir.
As madres pediram para que fosse comprar alguns legumes para fazerem a sopa do jantar naquele dia e, então, quando chegou à quitanda, encontrou, por acaso, Magnólia, que veio cumprimentá-la com um sorriso nos lábios. As duas não se viam desde a mudança e isso era tempo demais considerando que eram muito ligadas, mesmo sendo o oposto uma da outra.
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Jurada pelas sombras
Teen FictionATENÇÃO! PLÁGIO É CRIME, SEJA CONSCIENTE E RESPEITE O TRABALHO DO AUTOR! OBRA REGISTRADA. TEXTO DE ACORDO COM A SEGUNDA EDIÇÃO - DIREITOS RESERVADOS A AUTORA ATRAVÉS DE REGISTRO DA OBRA. LINK DO SKOOB: http://www.skoob.com.br/livro/375090ED4...