Capítulo 2

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E então Yori foi adotada. Que decisão abrupta, porém linda e generosa! No início, ela ficou umas semanas com Tsunade e adaptou-se ao temperamento explosivo porém amoroso da Senju, que se esforçava em ser uma boa mãe. A regrava, estipulava horários para que ela se acostumasse a ter uma boa rotina e Yori entendia, mesmo sendo uma criança. Acordava cedo e tomava seu café, logo brincava e conhecia mais a vila que ela aos poucos entendia que era seu novo lar. Tinha horário para dormir e tinha sido ensinada a guardar os brinquedos que havia ganhado. Tsunade se orgulhava da criação que estava dando para a pequena, que a cada dia mostrava resultados. Ela só lidava com um problema em sua organização: Jiraya.
O platinado acabava com as regras que ela estabelecia e estragava a menina até não poder mais. Se Tsunade dizia "depois faremos" Jiraya surgia e dizia "vamos agora!" e isso estava atrapalhando a criação de Yori, que acabara se tornando uma verdadeira fã do novo pai.

- Otoousaaaan!- Yori, agora com cinco anos, corria para os braços de Jiraya, que a agarrava e a girava em seus braços.

- Yori-chan! Você está sempre crescendo, quanto centímetros você ganhou da semana passada pra cá?- Jiraya disse rindo.

- Eu acho que isso tudo.- Yori fazia o número três com a mão, olhando pensativa.

- Daqui a pouco já estará maior que o tou-san, e irá mandar em mim!- Jiraya ria. Tsunade se aproximava sorrindo.

- Okaasan disse que eu estou muito bonita porque como toda a refeição.

- Mas isso é muito verdade, olha só! Bonita desse jeito, deve estar comendo todos os legumes que ela cozinha.

- Na verdade é Shizune obasan que faz, mas não diga que te contei.- Yori sussurra no ouvido de Jiraya, que ri ainda mais.

- Jiraya, mandou vários doces pra ela no meio da semana, sabe que não poderia.- Tsunade disse, se enturmando no assunto.

- Eu mandei pois sairia em missão, e aí no fim de semana não estaria em Konoha para levá-la à loja de doces.

- Estavam muito gostosos!- Yori exclama.

- Gostou do pirulito azul?

- Ainda não provei! Okaasan disse que não pode comer todos de uma vez, senão dá lombriga na barriga!- Ela diz, apontando para a própria barriga.

Jiraya ri prazeroso, e olha para Tsunade que deixa escapar um riso. A verdade é que ela tentava controlar os estragos que Jiraya fazia. Quando se tratava de Yori ele virava criança outra vez e embarcava em qualquer loucura que a filha fizesse.

- Jiraya, não estrague tanto ela, por favor. Se ela aparecer com cárie você aparecerá sem dentes.

- Sim senhora! Ouviu né pequena, sem dentes e sem cáries.- Jiraya piscou para Yori, que sorriu travessa.

Tsunade se abaixou e deu um beijo na testa da menina, que sorriu tímida. Esfregaram seus narizes em um beijinho esquimó e Tsunade falou:

- Comporte-se, tá bem? Não esqueça de escovar direito os dentes e não dormir tarde, seu pai é muito desmiolado.

- O que é desmiolado?- Yori fez uma careta.

- Sem miolo algum.- Tsunade respondeu e a menina abriu a boca surpresa.- Se sentir saudade já sabe o que fazer, não é?

- Sim, pedir pro tou-san me levar até você.

- Boa menina.

Tsunade se despediu e seguiu seu caminho, teria uma reunião no departamento médico e decidiria sobre uma missão. Yori se dividia entre ficar com a mãe e o pai, mas ela amava passar seu tempo com Jiraya, pois ele fazia todas suas vontades.

E a menina cresceu. Cercada de amor e algumas broncas, se tornou uma criança saudável e bem feliz. Acabou por puxar a personalidade do pai, que sempre brincava e ria com ela. Decidiu que estudaria na academia e sonhava em ser uma ninja tão boa quanto seus pais, e tinha a torcida deles à seu favor. Logo se interessou por ninjutsu médico e implorou para que sua mãe a ensinasse, coisa que Tsunade fez com muito gosto. Os treinos eram pesados e intensos, mas Yori não reclamava, estava disposta a ser uma ninja forte e uma ótima médica. Ver sua mãe com aquela força monstruosa fazia seus olhos brilharem, e ela desejava um dia ter aquela força também, por isso se empenhou para adquirir o controle de chakra perfeito.
Estava feliz por aprender tantas coisas com sua mãe, até ver seu pai lutando. Desde aquele momento, não houve um só dia em que ela não pedisse para que Jiraya a treinasse também. E o que ele não faria por ela? A ensinou jutsus eficientes e que a salvaram de muitas enrascadas quando saía em missão como gennin, mas o que ela almejava ele ainda não havia ensinado: seu contrato com os sapos. Ficava louca quando via o jutsu de invocação do pai e logo após um sapo gigante aparecer do nada diante deles. E então Jiraya resolveu ensiná-la. Foram longos meses, muito desenvolvimento de chakra e então ela conseguiu fazer sua primeira invocação -um sapo pequeno- mas já era algo muito bom e ela ficou contente com o progresso, já que um sapo pequeno era melhor que sapo nenhum.
O tempo foi seu melhor amigo, e ela aperfeiçoou tudo que a foi ensinado. Com quinze anos já era uma ótima chunnin, e é claro que os pais morriam de orgulho. O amigos que fez ao decorrer de seu tempo na vila foram ótimos companheiros, e no meio deles uma paixão cismava em se instalar. Ela não era o tipo de pessoa que tinha muita paciência, ainda mais quando ficava envergonhada sobre algo, puxou isso de sua mãe. Sua vida era treinar e sair em missões, mas em meio a isso tudo ela notou que tinha alguém parecido com ela nesse quesito, e isso chamou sua atenção.
Ele era na dele, sem muitos amigos. Na verdade, seu time havia sido desfeito, pois os dois integrantes do mesmo haviam falecido. Seu pai também, mas isso ocorreu quando era mais novo. Yori também sabia como era perder os pais. Era muito nova, mas se recordava do dia em que os viu pela última vez.

Os pais eram ninjas de sua aldeia, e morreram em batalha. No dia em questão ela não recordava de quase nada, mas lembrava de sua mãe a escondendo, para que não a matassem também. Logo após isso em sua vida só haviam lembranças junto de seus novos pais. Ela era muito grata à eles, e agradecia sempre aos deuses por ter tido uma família - meio torta - mas uma família.
Ela tentou de diversas formas dialogar com ele, mas tinha vergonha de tocar no assunto sobre seus sentimentos. Fora isso, falava de várias coisas com Kakashi, já que era seu amigo. No fundo ela sabia que era um amor não correspondido, mesmo sem nunca ter se declarado. Kakashi não fazia o tipo de garoto que se apaixonava. Decidiu deixar isso para trás e continuar com suas metas, precisava alcançar seus pais.
Yori saiu da vila com um pouco mais de dezesseis anos, e não estava presente quando a raposa das nove caudas atacou a vila. Soube da morte da esposa e do sensei de Kakashi, que já tinha sido pupilo de seu pai e agora era o atual Hokage. Sentiu pelos três. Minato e Kushina eram excelentes ninjas e ótimas pessoas, não mereciam o fim que tiveram. E agora, o filho recém nascido dos dois estaria órfão e isso partia seu coração.

Yori No Hanashi (A História De Yori)Onde histórias criam vida. Descubra agora