Capítulo 06

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- Foi diferente dessa vez. - É a primeira coisa que digo depois de um suspiro.

- Eu sei. Eu vi. - responde Stella me surpreendendo.

- Como assim você viu? - estou estupefata.

- Eu estava lá Alicia. Eu era a voz que cantava pra você. Eu estava te dizendo onde ir. - fala em um tom maternal.

Paro no meio da frase que ia falar quando ouço isso dela. É tão assustador e surreal que tenho que ter um tempo para digerir. Como assim ela era a voz se pra mim aquela voz saia de uma árvore? E como ela saberia o que estava acontecendo, pensei que apenas eu tinha uma conexão com o cavalo.

-Mas... Como? - é a única coisa que sai de mim.

- Isso é tão complicado Lice. - disse também. - Preciso te contar umas coisas a bastante tempo.

- Comece por favor, porque parece que todo mundo sabe mais do que eu. - admito frustrada.

- Sei disso. Só te peço que ouça até o fim depois eu responderei todas as suas perguntas.

***           ***

   Seu pai foi um grande amigo. Ele acreditava muito no poder que as pessoas tinham dentro de si, pregava que uma pessoa pode decidir o que quer e principalmente que tudo é possível.

   Confesso que as vezes ele falava com tanta convicção que eu até ficava assustada, mas considerando que ele era meio doidinho, nem me preocupava  muito com o que dizia.

   Mas quando Daniel fez dezesseis anos, como você, comecei a notar diferenças. Ele ficava mais misterioso a cada dia, e começava a esconder coisas de mim, o que até então nunca tinha ocorrido. Também saia sempre mais cedo nas aulas de sexta-feira, o que me intriga muito.

   Até que uma sexta-feira fui atrás de Daniel, o segui por todo o caminho, estranhava a cada metro que seguiamos porém não parei, eu queria saber o que era aquela loucura toda.

   Daniel seguia por uma trilha em um bosque perto do colégio, e confesso que nunca tinha visto essa trilha antes. Era bastante assustadora mas ao mesmo tempo excitante, as árvores começaram a mudar conforme prosseguiamos e a formar um túnel que nos envolvia como trepadeiras.
     Daniel parou de repente, e virou a esquerda, e percebi então, que aquela trilha não era mais isso. Formou-se uma casa. E apesar de todo o medo que sentia, sabia estranhamente que não podia voltar atrás.
- Sei que está aí Stella. - disse Daniel sem se virar.
- Eu... Você anda sumido. - Respondi num fio de voz.

    E pela primeira vez, ouvi o suspiro de Daniel, ele parecia pesaroso e até triste. Então, como se tivesse decidido em uma luta interna, me estendeu a mão, me convidando a ir seja lá onde.
    E eu aceitei. Apertei forte a mão do meu amigo, pra que ele soubesse que fosse o que fosse eu estaria sempre lá.
    Passamos por uma porta, e adentramos uma sala, com uma decoração ao ar livre. Havia uma mesa com aspecto real, e um jogo de cadeiras no mesmo aspecto. Havia também um sofá em tons dourado e azul claro e todo o local coroado de uma neblina, como se fosse noite. Tudo mágico.
    Acima da mesa havia uma caixa de veludo vermelho retangular e com iniciais em prata.
- Que iniciais? - perguntei atônita.
- G e V, Alicia. - Respondeu. - As iniciais significa a quem pertencia a caixa.

    Foi o primeiro presente que Daniel me deu, e disse para guarda-lo com tudo que tiver. A princípio não entendi, mas seu pai sempre foi tão enigmático e adorava charadas. Então ele foi me dando pistas  querida, e até hoje dá.

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⏰ Última atualização: Jun 22, 2015 ⏰

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