10. Waldosia

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Waldosia.

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De repente era como se nossas famílias se conhecessem à muitos anos, com costumes parecidos, gostos parecidos e saindo de um lado para o outro como se proviessemos de um mesmo ancestral. Mas então, nos separamos de maneira crua; fomos para Callioure* enquanto a família de Jay foi em direção ao Norte do país, para terras mais geladas.

Todos já sabíamos que isso era algo que iria acontecer, e lidamos com o ocorrido de uma maneira madura, afinal, além da minha avó e da vovó Park, o resto de nós sequer se conhecia até um mês atrás.

Estava mastigando alguns grãos de pistache salgado enquanto assistia "Sob o Sol da Toscana", pela terceira ou quarta vez. Ultimamente tenho visto muitos mais filmes de comédia romântica do que de drama, talvez por influência de Jongseong... ele realmente adora esses filmes bobinhos.

O que Park Jongseong não adora, não é mesmo?

Quando o filme enfim acaba, eu já estou pronto para tirar um cochilo ㅡ já que temos compromisso à noite ㅡ, ainda pensando na fala de um dos personagens:

"A vida nos oferece mil chances... tudo que precisamos fazer é aceitar uma.", por algum motivo isso ficou entranhado na minha cabeça, como um cheiro incômodo e que não some. É como uma mensagem do universo para mim em relação à Jay... ou talvez não, não sei... ultimamente tudo parece ter haver com ele.

Como se não bastasse tantas coincidências, o celular começa à vibrar em meu colo, de repente; o nome de Jay brilhando na tela foi o suficiente para fazer meu interior se agitar. Não querendo exagerar, mas só de pensar em ouvir sua voz, já me faz sentir quase jubiloso.

Peguei o aparelho com cuidado para não deixar muito na cara o meu real desespero em atender a chamada; não quero que minha tia comece com suas provocações brincalhonas de novo ㅡ não que ela faça por mal, só quer me ver sempre com um sorriso no rosto, ainda que ele seja devido à vergonha, e não alegria.

Oii! ㅡ ele fala antes de mim, me surpreendendo.

ㅡ Oi ㅡ respondo, já sorrindo.

Ao meu lado, minha tia e minha avó parecem curiosas sobre motivo da minha felicidade repentina, visto que até há um momento atrás eu estava no mais completo desânimo."É o Jay", movo os lábios mas sem produzir som algum. Ambas sorriem de leve, antes de voltarem à conversar entre si.

ㅡ Como estão as coisas aí? Está se divertindo? ㅡ indago e ele murmura algo confuso em resposta ㅡ Eu não te ouvi... O que disse?

Disse que... as coisas estão meio tediosas.

ㅡ Ah é? Por quê?

Talvez seja porque você não está aqui.

ㅡ Aqui também está um tédio sem vocês.

Jay fica em silêncio por um momento, mas ainda posso ouvir sua respiração pesada e o som do vento do lugar onde ele está no momento, o que me desperta curiosidade.

ㅡ Onde você está exatamente agora?

Por quê? Vai vir me ver? ㅡ ele ri de leve.

ㅡ Sim, vou pegar carona com a primeira nave espacial que eu ver passar por aqui.

Jay solta uma risada alta, e não imaginava o quão bom poderia ser ouvir esse som tão perto do meu ouvido.

Last summer, when I bloomed • JaywonOnde histórias criam vida. Descubra agora