𝐇𝐎𝐍𝐄𝐘 𝐖𝐇𝐈𝐒𝐊𝐘- sakuatsu

12.

Sakusa agora estava no hospital, esperando que a operação de Miya fosse um sucesso e que as sequelas não fossem graves. Em seu aniversário de 24 anos ele viu a quase morte de seu namorado e descobriu que ele nunca foi o que aparentava.  Mas isso não muda seu amor por ele. Ele continua amando Miya, apesar de tudo.

Ele sabia. Sabia que não deveria ter se envolvido assim. Mas ele insistiu. Insistiu e agora está em sua situação atual, na cadeira de um hospital, aguardando notícias do estado de saúde de um traficante, vulgo seu namorado.

Omi não estava apenas preocupado com a saúde de Miya, mas também com o que eles seriam de agora em diante. Ele sabia que o loiro tinha que lidar com as consequências, dos seus crimes leves e pesados, desde roubo e tráfico, até assassinato e tortura. Kiyoomi tinha o princípio de prender seja lá quem for, doa a quem doer, mas ele ser um alvo da dor, trazia uma sensação de pressão no peito e uma dor enorme.

Quando os médicos apareceram falando do sucesso da operação, Sakusa suspirou em sinal de alívio e agora teríamos a pior parte. O cacheado adentrou a sala onde Miya se encontrava e o mesmo estava dormindo, efeito da anestesia, e o mesmo parecia perfeitamente tranquilo agora, parecia em paz consigo mesmo. Sakusa sorriu e se sentou na cadeira ao lado da maca.

Alguns dias depois...

Agora Sakusa e Miya não eram mais namorados, eles terminaram no hospital após Sakusa descobrir tudo e Miya contar cada detalhe de toda a vida que levava. Ambos terminaram com muita dor, não queriam isso, mas os princípios não batiam mais a partir de agora. Foi basicamente três semanas, mas as três semanas mais intensas que já tiveram.

Sakusa se sentiu grato pelo loiro salvar a sua vida, ele nunca achou que fosse tão importante assim. Agora o loiro estava preso e foi preso por Omi

Tudo terminou como começou.

Miya estava na cela suja e fedida junto a outros presos, refletindo sobre tudo. Tudo que fez durante uma vida inteira e a consequência de se apaixonar por um policial. Ele e seu irmão pensativos e quietos, trazia até um clima pesado para o ambiente, era estranho eles não se falarem se não estão brigados, mas estavam pensativos sobre suas vidas, em crise existencial. Cansado de pensar nisso, Miya concluiu mentalmente

"Eu disse que gostava de você.
Nós ficamos juntos.
E eu te perdi."

Era isso que o mesmo concluiu. Ele perdeu alguém que poderia ser pra uma vida inteira por causa de um ato mal pensado.

Anos depois...

Miya estava relaxando em um banco de uma praça em Hiroshima, tomando um café que havia comprado em uma cafeteria que frequentava todos os dias nesse horário depois do trabalho. O loiro lutou muito, mas conseguiu realizar seu sonho e agora era um dos maiores advogados criminalistas do país. Ele nem parecia o mesmo Miya de 13 anos atrás. Agora com 35 anos, ele era alguém decente, com emprego fixo e uma reputação boa.

No outro dia de manhã, ele se levantou com uma certa dificuldade e fez suas higienes com rapidez e saiu até a cafeteria rotineira para tomar seu bom café. Quando chegou, se sentou no canto e foi atendido por um homem alto, de cabelos negros e encaracolados, que usava máscara e tinha duas pintas na testa.... Não podia ser.

Miya congelou no lugar. Novamente ele encontrou-o, tudo que ele queria era encontra-lo e agora conseguiu. Mas nem tudo são flores. Quando reparou no olhar do moreno, sua feição era de cansaço e fria, não tinha nenhum brilho no olhar, era de se esperar, ou talvez ele não tivesse reconhecido o loiro.

Sakusa sentiu um arrepio invadir seu corpo. Como assim? Era ele mesmo. Ele agora não sabia o que fazer, estava em estado de transe, mas ignorou a existência do loiro alí e o atendeu como qualquer outra pessoa. Saiu de seu estado de transe quando o homem sentado perguntou

— Com licença senhor... Isso pode parecer mal educado da minha parte mas... Como consigo o seu número?

Droga, ele não mudou nada, ainda tinha seu jeito direto, sincero e prático de ser.

— Perdão senhor, mas não passo meu número a clientes.- Aquela fala saiu quase como um fio, Sakusa sentiu o olhar de Miya sobre si e era muito intenso. Era como se dissesse "eu te dei escolha?" e o mesmo mudou de ideia em um pulo, ele perdeu o jogo de novo. Quando o mesmo foi entregar a conta ao loiro, tinha um papel com seu número alí e Miya sorriu vitorioso. Saiu do local indo em direção a seu escritório e começou a separar os papéis dos casos, desde um roubo, até um assassinato.

No fim da tarde, Miya fechou seu escritório e encontrou Omi por acaso em outra praça próxima ao seu local de serviço. Como uma boa pessoa, ele se aproximou do moreno e puxou conversa, pegando um dos fones que o mesmo usava e colocando em seu ouvido e a música era Out of my league, Fitz and the tratrums.

— Você tem bom gosto.- falou dando uma risadinha.

— Senhor... Que intimidade é essa?

— Senhor não, Miya. E para de agir como se não me conhecesse.

— Miya...- Respirou pesado.- Como você me achou?

— Eu diria que foi destino.

Sakusa riu anasalado, ele ainda conseguia conversar confortavelmente com o loiro depois de tudo. Os dois conversaram sobre tudo, evitando falar do passado, sabiam do desconforto que aquele assunto causaria e deixariam ambos em saia justa, seria uma faca de um gume só.

Apesar de tudo, eles ainda tinham uma conexão e tanta. Eles sabiam que estavam fora do alcance um do outro agora e preferiram deixar tudo como estava.

Eles agora estavam em um balcão de um bar tomando um Honey Whisky, suas bebidas favoritas, conversando em tudo que fizeram nesses anos, no porquê Omi saiu da polícia e sobre Miya também.

Sabiam que agora as coisas seriam diferentes, eles tinham mais maturidade e responsabilidades. Miya sentiu seu coração esquentar, ele agora entendeu, ele ainda ama Sakusa, aquele homem foi o único que conseguiu fazer Miya valorizar sua vida.

Quem era Sakusa Kiyoomi?

Era quem ensinou o loiro a ver um mundo perfeito, dentro de coisas pequenas e imperfeitas. Eles poderiam e com toda certeza iriam recomeçar.

Tudo estava renascendo e se reconstruindo.