"Você sabe que— Isso não é só sobre status, não é?"
"O que quer dizer?" Sua cabeça começava a latejar, uma vaga sensação de desconforto gradualmente evoluindo para uma enxaqueca. O estresse mental que o assolava depois de uma invocação havia se tornado mais e mais persistente, devido ao uso contínuo da técnica.
"É que— você sabe— que conforme somos promovidos, a nossa responsabilidade também é aumentada, e nós somos designados para as missões de acordo com isso." O atual parceiro elaborou, e Ino teve que se esforçar muito para acompanhar o raciocínio, por mais simples que ele fosse, pelo estado psíquico lastimável em que se encontrava. "É claro que, na prática, isso está bem longe de ser verdade."
"..."
"Ino-san, há um boato entre os calouros..." O júnior recomeçou, se sentindo imediatamente constrangido por ter que repetir em voz alta o que as más línguas cochichavam entre si. "de que você é um covarde."
Ino arregalou os olhos, subitamente acometido por uma rara epifania. Seus lábios se entreabriram, antes que ele tivesse realmente assimilado a realidade do verbo:
"Eu— sou..."
...
"Então—" Nanami foi o primeiro a se manifestar, de forma tão inédita quanto era a sua presença ali – um clube noturno lotado de jovens intoxicados, aonde Ino costumava ir para espairecer depois de um dia particularmente fatigante de exorcismo – deixando até alguém tão desinibido quanto Takuma momentaneamente desnorteado e sem reação. "—É esse o tipo de lugar que você frequenta nas suas horas vagas?" O mais velho fez que olhava ao redor, sem demonstrar nesse gesto um interesse maior do que o por ilustrar sua própria pergunta, dando-o tempo para se recuperar da surpresa. Quando as íris castanhas gravitaram de volta para ele, Ino também retornou a si, como se liberto do feitiço em que elas mesmas o haviam cativado, na primeira mirada.
"Achei que você não misturasse sua vida pessoal com o trabalho." O moreno testou, em ar de gracejo. Porém, ele definitivamente não antecipava a resposta que veio em seguida.
"O meu expediente acabou às 18h."
Muito convincente.
E, francamente, quem era ele para contestar?
Ino não se lembrava bem como um diálogo perfeitamente casual havia escalado para os dois explorando avidamente o corpo um do outro como adolescentes que acabaram de descobrir juntos os prazeres da carne, e conforme o tempo passou desde o ocorrido, ficou ainda mais difícil para Ino discernir entre o que havia sido real ou só mais um produto de uma fantasia; especialmente quando o profissionalismo invejável de Nanami o levava a agir como se nada houvesse de fato acontecido na noite anterior.
"Como você consegue?" O médium se permitiu divagar em voz alta.
"Lamento dizer que não sei à que se refere. Seja mais específico, por favor." Kento devolveu, sem realmente desviar o seu foco de atenção do conjunto de evidências que ambos haviam coletado para a investigação de um caso em que estavam trabalhando juntos.
Tão impessoal e gélido que ele quase sentia calafrios.
"Você— realmente—" Ino hesitou, dividido entre pôr pra fora ou guardar para si o que o incomodava tanto, frustrado por ter que explicar algo que para ele era muito óbvio. "Nah. Deixa pra lá." Ele desistiu, e foi só nesse momento que o outro finalmente o retribuiu com ao menos um breve contato visual, uma troca de olhares efêmera e quase surreal, no entanto duradoura o bastante para fazê-lo reavaliar sua anterior impressão de indiferença. Porque o sentimento que aquele raro instante de atenção evocava havia sido tudo menos frio, e resgatava na memória o que o seu corpo havia experimentado pelas mãos hábeis do feiticeiro de classe mais alta.
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When the party is over
RomansaFanfic. Fandom: Jujutsu Kaisen (Mangá/Anime). Contém spoilers do mangá. Narrativa não-linear. Relacionamento principal: Ino Takuma/Nanami Kento Sinopse: Como um médium, Ino estava habituado a sentir as coisas entre o céu e a terra. Sobretudo, mais d...