7 - Lanchonete

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"Vocês acham que essa lata velha realmente tem solução?" Krystian perguntou debochado, comendo uma maçã.

"E por que não teria?" questionei irritado. Não acredito que os garotos me fizeram vir até essa oficina.

"Sei lá..." Ryan começa, com um tom de brincadeira. "Talvez seja porque se alguém encostar nesse carango ele desmonta na hora."

"Não exagerem, caras." Josh disse olhando para dentro do capô levantando do carro, vendo o motor e as engrenagens.

"Você acha que pode ficar bom?" perguntei com uma expressão preocupada, dentro do carro e apoiado na janela frontal.

"Bom?" ele soltou uma risadinha. Eu ouvi uma batida musical e arregalei os olhos. "Esse carro pode ser sistemático..." retirou um pouco a jaqueta, deixando as mangas ainda no cotovelo e um pouco de pele de seu braço a mostra. "...Hidramático..." retirou toda a jaqueta. Ah, não... essa música de novo não!"...Automático.." jogou a blusa em um canto da oficina. "Pode ficar brilhando!"

Ele sorriu e subiu encima de uma mesa cheia de ferramentas. Samuel abaixou o capô do carro, fazendo sincronia com a batida da música. Eu conhecia cada pedaço dessa música, graças a Linsey, que a proclamava a melhor do filme. Fora o dia em que fiquei observando Josh cantando essa música no auditório do colégio. Nada contra a voz de Josh, porque era linda, mas eu realmente odeio musicais.

"Will get some overhead lifters, and four barrel quads, oh yeah." Josh cantou e começou a fazer uma dança esquisita encima da mesa.

"Stop talking, woah, stop talking." eu cantei entediado, brincando com a letra da música. Uma mão sustentando minha cabeça. De repente, a batida da música parou e todos se entreolharam confusos.

"V-você quer..." Samuel começou confuso, dividindo o olhar entre mim e os garotos, que estavam meio desanimados agora. "...que a gente pare de cantar?"

"Bom..." engoli em seco. "Sim, mas... não vejam isso pelo lado ruim... e eu só não entendo qual é a necessidade de cantar tudo que fazemos. Sabe... porque nós não... só fazemos?"

"Tá... okay..." Krystian deu de ombros e cada um de nós voltou a fazer suas coisas. Josh desceu meio tristinho da mesa, vendo onde havia deixado sua jaqueta e a vestindo de volta, com dificuldade por ter a jogado bem longe. Um silêncio constrangedor se instalou no local e o único som era o barulho que as ferramentas faziam.

"Hey, caras... eu tenho que ir, bacana?" foi indo em direção a porta.

"Ei, josh!" sai de dentro do carro, deixando a ferramenta no banco e fui até ele, meio distante dos garotos. "Por que não espera? Depois que terminarmos hoje, podemos falar sobre o plano para reconquistar a Heyoon, hm?"

"Foi mal, Noah... não estou com cabeça para essa barra hoje, meu chapa. Depois vemos isso, tudo bem?" massageou meu ombro e saiu da oficina.

Certo, aprendi minha lição: não cantar estraga o andamento do filme.

[...]

"Oi, brotinho." Krystian brinca com a senhora atrás do balcão da lanchonete.

"Arranja uma mesa para gente?" apontou para o nosso grupo fazendo bagunça atrás dele.

"Vocês? Vocês são uns marmanjos." a mulher fala irritada. "Que procurem uma mesa sozinhos."

"liiiih, mancou, em." Samuel coloca a mão no coração. "Assim vai perder seus clientes mais fiéis."

"É isso que eu estou tentando fazer desde que trouxeram seus pisantes até aqui." ela negou com a cabeça, decepcionada. Dou um risada e acompanho os garotos até uma mesa grande com sofá.

Grease? || N.B Onde histórias criam vida. Descubra agora