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5 anos atrás:
Rio de Janeiro, 2017.
Catarina 16 anos.
Amanda 19 anos.

O sol dourado filtrava através das cortinas, pintando padrões dançantes no chão do meu quarto. Hoje, porém, não era apenas mais um dia ensolarado; era uma oportunidade para aventuras, para beijos roubados e risadas compartilhadas. Mas com quem deveria eu trocar esses beijos? Uma questão que ecoava em minha mente enquanto deslizava pelos posts do Instagram, acompanhando a animação de Amanda sobre um certo rapaz.

- Quero ver Felipe hoje. - Anunciou ela, os olhos fixos na tela do celular, onde a foto dele sorria de volta para nós.

- Ah, Amanda, sempre com esse fogo no coração" - Respondi, soltando uma risada discreta. Sua empolgação era contagiante, mesmo que um tanto exagerada.

- Estar com ele de novo seria incrível. Vou mandar mensagem agora mesmo. - Decidiu ela, os dedos ágeis digitando freneticamente.

- Incrível mesmo. - Concordei, enquanto observava Amanda se perder em uma conversa digital com seu interesse amoroso. Se ao menos eu pudesse compartilhar de sua empolgação, mas eu, Catarina, a eterna seguradora de velas, estava destinada a ficar à margem mais uma vez.

- Ele respondeu!. - Anunciou ela, com um brilho nos olhos que só os apaixonados conhecem. "Você tem que vir comigo."

- Você só pode estar brincando. Já me vejo lá, segurando vela como de costume. - Brinquei, resignada à minha sina.

- Segurando vela nada. Vamos juntas, fazer um programa diferente. - Insistiu Amanda, determinada a me arrastar para sua aventura romântica.

- Ah, é? E enquanto você estiver ocupada com ele, eu vou ficar conversando com as paredes? - Retruquei, tentando escapar da situação.

- Não seja boba. Vou arrumar um amigo para você também. Vou falar com ele agora mesmo. - Anunciou Amanda, já digitando furiosamente em seu celular.

- E lá vamos nós. - Suspirei, aceitando meu destino com uma mescla de resignação e curiosidade. Não era exatamente o plano para o meu dia, mas quem sabe não seria uma boa oportunidade para sair da minha zona de conforto?

E assim, enquanto Amanda continuava com seus planos mirabolantes, eu me via diante de uma foto do tal amigo que ela tinha arranjado. Confesso que não era exatamente o tipo que costumava chamar minha atenção, mas havia algo nele, algo nos seus traços suaves e no sorriso gentil que me fazia reconsiderar.

- Não sei, Amanda... - Hesitei, balançando a cabeça em dúvida.

- Vamos lá, Catarina. Dê uma chance. Ele parece ser legal, e já até falou com o amigo. - Insistiu ela, os olhos cheios de esperança.

E assim, entre risos e empurrões, me vi cedendo ao destino que Amanda tinha traçado para nós. Talvez não estivesse completamente preparada para encontrar alguém naquele dia, com meus cabelos desgrenhados e minha aparência desleixada, mas quem sabe não seria justamente essa a beleza da surpresa?

Quinta-Feira | VLOnde histórias criam vida. Descubra agora