Notas iniciais:
Esse prólogo é um dos capítulos novos que escrevi e um dos que mais gosto. Acredito que dê uma aprofundada em uma personagem que gosto bastante. Quem leu a versão original talvez saiba de quem se trata, talvez não.
Também sou uma grande fã de capítulos pequenos e esse é um ótimo exemplo disso.
A orquídea branca é a representação de elegância e sofisticação. Ela transmite inocência, pureza, amor puro e espiritualidade. Entregar um arranjo de orquídea branca a alguém especial é uma maneira de expressar amor puro e duradouro.
- Bruna Tosi em VivaDecora Blog
O sítio era uma casa pequena em uma aldeia próxima. Feita de madeira e com um terreno que não chegava aos 500 metros quadrados, continha apenas uma plantação de subsistência com tomates, alfaces e cebolas. Não haviam animais no terreno, exceto por um corso cane preto que dormia sob a soleira.
O animal era imponente, filho da ninhada de um casal que havia sido trazido direto da Itália, junto com a família e não tinha nem 4 anos completos, o que o tornava pouco mais do que um filhote mesmo com seus quase 50 quilos de puro músculo. A intenção era que se tornasse eficiente cão de guarda, mas apenas ergueu a cabeça para a mulher que se aproximava, lambeu os lábios e se ajeitou sobre as patas antes de voltar a dormir.
— O que você faz aqui? — perguntou um jovem forte com a camisa suada pelo trabalho, carregando a enxada sobre os ombros. — Ouvimos que tinha morrido.
Ela se aproximou alguns passos. A criança em seus braços estava tranquila, enrolada em mantas brancas, fazendo barulhos e bolhas com a boca e os olhinhos virados para o céu azul e aberto.
Logo se aproximou um outro jovem, parecia um pouco mais jovem e muito mais franzino, porém se aproximou mais do que seu irmão.
— Quase! — respondeu em voz baixa. — Eu vim mostrar a minha filha.
Os dois se aproximaram mais, cercando a menina que começou a olhar suspeita para a mãe. Os longos cabelos castanhos formando a única proteção entre elas e os homens ameaçadores que se aproximavam.
— Foi por isso que você quase morreu? — perguntou o mais velho, puxando a manta para revelar o rostinho redondo.
A menina começou a murmurar e a mãe sabia que não demoraria a abrir o berreiro, então começou a embalá-la com carinho, na tentativa de acalmá-la.
— Ao menos não é preta como o pai. — respondeu o outro. — Se colocar na roda, não vai demorar a ser adotada.
O rapaz tenta tirar a menina de seus braços, mas a mãe a aperta mais firmemente contra o peito, como se isso fosse o suficiente para mantê-la segura.
— Eu não vim abandoná-la. Só apresentá-la para mama.
A menina começa a chorar alto e o cão se levanta de seu canto, correndo em direção a mulher e saltando entre suas pernas para tentar alcançar a criança, lambendo a manta em uma tentativa de deixá-la mais calma.
— Então você não largou o filhote de escravo?
Aquele momento faz com que ela se torne mais combativa, ainda apertando a menina contra seus ombros.
— Não fale assim do meu marido!
A mulher se ergue na ponta dos pés, encarando o irmão nos olhos. Não se lembrava de quando havia sido tão combativa com ele, mas seu corpo tremia com raiva pura e difícil de conter.
— Então você nem deveria estar aqui. — o irmão lhe deu as costas e se afastou em direção a porta. — Você não tem mais família.
O irmão lhe virou as costas, mas ela insistiu. Não podia sair dali sem que a mãe soubesse que estava viva, que estava bem e - mais importante - sua filha era uma menina saudável e alegre.
— Eu só quero que ela veja minha filha.
— Deixe a mama de fora disso, ela já sofreu demais com esse casamento. — O irmão caçula o seguiu de perto, como um cão obediente, muito mais do que o corso cane faria. — Faça o melhor para todos nós e morra para essa família.
O mais velho assobiou e o cão o seguiu contrariado.
— Giovanne, por favor.
Mas o caçula apenas a ignorou e fechou a porta, mantendo-a longe.
A mulher caiu sobre os próprios joelhos, nem havia percebido quando começou a chorar com as lágrimas caindo sobre o rosto da pequena. O cão se aproximou e lambeu as lágrimas antes de voltar para a sua soleira. Ao menos alguém naquela família ainda parecia gostar dela.
— Eu juro a você, minha filha, eu e seu pai sempre seremos o seu porto seguro, seus protetores, independente do que escolha.
A menina se acalmou, o choro se dissipando conforme se acalmava e as mãozinhas procuravam pela mãe, como se pudesse entender o que se passava ali.
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Orquídeas Brancas
Roman d'amourAmor é algo que nunca esteve realmente nos planos de Amélia Ribeiro que, aos 21 anos, está com a vida seguindo como sempre planejou. Cheia de todas as certezas do mundo, seu noivo, Josué, pode não ter um sobrenome para lhe dar e ela pode até não am...