◈◈◈◈◈◈◈
O som do bilhar dá a dica sobre o paradeiro de Hyungwon, então Changkyun sobe as escadas até a sala de jogos e encontra o mais velho sentado sobre a lateral da mesa, empurrando com as mãos as bolas de número oito e sete sem realmente estar prestando atenção nelas. Os olhos dele estão concentrados nas cenas do lado de fora da janela e quando Changkyun se aproxima da esquadria, pode ver um garoto sentado num dos bancos da praça, rabiscando em um caderno.
- Parece o Jooheon...? - ele comenta baixo, porém alto o suficiente para que Hyungwon o escute.
- De onde disse que o conhece? - quer saber. A bola sete bate contra a de número oito e a manda direto numa das caçapas, o barulho fazendo ambos fitarem a mesa por alguns segundos antes de seus olhares se encontrarem.
- Eu fiz uns bicos na loja do pai dele e acabamos nos aproximando - Changkyun responde, comentando que o rapaz tinha o costume de sumir vez ou outra, mais ou menos naquela hora do dia, o que o faz deduzir que era para a praça que ele ia.
Hyungwon respira fundo e conta que Jooheon costumava ser seu melhor amigo quando eles eram crianças, na época em que ele ainda saía de casa para ir até a escola, o que deixa Changkyun muito curioso. Antes que ele possa fazer qualquer pergunta a respeito, porém, Hyungwon é mais rápido:
- Não sei quando foi que ele começou a aparecer na praça, sempre com um caderno no colo, mas minha mãe nunca deixou que eu fosse até lá, menos ainda cumprimentá-lo da varanda.
Changkyun quer entender o que pode ter motivado aquela mulher a prender o filho daquela forma, mas nada diz, com medo de que seja cedo demais para invadir uma história tão complexa quanto aquela. Prefere dar a liberdade a Hyungwon para lhe contar o que quiser, na hora em que quiser, dizendo a si mesmo que estará disposto a ouvi-lo a qualquer instante.
Ele dá uma longa olhada na varanda estreita, reparando nela pela primeira vez, um espaço de no máximo sessenta centímetros suficiente apenas para que seja feita alguma manutenção nas vidraças, e então volta a olhar para Jooheon quando este se movimenta e começa a guardar seus pertences em uma mochila.
- Parece que ele já está indo embora - comenta e uma sugestão pipoca em sua mente. Ele se vira novamente para Hyungwon e pergunta: - Por que não o convida para entrar? Eu tenho certeza de que ele carrega menos perigo do que eu.
Hyungwon ri, mas nega com um aceno de cabeça. Há muitas vírgulas naquela história e elas não estão ligadas exatamente ao fato de as pessoas serem perigosas, mas sim do que o externo pode despertar no Chae. Como sente que é mais complicado do que parece, ele decide não continuar a explicar isso a Changkyun, que mantém-se em silêncio até notar que o assunto realmente morre.
Ele se afasta da janela e vai em direção a Hyungwon, perguntando sobre como ele se sente com relação à noite anterior e o Chae reclama que sua cabeça ainda está um pouco pesada, apesar de ter tomado um remédio para ajudá-lo com a ressaca.
- Não devíamos ter comprado aquela garrafa extra de soju - ele brinca e ambos riem, porque a saída terminou tão bem quanto começou: não foram pegos e voltaram em segurança para casa, quase como se nunca tivessem saído de lá.
Hyungwon consegue perceber que Changkyun quer lhe dizer alguma coisa, mas várias opções passam por sua cabeça, desde o táxi até a pista de dança e, como o ápice da noite, o beijo que eles trocaram enquanto a banda tocava uma canção mais lenta. Ainda pode sentir o gosto da boca do garoto e, se fechar os olhos, pode imaginá-lo enfiando a língua por entre seus lábios, o que o deixa um pouco nervoso, quase como se o álcool ainda estivesse fazendo efeito.
![](https://img.wattpad.com/cover/269439986-288-k764214.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Two Sides Of You | HyungKyun
أدب الهواةHyungwon sabe que o garoto de cabelos negros e olhos selvagens é problema, mas não consegue deixá-lo sozinho no beco escuro, cheio de machucados e sangue. [HyungKyun] Esta história faz parte do projeto Monbrinde, idealizado pelo @mxfanfics. Plot do...