Abro os olhos.
Não me vem nada a mente, olho no meu celular na escrivaninha e vejo que são as 3:24am. De novo, de novo aqui estava eu, no quarto escuro, sozinha, sem ninguém, um vazio no peito. Não sinto nada. E estranho me ver nessa situação, voltando a 10 anos atrás vejo uma garota sorridente, nunca se sentia sozinha, e nem com o peito rasgado, a garotinha que pulava, e vazia todos sorri com seu simples meigo sorriso, uma garota que não conhecia a solidão e a decepção da vida.
De novo não...
Sinto minhas bochechas molhadas, lágrimas atrás de lágrimas. E em cada uma delas contendo um pedaço da minha alma.
Não consigo parar de tremer e chorar, meu Deus como eu cheguei nisso? Como cheguei nessa merda que eu estou? Cadê a garotinha que era feliz?
Me levanto devagar para não perde as forças da perna. Isso está ficando cada vez mais frequente é pior. Vou até o banheiro, no escuro mesmo, ligo o chuveiro e tiro a roupa, prendo o cabelo e entro na água. Era tão libertador sentir a água escorrer pelo seu corpo, quase parecido com a sensação de voar, se eu sei? Não sei.
Dou uma risadinha baixa com meu pensamento.
Enquanto a água escorria pelo meu corpo a deixo levar meus pensamentos também, isso é a única coisa que faz minha cabeça parar, que me faz me sentir livre de mim.
minha mente está me matando aos poucos.
Chega a ser engraçado.
—————————————
Após colocar uma roupa, vejo que ainda está de noite, desço as escadas e faço um café, me sento na frente da janela de vidro que vai até o chão, vejo as árvores balançar, está com cheiro de chuva, agradeço mentalmente se começar chover, a chuva me acalma, o cheiro me traz um conforto, é quase melhor do que café, dou uma risada nasal.
Abro a janela e deixo o vento entrar com aquele cheiro maravilhoso.Deito no chão e fecho os olhos, um momento de paz.
Vocês devem se pergunta aonde estão meus pais, bom, eu não sei.
Após eu me levantar e fechar a janela, deixo a xícara na mesa e subo as escadas. Sei que não vou dormi mais agora, vou na minha estante e pego um livro para ler e esperar o tempo para me arrumar para a escola.
—————————————-Após já me arrumar, estou caminhando para a escola, leva no mínimo uns 20min. Gosto dessa caminhada. Coloco uma música é vou indo. Estou com o uniforme da escola, que por sinal fica enorme em mim, bom que esconde minhas gorduras a mais ganhadas nessas férias.
Após passar pelo portão, ja não tinha ninguém nos corredores, somente eu e minha sombra.
Começo andar sem pressa indo em direção ao meu armário, coloco minhas coisas lá dentro e pego só os materiais que vou usar, quando me viro levo um susto com um garoto alto na minha frente, com os ombros largos e forte, deve ser uns 10cm maior que eu, já que eu tenho 1,75 de altura.
Olho para o seu rosto e vejo que é o Erick. Gruni de medo, ele vem mexendo comigo deste do 1 ano do ensino médio depois que sem querer derrubei suco nele.
Tudo isso está ficando cada vez pior.—nossa como você está gorda e com espinhas— diz com suas palavras ásperas e afiadas.
Espero que não me afete.— e essas roupa? Parece um homem.— me surpreendo com suas palavras. Eu estou completamente normal, só estou com a blusa maior que o normal, um moletom com um chinelo e meia.
—não entendi— respondo sem reação
Ele muda de olhar para um completamente desconhecido, meus pelos se eriçaram na hora, eu estou ficando com medo.
Ele vem se aproximando mais, e mais, e eu me afasto esperando que ele pare com isso.
Ele vê meu rosto completamente repleto de medo, e da um sorriso macabro.
Gelei.
Quando minha costa param batem no armário eu fico sem saber oque fazer, não tenho reação, estou congelada. Reage Maya.
—será que você é gostosa por baixo desses trapos?— ele toca em minha cintura e eu não fiz nada, eu não consigo, estou tremendo muito, sinto meus olhos arderem, eu não estou acreditando nisso.
Cadê as pessoas quando eu preciso que apareçam?
—para, por favor — digo num sussurro, sinto a lágrima descer devagar, como se estivesse rasgando meu rosto.
Antes dele enfiar a mão dentro da minha blusa eu consigo reagir e da um chute nas suas partes íntimas, eu não sei como tive coragem, ele geme de frustração e quando eu tento correr ele agarra meu cabelo e que me faz voltar na hora com tudo.
Ele está tão furioso, cuspindo na minha cara, é diz;
—quem você pensa que é sua puta? Você quer morrer caralho?— eu estou tão assustada com tudo isso, tento gritar mais sou interrompida com um tapa na cara.
Não sinto nada, nesse momento eu caio no chão e não sinto nada. Olhando para o chão me sinto tão inútil, que droga, até para isso eu sou uma inútil.
Me levanto e o olho perplexa, como eu o deixei fazer isso?
Ele diz algumas coisas mas eu não o escuto, e como se meu celebro resolvesse ignorar tudo ao redor.
Eu não me sinto bem.
Ele sai, e eu o olho, quando estou o vendo sair pela porta, vejo um garoto entrando, ele me olha com certa curiosidade, querendo entender oque aconteceu aqui, nem eu sei.
Olho para ele por um tempinho, cabelos pretos, cabeludinho e meio ondulado, roupas prestas, e tatuagens, muitas. Após ele voltar a andar e colocar uma expressão de tédio no rosto, eu paro de olhar ele e saio apresada.
Eu estou destruída.
E o último pensamento que tenho após entrar na cabine do banheiro e escorar a cabeça na cabine, e escorregar até o chão.
Não me importo se tudo está sujo, mas eu preciso agora. Muito.
Eu não queria fazer isso, prometi a mim mesma, mas oque adianta promessas... elas foram feitas para serem quebradas.
Sinto o sangue descer pelo braço e me vejo vidrada naquela gotinha escorrendo lentamente, junto com as lágrimas do meu rosto.
O sangue é uma coisa tão bonita, é estranho fazer isso, a dor me relaxa, não sei quanto mais aguento, me sinto fraca todo dia, eu não faria falta a alguém, eu não tenho mais ninguém.
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A beira de um precipício
RomanceEla estava perdida. E ele tentando se encontrar . A vida dela estava um caos. E a dele apenas começando. No meio de tanto desgaste, eles se viram um no outro, no meio de tanto caos, eles se ajudaram. Nas pedras no caminho a luz do final do túnel não...