Two

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Voltando para casa, o clima se fechou mais ainda, parece que vai cair um dilúvio, suspiro aliviada.

Acabei de sair dos portões da escola e estou andando calmamente pela rua, sinto uma gota gelada na minha pele, olho para cima e várias começa a cair.

Fico parada aproveitando a sensação de frio, a chuva esta tão gelada que me faz soltar um suspiro. Um raio cai iluminando a escuridão entre as nuvens oque me faz olhar de um jeito maravilhado, apaixonado. Tantos reclamam da chuva mas e uma coisa tão maravilhosa, o barulho do trovão e alto que me faz sorrir.

Olho para o parque e vejo que não tem ninguém, então me deito la no chão e deixo que a água me lave e lave a sujeira da minha alma.

Como as pessoas não viam bonito algo como aquele? Esse clima frio e acizentado.

Só não a beleza para aqueles que não ver as cores da vida.

E eu vejo, e eu amo tanto, esse céu que parece que está num clima triste mas está ao contrário disso, está chorando para aliviar o peso do mundo, chorando para somente se sentir bem novamente e no final sorrir, assim como o arco íris pós chuva.

Sentindo a água gelada caindo em meu rosto, eu deixo tudo aquilo acumulado dentro mim ir embora, deixo toda dor e toda ruína dentro de mim se esvaziar.

Enquanto estou somente sentindo o momento, sem pensar em nada, sinto uma presença do meu lado, logo após se deitando.

Não abri o olho.

Não senti medo.

Só queira focar nas sensações que esse clima estava me proporcionando, as sensações de liberdade de si mesmo.

Mas seu cheiro era forte e inibrante, como se fosse ficar bebada só de sentir esse cheiro, nem muito forte e nem muito enjoativo.

Sua presença é quente, antes que estava frio agora está quente.

Após ficar um pouco de olho fechado, abro meus olhos e olho para o lado, e o mesmo garoto que estava lá na porta da escola.

Ele está de olho fechado olhando para cima, seus cabelos pretos estão caídos para traz e uns grudados na testa, suas bochechas rosadas e sua boca vermelha, que cílios cheios e grandes, pensei, que inveja.

Ele é intrigante, penso.

Acho que ele percebeu meu olhar sobre ele e então se vira e me olha, seus olhos tão escuros quanto o oceano, uma cor que jamais vi! Era azul, mas não aqueles normais e sim um escuro intrigante, assim como o mar! fazendo você querer olhar horas, um olhar tanto azul escuro cheio de faísca de fogo e rajadas de um azul meio claro, perfeito.

Era tão lindo e interessante que fiquei olhando sem ao menos perceber.

Ele da um sorrisinho quase  imperceptível e olha para o céu novamente.

No seu pescoço tem algumas tatuagens é uma gaiola com um número romano escrito em baixo

XVI= 14

Por que 14?

Então antes que eu pense mais ele diz, com a voz em um som tão grave do que o normal.

—isso é libertador né?— diz olhando de novo para mim.

Sem saber oque dizer eu só falo que sim soltando um suspiro de alívio no final, seus olhos eram intrigantes, difícil de desfiviar o olhar.

—oque esta fazendo aqui?— pergunto meio sem jeito, não querendo ser grossa.

Ele me olha de solário e diz

—o mesmo que você.— diz em um murmúrio, com o rosto pensativo

Olhei surpresa e então digo.

—só estou aproveitando uns do dons da natureza— falo sem o olhar

Ele logo se apressa e reponde com a voz ainda rouca, acho que ele vai adoecer ser continuar aqui.

—eu acho que é por outra coisa também— me olha com um olhar atrevido.

Me senti ofendida agora, será que ele me viu chorando?

—você não sabe oque diz— digo por fim me levantando toda molhada e percebo que estava sangrando meu braço, acho que ele viu, pois me olhou com um olhar tanto estranho, tampo na a ferida e saio.

Não olhei para traz para saber se ele me olhava, mas eu sentia seus olhos em mim.

Isso foi estranho.

Pego minhas coisas protegidas pela capa de chuva que eu coloquei. Ainda bem eu trouxe.

Antes de seguir meu caminho eu olho de canto de olho, e lá está ele, no mesmo lugar sentando, me olhando.

Tenho uma sensação estranha do lado dele, como se ele soubesse oque está acontecendo.

Ele parece legal.

Após isso continuei meu caminho, ele não falou nada, e ficou lá me observando a ir.

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Destrancando a porta de casa e tirando os sapatos encharcados. A chuva já tinha parado, só sobrou as gotas que elas deixaram para traz, as gotas caindo da árvores, após a chuva parece que tudo ganha vida, parece que tudo fica mais vivo, os passarinhos cantam mais, as árvores ficam mais satisfeitas e suspiram mais, o cheiro de deixado pela chuva é incomparável, substitui o cheiro de fumaça e deixa tudo mais leve.

As ruas molhadas e brilhantes, os cachorros brincando e fazendo buraco na terra amolecida pela a chuva, as crianças correndo de mãos dadas e pulando nas poças de aguas e de lama. A brisa leve e fria fazendo com que meus pulmões espirem ar fresco e limpo, isso é tão bom!

Interessante.

Tudo está tão feliz, gostei daquela sensação que me trouxe.

Mas após me virar e abrir a porta vejo minha mãe estressada e gritando no celular. Deve ser do trabalho ou meu pai

E voltamos a estaca zero, todo aquele sentimento que estava sentindo a um minuto atrás se vai assim como meu sorriso.

Ela me vê e desliga o celular, agora ferrou.

Ela vem na minha frente e para;

—oque aconteceu? Porque está descabelada desse jeito e molhada? Não levou sombrinha Maya?— diz com um olhar ríspido.

Muitas perguntas, penso comigo mesma.
Lembro do meu braço e escondo atraz do meu corpo.

Solto um suspiro cansado e a respondo

—eu esqueci a sombrinha e quando estava voltando eu peguei um pouquinho de chuva— digo sem a olhar nos olhos.

—como assim esqueceu a sombrinha? Você não olhou para o céu hoje cedo? É por que chegou tão tarde em casa— antes que eu consiga responde ela diz.

—você não está de encontrinho com nenhum garoto não né? Não quero saber de você namorando!— a olho cansada daquele assunto novamente.

Apenas respondo com um murmúrio e viro as constas para subir as escadas mas antes, não seria dona Amélia se não comentasse nada sobre minha aparência;

—meu Deus Maya Foster você está horrível, olha essas roupas grudadas que parecem de menino! Eu na sua idade não era assim, não estava gorda igual a você e desleichada nem usava essas roupas ridículas— diz com cara de desaprovação.

Começou.

Tento segurar a imensa vontade de chorar, isso está me machucando tanto! De novo isso não.

—mãe por favor, para, eu sei que estou feia e nojenta, mas hoje não, por favor— digo num fio de voz e volto a subir as escadas, não escuto mais nada dela.

Fecho a porta do quarto, não ligo a luz, gosto do escuro.

Tiro a roupa molhada e coloco no cesto de roupas sujas, vou até o chuveiro e tomo banho antes que eu fique doente, por mais impossível que seja.

Já me acostumei tanto com o sereno do frio.

A beira de um precipício Onde histórias criam vida. Descubra agora