| Victor
A primeira coisa que faço assim que chego de volta em meu carro, é pegar meu celular e discar o número de meu irmão.
Espero por algum tempo, e quando estou quase desligando uma voz animada irrompe em meu ouvido.
– Vitinho! Faz anos que não falo com você!
Quando a gente era criança, o apelido não me incomodava, mas agora que viramos adultos é mortificante. Desde que eu e meu irmão arrumamos um apelido para nossa irmãzinha, ela se viu na obrigação de arrumar um apelido para a gente. Prazer, vitinho. Não Victor, não Coringa, vitinho.
Eu e Gilson deixamos de a chamar Ca-ca desde que bem, crescemos. No entanto, ela continua com os apelidos idiotas.
– porque tá atendendo o celular do GS?
– porque vi seu nome na tela e decidi atender. Você não me liga mais – consigo ver seu beicinho através da ligação
– é, tenho andado ocupado – ouço uma gargalhada – o que foi isso?
– apenas o GS sendo idiota. Passou o fim de semana me chateando. Ele sempre foi assim tão careta? – rio
– comparado a você, todo mundo é careta. Mas isso não quer dizer que eu aprove suas loucuras – Voltan é do tipo "viva la vida loca", no que toca curtir a vida, ela é perita – o que está fazendo em BH? Não deveria estar na faculdade?
– fiquei com saudades do meu irmão
– aham, conta outra
– é verdade! Queria ver o Gilson, e quero ver você também. Então não se surpreende se for abrir a porta e eu estiver do outro lado. Na verdade, estou pensando pedir transferência para a sua faculdade
– o que? Porque? Pensei que estivesse satisfeita aí
– é... eu estou, mas estou de sobreaviso
– que merda você fez? – levo a mão a testa
– porque você acha que eu fiz algo?
– ninguém fica de sobreaviso porque sim, Carol. O que aconteceu?
– vamos apenas resumir que houve um incidente envolvendo togas
– poderia ser mais específica?
– não
– Carolina Voltan
– quando a gente se encontrar eu te conto, prometo
– eu espero bem que sim, não espere que eu vá esquecer dessa conversa
– ta, ta. GS quer falar com você. Te vejo em breve, maninho
Ouço o celular ser passado de mão em mão e em seguida ouço a voz de meu irmão.|Victor
– alô
– Gilson, o que ela fez? – ele ri
– não vou estragar a surpresa. Apenas vou dizer que foi a cara dela, sem tirar nem pôr
– nossos pais sabem?
– sabem. Não estão muito felizes, mas podia ter sido pior
Dou um longo suspiro e me preparo para desabafar a posição nova de Luke Passos.
Eu e GS somos muito próximos, desabafamos sobre coisas da vida quase toda a hora. Não sinto como se ele fosse meu irmão mais novo, mas sim como se fosse meu gémeo.
– que droga – resmunga depois me ouvir – ele tocou no assunto da Babi?
– nem é preciso tocar no assunto para eu saber que ele pensa nisso sempre que me vê. Gostava de saber por onde ela anda
– quer um conselho? Mantenha a cabeça baixa. Vá aos treinos, faça o que Passos mandar e não se envolva em problemas
– é, não vale a pena me estressar com isso
Assim que desligamos, sigo para casa e estou me sentindo muito melhor.
Eu e meus irmãos tivemos uma infância lotada de vantagens. Estudamos em escolas particulares, tínhamos babá e ganhávamos uma mesada generosa. Porém para ganhar essa mesada, tínhamos que ajudar nas tarefas domésticas e fazer os deveres de casa. Lembro de uma época do meu décimo ano, minhas notas tinham descido drasticamente e fui devidamente punido.
Minha família é o máximo, mesmo que a maioria ache que sejamos esnobes e mimados.
Fico ouvindo música pelo resto da viajem e assim que chego em casa, Gustavo é o primeiro a me interceptar.
– o que o treinador queria?
– me apresentar o novo coordenador defensivo
– e porque você precisa de uma apresentação particular?
– o nome dele é Luke Passos. Foi meu treinador no ensino médio, Nicky achou que devíamos pôr o papo em dia
– e como ele é? Gente fina? – PH fala concentrado na tela da TV
– é decente – minto
Como os dois estão distraídos jogando um videogame, decido subir para meu quarto depois de roubar comida da cozinha. Ainda estou irritado com a aparição repentina de Passos.
Me jogo na cama e sem pensar, pego em meu celular e busco o último registo de chamada de ontem à noite.– oi, tudo bem? – respiro de alívio ao ouvir sua voz
– quero transar com você de novo
– isso vai virar rotina? Por favor me diz que não vai me telefonar todos os dias implorando por isso
– talvez. Diz que sim, gata, acabe com todo o meu sofrimento
– já falei, Victor, foi uma coisa de uma noite. Foi divertido, mas eu não sou de fazer sexo casual. Preciso ir agora, ligue para uma de suas admiradoras, elas irão cuidar de você.
E pela segunda vez em dois dias, Tainá Costa desliga na minha cara.
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OUR SECRET || TAINACTOR || EM REVISÃO
Fanfictioninspired in "The Score" by Elle Kennedy | inspirado em "O Jogo" de Elle Kennedy "Não esperava essa química intensa entre nós, mas ela está aqui, e é viciante, e não sei se jamais vou conseguir ignorá-la." Talentoso, inteligente e festeiro, Victor Au...