12 | Tainá

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 | Tainá

Assim que ouço a batida na porta, respiro fundo e me preparo mentalmente. Sei que é Peter e depois da conversa que tivemos hoje, não estou nem um pouco pronta para o ver.

No momento em que atendi o telefonema, as suas palavras me acertaram em cheio. "Eu te perdoo". Na hora que eu ouvi isso me controlei ao máximo para não dizer algo desagradável. Ele falou aquilo como eu tivesse feito algo de errado, como se eu dormir com outra pessoa fosse um crime. Muito menos o traí, Peter apenas tem que aceitar que a gente terminou.

Apesar da irritação que o "perdão" me causou, me deixou também aliviada. A culpa ainda me persegue desde que saí da casa de Victor.

Me preparo para um confronto cara a cara com Peter mas assim que abro a porta, meus músculos relaxam ao ver que não é meu ex-namorado do outro lado da porta. No entanto, não é das melhores pessoas que podia aparecer.

– e aí, gata? – Victor abre um sorriso – Larany disse que você estava de mau humor, então resolvi vir colocar um sorriso nesse rostinho

– não estou de mau humor – resmungo

– melhor ainda, me poupa trabalho – ele adentra a sala, tira sua jaqueta e em seguida sua camiseta, ficando apenas com uma calça jeans

– porque você tem que tirar a camiseta?

– não gosto de camisetas – bufo e fecho a porta

O observo se acomodar em meu sofá e tenho a leve impressão de estar a corar, o que é rapidamente confirmado porque Victor pisca para mim.

– não vai se sentar?

– estou bem em pé, obrigada – cruzo os braços

– qual é, eu não mordo

– morde sim – seus olhos brilham

– é tem razão, mordo sim

Ele parece confortável demais, o que me faz reparar em seu peito. Se a carreira do hóquei não der certo ele devia tentar ser modelo, porque sério, o cara é sarado.

– sério, Tai-Cat, senta aqui. Assim parece que não sou bem vindo

– e você não é bem vindo

– você não gosta de mim, né? – ele parece magoado o que me faz sentir uma pontada de culpa

– eu gosto de você, mas esse rolo todo dos seus telefonemas dizendo que quer ficar comigo de novo, só me faz lembrar naquela noite e me sinto...

– desejada?

– uma piranha

– um conselho? Apaga essa palavra do seu vocabulário – a irritação inunda seus olhos

 | Tainá

– sério, para com essa história de ficar se culpando por causa da nossa transa. E que se foda a palavra piranha – ele continua – as pessoas têm o direito de dormir com quem e quando quiserem. Ninguém tem que carregar esse rótulo de piranha

– o rótulo existe, e se apropria a certas situações

– esta não é uma delas – me sento finalmente do seu lado – você precisa parar de achar que o que fizemos foi algo errado. A gente se divertiu, ninguém se machucou. O que você ou qualquer outra pessoa faz dentro de quatro paredes não é da conta de ninguém. Cada um cuida da sua vida e ninguém pode sair por aí falando da vida dos outros, é idiota

– eu... falei para Peter que dormi com outra pessoa

– porque você fez isso?

– não sei, achei certo contar sabe? Mesmo a gente não estando junto passamos muito tempo de qualidade no passado e sempre fui honesta com ele

– tenho uma pergunta e você vai ter que responder com toda a honestidade – acento – você quer voltar com ele?

– não

– certeza?

– certeza. Mesmo que vocês achem o contrário

– vocês?

– Lara me perguntou o mesmo faz pouco tempo – o olho – eu e Peter falamos sobre nosso futuro juntos, depois da faculdade mas com o passar dos meses eu fui percebendo que a gente não era mais bom um para o outro e... não sei mais o que pensar

– esse é o seu problema, você pensa demais

– é esse seu conselho? Parar de pensar?

– não. O meu conselho é: parar de se obcecar – fico confusa – você terminou com o cara, teve um motivo sólido para isso, na minha opinião. E agora tem que seguir em frente com a sua decisão e não voltar atrás, ignora ele se for preciso e especialmente não duvide de si mesma

– você tem razão

– claro que tenho, eu sempre tenho razão – ele sorri de uma maneira arrogante e pousa a mão em meu joelho – planos para hoje, primeiro a gente pode dar umazinha para diminuir a tensão, claro. Aí a gente pede uma pizza e recupera as energias para depois...

– pode parar aí, gatinho – o interrompo – acha que eu deva levar você a um psiquiatra para acalmar suas fantasias? Porque cá entre nós, você sabe que não tem a menor chance de rolar algo entre a gente de novo

– você diz isso agora

– que tal você ir embora?

– contraproposta: eu fico e a gente dá uns amassos

– contraproposta: você fica, mas não tem permissão para falar

– eu fico, você me deixa falar mas eu não dou em cima de você – rebate me fazendo arquear uma sobrancelha

– sendo assim, você fica, não dá em cima de mim e ainda tem que assistir à minha série sem reclamar

– aceito os seus termos, senhora – um sorriso se alarga em todo o seu rosto

OUR SECRET || TAINACTOR || EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora