Capítulo 51

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Vinte e quatro horas depois, Christopher estava em frente ao exclusivo prédio de alto padrão, retorcendo as mãos com tanta força que Dulce ficaria orgulhosa. Não ter ido atrás dela era um tormento, mas ele não confrontaria Dul enquanto Natalia não pagasse pelo que fizera.

O doce perfume floral que seguia Natalia aonde quer que ela fosse golpeou seus sentidos antes que ele a visse. Seu coração se acelerou, não por causa de algum afeto ou desejo, mas por um ódio profundo. Se Natalia arruinasse suas chances de ter um futuro com Dulce, ele encontraria uma maneira de acabar com ela — foi o que Christopher prometeu a si mesmo enquanto agarrava o braço de Natalia.

Ela se assustou, virou para ele e então relaxou, quando reconheceu o rosto por trás da mão.

— Christopher? Querido, como você está?

De soslaio, ele viu Christian e um detetive entrarem no edifício, sem serem detectados pela mulher à sua frente.

— Você tem um minuto? — Ele sentiu a pele se arrepiar só de pensar em ser gentil com ela pelo tempo que os homens levariam para revistar o apartamento de Natalia.

Ela ergueu a guarda, como se não soubesse bem o que Christopher faria. O último encontro entre eles fora desagradável, mas ele não queria que ela fugisse.

— Achei que não tínhamos mais nada a dizer um ao outro — ela retrucou.

— Eu queria te agradecer pelo aviso. — A mentira saiu tão natural que até ele acreditou.

— Aviso? Que aviso?

— Sobre a Dulce não ficar satisfeita enquanto não possuísse a minha alma. Eu achei que poderia ter um casamento tranquilo e agradável, sem muita emoção ou lealdade... — Ele deixou as palavras no ar para ver o que Natalia faria com a isca jogada.

— Ah, Christopher. — Ela tirou os óculos escuros e o fitou com um beicinho, em uma expressão que refletia solidariedade. — O que aconteceu?

— Não sei bem. Eu não estava esperando essa gravidez. Nós tomamos cuidado. — Ele olhou ao redor, puxou-a para longe dos olhares curiosos e baixou a voz: — Como uma mulher pode engravidar usando preservativos? Eu não duvido que seja meu, mas...

Natalia baixou a cabeça.

— Ah, meu Deus. Uma vez eu ouvi falar de uma mulher que furava os preservativos para engravidar. Você acha que ela faria algo tão radical?

Christopher fechou os olhos, grato por seus óculos de sol ocultarem a maior parte de suas expressões. Sentia a bile borbulhar no fundo da garganta. Que vaca calculista e vingativa. Mentalmente, pediu aos homens que revistavam o apartamento de Natalia que se apressassem. Cada segundo na companhia daquela mulher era um segundo que Christopher não estava compartilhando com Dulce.

— Eu não consigo imaginar — disse ele.

— Eu devia estar com raiva de você. Afinal, você se casou com ela pouco depois de nós...

Christopher suspirou.

— Eu...

Seu telefone zumbiu no bolso. Christopher o pegou e leu a mensagem de Christian:

Pegamos a Natalia!

A mentira que ele estava prestes a vomitar morreu em sua língua.

Em vez disso, ele deixou a verdade sair:

— Eu amo a Dulce.

— O quê?

— Amor. Confiança. Coisas que eu nunca senti com você.

Natalia, que estava mais perto do que ele gostaria, recuou. A cor de seu rosto desapareceu.

— Você acabou de dizer...

Christopher tirou os óculos, mostrando a mandíbula apertada e os olhos afiados como adagas. Pela expressão de Natalia, ela as sentiu afundar em suas entranhas.

— Nós chamamos você de Víbora. Sabia, Natalia?

— O quê?

— Seu veneno já causou estragos demais. Você realmente pensou que iria escapar? A polícia está no seu apartamento agora mesmo. Eles fizeram uma busca e encontraram tudo que precisavam.

Natalia começou a retroceder. Seus saltos agulha enroscaram no calçamento e ela quase caiu. Enquanto se endireitava, seus olhos ardiam de puro ódio.

— Eu não sei do que você está falando.

— Ah, acho que sabe, sim.

Christopher notou alguém com uma roupa preto e branca se aproximar. Os olhos de Natalia fitaram o policial e se voltaram para ele.

— Eu não fiz nada ilegal.

Ela contratara pessoas para fazer o trabalho sujo, como o homem que se fingira de técnico para plantar as câmeras no apartamento de Dulce. Tirar fotos ilícitas dele e de sua esposa era contra a lei. Ele encontraria os meios legais para fazê-la pagar.

— Vamos deixar que o tribunal decida isso.

Talvez ela não passasse anos atrás das grades, mas Christopher queria que cada homem que atravessasse o caminho da Víbora soubesse que tipo de cobra ela era.

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