Capítulo 5

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Christopher olhava as fotografias e os arquivos das três mulheres que Dulce tinha enviado. Todas eram perfeitas: cultas, refinadas e lindas. Então, por que que haviam se registrado em uma agência de relacionamentos para encontrar um marido temporário? Tinha que existir uma ligação entre elas e a Senhorita Casamenteira, mas Christopher não conseguia entender.

Candidata número 1: Candice... sem sobrenome. De acordo com a ficha, estava no segundo ano da faculdade de direito, com os típicos financiamentos estudantis. Adorava artes e passava o tempo livre correndo maratonas. Christopher olhou de novo a foto. A semelhança com Jacqueline era assustadora. Dulce havia pensado em tudo. Ela até colocou as medidas e o peso das mulheres no rodapé da página. Em um texto explicativo, Dul escreveu que os serviços de encontros frequentemente usavam fotos antigas do colégio, photoshopadas, mas a Alliance atualizava suas fotos a cada seis meses.

Candidata número 2: Rita... mais uma vez, sem sobrenome. Secretária de um médico, cursando o preparatório para a faculdade de medicina. Adorava velejar e conhecer lugares exóticos. Já tinha viajado bastante, mas os documentos de Dul não diziam como ela bancava esse seu hobby.

Candidata número 3: Karen... Christopher não se incomodou em procurar um sobrenome; sabia que não haveria. Karen deveria ter sido modelo. Seus deslumbrantes olhos azuis e os cabelos loiros, quase brancos, faziam qualquer homem perder o fôlego. Karen não estudava e não tinha nenhum financiamento estudantil. Ela gerenciava um tipo de casa de repouso e era orientadora infantil em um clube de meninos e meninas.

As mulheres eram perfeitas, então por que Christopher tinha a profunda sensação de que eram todas erradas?

Ele se inclinou para a frente e pegou o telefone. Quando seu assistente atendeu, Christopher disse:

— E aí, Mitch?

— Eu ainda tenho duas ligações sem resposta, mas encontrei algumas coisas interessantes sobre a srta. Saviñón.

— Ótimo. Me traga essas informações.

Christopher caminhou até as janelas de seu escritório, que iam do chão ao teto, e olhou a cidade abaixo. Dirigir sua empresa de navegação de quatro pontos do globo lhe dava vantagem sobre seus concorrentes. Ele havia começado o negócio do nada, apesar da desaprovação de seu pai. O desejo de Christopher de provar ao pai que não precisava do dinheiro dele, nem do título, alimentava sua motivação. No entanto, o sobrenome Uckermann havia aberto muitas portas ao longo dos anos, e abrir mão da maior parte de sua herança não era algo que ele estava disposto a fazer, especialmente porque o velho já estava morto havia muito tempo.

Mitch bateu na porta do escritório antes de entrar. Christopher virou e acenou com a cabeça, indicando a mesinha no canto da sala, para ver as pastas que o assistente carregava.

— Vamos ver isso aqui.

Mitch se sentou e rapidamente estendeu os papéis para que Christopher examinasse.

— Dulce Saviñón, vinte e sete anos, natural de Connecticut, filha de Fernando e Blanca Saviñón.

Christopher se sentou.

— Por que esses nomes me parecem familiares?

— Porque são. Fernando esteve sob os holofotes da mídia há vários anos, quando foi acusado de evasão fiscal e apropriação indébita. Ele e a família moravam em uma mansão de vinte milhões de dólares, tinham casas de férias na França e no Havaí... O pacote completo do sonho americano.

Christopher se lembrou. O grande empresário de Nova York havia multiplicado seu capital através de esquemas de investimento fraudulentos. Ele emitia apólices de seguro de casas, terras, empresas e propriedades para as vítimas inocentes, sem nenhuma intenção de pagá-las. Se não lhe falhava a memória, Christopher lembrava que os federais haviam tido dificuldade de prendê-lo por corrupção, e só conseguiram enquadrá-lo por sonegação de impostos. Suas contas e propriedades foram apreendidas, e sua família desmoronou.

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