Pov Carolina Marzin
O jantar transcorreu lentamente, em uma espécie de tortura psicológica para mim. Everton dialogava educadamente com Thomas, que fumava seu charuto escocês, soltando as lufadas de fumaça pelos lábios grossos, em meio aos sorrisos falsos e forçados. Reuniões de negócios eram sempre assim, um querendo engolir o outro, se sair melhor, ter a melhor proposta, mas no final sempre fechando um acordo. A falta de paciência aquela noite me fez permanecer calada durante o jantar inteiro, exceto por breves trocas de palavras com meu marido, que por sinal parecia ter percebido minha irritação. Everton me fitou por breves segundos, e repousou sua mão sobre minha coxa, acariciando de leve. Eu nem sequer me movi, continuei degustando o vinho tinto que preenchia minha taça em cristal fino.
- Muito bom esse restaurante Lima. - Thomas falou bem humorado.
-Eu também adoro. Foi aqui que pedi minha esposa em casamento, não é meu bem?
Soltei um sorriso amarelo, e com leveza retirei a mão de Everton de minha coxa, repousando a mesma sobre a mesa. Ele engoliu em seco, me fitando com os olhos semicerrados.
- Exatamente. Boas lembranças daqui. - Me permiti falar.
- Imagino que sim.
Talvez aquela fosse uma das poucas interações minha naquele jantar. Eu estava de mau humor, irritada, furiosa melhor dizendo. Antes de sairmos da Lima Enterprise, Everton teve a "brilhante" ideia de dispensar os serviços de Bárbara. Dando ordem para que ela fosse embora em meu carro, e levasse a secretaria em casa antes de devolver o veículo para nossa garagem. Eu deveria dizer o quanto aquilo me irritou? Ver o sorriso da agente ao conduzir a miserável secretaria para saída me causou um súbito estalo de ira. Mas eu sabia muito bem meus limites, e onde posso chegar.
Na volta pra casa eu permaneci calada, como no jantar. O nosso motorista conduzia o veículo em uma velocidade alta, de acordo com minhas ordens. Ao meu lado, Everton se mantinha quieto, enquanto fumava um de seus cigarros. Ele fitava os prédios do lado de fora, em um olhar distraído, quase perdido. Quando por mim respirou fundo, e virou-se em minha direção.
- Posso saber o motivo de estar assim?
Deixei que meus olhos saíssem das imagens de fora do veículo, e pousassem sobre a expressão confusa de Everton. Ele me fitava com aquele par de olhos castanhos intensos, espremidos por suas pálpebras apertas.
- É por conta do seu carro? Porque deixei Bárbara usar ele?
Antes fosse por isso. Imaginar aquela secretaria aos beijos com Bárbara no meu carro me causava raiva.
- Obvio! Por que mais seria?
O homem rolou os olhos impaciente, levou o cigarro até os lábios dando um último trago antes de apagá-lo no cinzeiro à direita. Ele meneou com a cabeça lentamente e me fitou.
-Qual o problema disso? Ela veio dirigindo para você, não?
- Sim! E por conta disso você vai disponibilizar o meu carro para ela levar a sua secretariazinha em casa? - Falei, dando certa ênfase nas palavras "meu carro" e "secretariazinha".
Everton abriu um sorriso, ainda com os olhos fixos em mim. Franzi o cenho em sua direção, sendo tomada pela confusão daquele momento. Porque diabos ele estava rindo?
- Então é isso? - Perguntou ele em meio a uma risada alta.
- Isso o que? - Meu tom de voz revelava o quão irritada eu estava.
- Está com ciúmes de mim com Nara? Está irritada desse jeito porque mandei deixá-la em casa?
Eu tentei formular uma frase diante daquela ideia estúpida de Everton, mas sabia que a verdade não era bem vinda ali. O que diria meu marido ao saber que meu incomodo não era por ele, e sim por Bárbara? Creio que não daria muito certo. Fechei os olhos, e meneei com a cabeça em um sinal negativo.
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Xeque-Mate | adaptação Babitan
FanfictionUm jogo perigoso,repleto de armadilhas.Uma disputa de poder, dinheiro e desejo.De um lado do tabuleiro,a delegada Bárbara Passos,do outro, a esposa de um magnata,Carolina Marzin. Nesse jogo,apenas um caíra.Quem terá a melhor estratégia?Quem melhor s...