Meu avô deu um puxão na minha orelha por conta de eu ter saído sem a permissão dele e mostrou sua preocupação quando contei sobre a "sombra" que correu atrás de mim, no meio da tarde meus amigos e eu sentamos no gramado da pracinha para conversar.
— É sério! Era uma sombra!!! – Falo batendo as mãos em minhas coxas irritada.
— Fala sério, _____. O Vale não tem nem se quer uma escola direito, imagina coisas paranormais. – Alex fala entre risos.
— Não tem graça nenhuma! – Falo me levantando.
— Calma, florzinha. – Sam também levanta e coloca sua mão em meu ombro.
— É apenas muitas informações, a gente esta um pouco confuso. – Sebastian fala olhando para nós.
— Ei... Quem é aquela? – Alex levanta olhando para o centro do Vale.
Todos os olhares vão para uma garota loira que caminha em nossa direção com um meio sorriso no rosto, belisco o braço do Alex que me olha irritado por alguns instantes, mas logo voltou seu olhar para a garota.
— Oi, meu nome é Haley, cheguei hoje e o prefeito disse para eu me apresentar. – Ela fala arrumando o cabelo atrás da orelha.
— Eu sou o Alex. – Alex fala indo apertar a mão da garota.
— Puff, emocionado. – Sam fala e ri de seu próprio comentário.
Logo atrás tinha mais duas garotas, a primeira tinha a pele branquinha e cabelo ruivo, a outra era um pouco mais bronzeada com o cabelo azul.
— Essa é a Penny e aquela é minha irmã, Emilly. – Haley falou apontando para cada uma.
Comprimentei todas e finalmente voltamos ao assunto que interessava, aquilo que eu pensei que seria uma nova aventura com meus amigos, virou um circo. Sam me cortava para falar com a Penny, o Alex estava bobo falando com a Haley e a Abigail só tinha olhos para o Sebastian. Solto um suspiro encarando todos conversando e brincando uns com os outros, apenas fiquei brincando com meus dedos até dar o horário do lanche.
Acabo ficando por último já que tinha jogado as coisas no chão, organizo tudo na minha mochila e fico parada olhando o Centro Comunitário, ele era lindo mesmo estando abandonado a anos, espero que um dia ele volte a funcionar... Coloco minha mochila e corro para casa do meu avô.
( Dia 23, Verão - 2015 )
As férias foram entediante, Shane foi embora a uma semana e ninguém havia ficado sabendo, meu avô trabalhava o dia todo e não brincava mais comigo. Eu estava deitada no quarto quando meu avô entrou falando que eu iria embora, fiquei confusa e um pouco assustada, até porque meu avô nunca tinha essas ações.
— Mas vô... – Tento falar mas sempre era cortada, nunca conseguia falar.
Por fim, acabei pegando o primeiro ônibus e não consegui me despedir dos meus amigos.
( Dia 26, Inverno - 2021 )
Chego em casa exausta e penduro meu casaco, procuro meus pais em casa mas não os acho, faço algo bem simples para comer e separo as correspondência. Meu olhar se perde na parede branca da sala enquanto eu tomo uma xícara de café fresco, minha mente é ocupada por memórias com meu avô e meus antigos amigos do Vale, eu era feliz e não fazia nem idéia.
— Droga, esqueci. – Reclamo batendo a palma da mão na mesa.
Volto para o carro e procuro os documentos que o meu patrão havia me entregado, escolho tudo certinho e volto para dentro. Jogo a papelada na mesa da cozinha e fico a encarando, apenas agora que percebi o lixo que esta sendo a minha vida, eu nem se quer consigo viver. Trabalho por quase vinte horas na Joja, meus pais nunca conseguem ficar em casa, perdi todos meus amigos e meu avô se foi... Até aonde pode ir isso tudo? Não sei se consigo mudar algo, talvez seja tarde de mais, ou apenas não tem conserto.
Depois de horas escrevendo, percebo a presença do meu pai na cozinha, o mesmo esta coberto dos pés a cabeça e com um pouco de neve nas roupas.
— Oi pai, não tinha te percebido. – Largo a caneta e fecho a ficha.
— Tudo bem, não queria te atrapalhar. – Ele fala se sentando na minha frente.
— Você nunca irá me atrapalhar. Cadê a mamãe? – Pergunto e ele abaixa o olhar.
— Ela esta com uma tosse meio seca, então mandei ela tomar um banho e ir descançar. – Ele força um sorriso e levanta da cadeira.
— Pai... O que aconteceu com a fazenda do vovô? – Minha pergunta faz o mais velho parar.
— Ela... Ela apenas foi abandonada, filha. O sobrenome da família foi abandonado. – Ele fala e força mais um sorriso.
— Será que... Ainda dá tempo de recomeçar? – Pergunto com um tom baixo, para ele não escutar, algo impossível.
— Nunca é tarde, sempre foi dedicação e vontade. – Ele fala, logo ele me da as costas e sai andando.
Encaro os documentos na mesa e o retrato da fazenda na parede, um sorriso escapa de meus lábios e então, vou para o quarto.
Já as sete da manhã, me encontro no trabalho com os documentos feitos e prontos, entro na sala do diretor e entrego o documento e logo peço a minha demissão, estou pronta para mudar de vida, não apenas a minha mas a dos meus pais também. Dou a notícia para os meus pais assim que possível e separo o necessário para mim, não posso abandonar o marco da minha família, desde criança prometi para o meu avô que eu iria honrar a família, e eu já demorei de mais.
— Filha? – Minha mãe bate na porta, antes que eu falasse, ela já estava entrando.
— Oi mãe. – Respondo sem desviar o olhar da mala.
— Você... Tem certeza? Eu não quero que você vá porque eu e seu pai...
— Mãe, meu avô confiou em mim, eu jurei cuidar de tudo quando ele fosse embora, e eu demorei quase um ano para finalmente cumprir a promessa. – Fecho a mala com um pouco de força e a coloco no chão. — Eu vou ficar bem, prometo.
— Meu anjinho, como você cresceu. – Ela fala me abraçando.
Retribuo o abraço em imediato, meu peito esta apertado por ter que deixar meus pais sozinhos, mas eles optaram por ficar na cidade. Deixei tudo preparado para a longa viagem até o Vale, sinto tanta falta desse lugar, como ele esta?
( Dia 28, Inverno - 2021 )
Sinto o ônibus parando e um ar frio passar pelo meu rosto, abro meus olhos e vejo o motorista se levantar para anunciar a parada.
— Parada, Vale do Orvalho. – Ele anuncia esperando alguém se levantar.
Suspiro nervosa e levanto do meu acento, desço e agradeço pela ajuda do homem. O prefeito estava esperando por mim, ele me apresentou a casa do meu avô novamente e explicando cada detalhe das coisas, sem deixar nada passar.
Depois de um passeio turístico, deito para aproveitar a noite, no dia seguinte já iriam ter muito trabalho a fazer.
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Depois Que Você Chegou
FanfictionApós a morte de seu avô, sua vida começou a despencar, seu namoro havia ido por água abaixo, seus pais vivam brigando e o trabalho era estressante. Seus pais deram a idéia de você tomar conta da fazenda, já que ele havia lhe ensinado tudo quando era...