Love on a piece of paper (Taegyu)

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Lá estava eu, tentando achar peças decentes de roupa, para não parecer um doido desleixado perto de Taehyun, estava me arrumando para irmos em alguma cafeteria perto da escola. Procurar uma roupa que me agradasse estava sendo uma missão complicada, e o tempo não estava colaborando, pois restavam apenas 40 minutos para eu me decidir, que cá entre nós, não é algo muito fácil.

Ainda bem que já tinha tomado banho e arrumado meu cabelo, agora só faltava escolher minha vestimenta e aguardar o horário marcado chegar.

Depois de bons minutos terem se passado, finalmente consegui achar o que procurava. Havia pego uma calça jeans azul clara, com pequenos rasgos espalhados pelos joelhos e coxas, preferi usar um cropped branco com estampa de uma carinha feliz, achei muito fofa e combinava junto de meu tênis all star branco, coloquei alguns brincos e colares também. Talvez fosse um visual ousado, mas eu gosto de ser ousado.

E eu estava pensando, durante três anos, eu nunca havia conseguido me aproximar decentemente de Taehyun, não que eu não tivesse tentado, mas em menos de um dia ele já me chamou para sair. Ou eu sou lerdo demais ou o Kang que era muito ligeiro.

Nunca pensei que isso poderia acontecer, mesmo desejando arduamente para que o de cabelos cinzas notasse a minha mera presença de alguma forma, não achava que iríamos marcar de ir beber alguma coisa depois da escola, era muita informação para os meus dois neurônios.

Havia pegado tudo o que precisava e já saia de casa, trancando a porta, seguindo para o local marcado. Não era tão longe de onde eu morava, era um lugar bem bonito, um tanto chamativo mas sem exagero, tinha cores em bege, branco e um azul pastel na parte de dentro. Vários doces, salgados e bebidas estavam expostos nas vitrines e já sentia minha barriga pedir por alguma daquelas tentações deliciosas.

Eu me distraía com todas aquelas opções para saciar todo e qualquer tipo de fome ou vontade, olhava encantado para os diversos tipos de decorações e formatos, um mais tentador que o outro, que ativavam meu sensor de fome intensa. De repente sinto como se alguém estivesse atrás de mim, ignorei por alguns momentos por pensar que fosse outro cliente, que também apreciava as diversas iguarias que continham ali. Comecei a andar pelo resto do lugar e aquele suposto "cliente" continuava a me seguir, sem sair do meu lado em momento algum, já me sentia desesperado, me perguntando onde estaria Taehyun e por que esse estranho não parava de andar tão próximo a mim.

- Eu acho que esse combina com você. - me assustei levemente pelo comentário repentino, mas quando me virei, era ele quem estava lá esse tempo todo. O garoto mais novo apontava para uma pequena torta de morangos, felizmente ele não estava errado, eu realmente gostava muito desse doce.

- Ya, Taehyun! Eu quase entrei em pânico com a sua demora, sabia? Pensei que era um estranho que estava atrás de mim. - soltei finalmente o ar que nem percebi estar segurando. - Enfim, vamos fazer nossos pedidos, eu estou louco para comer essa torta de morango, parece deliciosa. - sorria feito uma criança que acabou de ganhar um brinquedo.

Depois de nossas sobremesas chegarem, ficamos conversando sobre vários assuntos, começamos a nos conhecer mais. De fato, eu não sabia muitas coisas dele, mas ao mesmo tempo, parecia que nos conheciamos a anos, como se fossemos amigos de infância.

Certo momento me surgiu uma dúvida em minha cabeça, um flash de quando estávamos no vestiário da escola.

"Eu vi que você ficou me olhando o jogo inteiro. Você tem alguma coisa para me dizer, Beomgyu?"

Essa simples frase estava martelando em meus pensamentos, o que será que ele queria dizer com isso? E também, por que, de repente, ele começou a falar comigo? Mesmo estudando no mesmo lugar há anos, por quê só agora ele decidiu se aproximar? Isso estava muito estranho e a minha curiosidade estava prestes a explodir. Não conseguindo mais aguentar, decidi que iria tirar essa dúvida de uma vez por todas.

- Taehyun, eu... posso te fazer uma pergunta?

- Ah, claro. O que foi? - bebeu um gole de sua bebida.

- Eu queria saber... - respiro fundo fechando meus olhos, tomando coragem para continuar a minha frase. - Eu queria saber por quê me chamou para sair hoje.

Me encarou surpreso e logo desviou o olhar, encarando qualquer parte e pessoa daquele estabelecimento que não fosse eu. Arrumou sua postura em seu lugar e ajeitou sua blusa de frio jeans.

- Bom, eu te disse que você me parecia familiar hoje mais cedo, certo? - assenti e o Kang continuou. - Então, na verdade, eu venho observando você faz algum tempo. Eu sei que isso parece estranho, talvez muito estranho, mas é pelo fato de estarmos no clube de música. - meu coração estava acelerado como uma turbina de avião, mal conseguia respirar, isso seria realmente possível? - Eu admiro muito o seu talento com o violão e o jeito que você toca me cativa demais, queria ser que nem você. A partir do ano passado comecei a te observar enquanto tocava, tentando pegar suas técnicas e talvez ficar melhor no violão, e fico feliz em dizer que funcionou. Tudo bem se não quiser mais falar comigo por eu meio que ter te seguido esse tempo todo, você tem todo o direito, Beomgyu. Mas eu iria ficar realmente deprimido se isso acontecesse.

Eu estava perplexo, ele falava afoito e eram muitas informações para eu processar tão repentinamente, como assim, Kang Taehyun, estava me seguindo as escondidas? Isso foi tipo um plot twist da vida real.

- Espera aí... - coloquei a palma de minha mão exposta para o mesmo, como se o mandasse parar. - Você quer dizer que era meu stalker? - explodi em gargalhadas. - Cara, isso é tão bizarro! - vi sua expressão suavizar e rir junto a mim.

- Sim, eu sei! Mil desculpas por isso, Beom. Eu podia ter ido falar com você e ter te pedido para me ensinar a tocar, mas eu não sabia como. Pensei que você me acharia muito estranho e acabei que nem tentei. - se justificou.

- Mais estranho do que você ficar me vendo de longe? Acho bem improvável. - o provoquei novamente. - Mas fico feliz que conseguiu aprender a tocar. - sorri bobo sem perceber. Ah, como eu sou apaixonado por Taehyun.

- Acabei de perceber que não respondeu a minha pergunta, de fato.

- Certo! - suspirou e sorriu leve. - Eu achei que, talvez, fosse o momento certo para tentar fazer uma amizade decente, e me aproximar mais de você. É meio solitário ficar vendo as pessoas com seus grupos de amigos de longe e não ter ninguém por perto. - os olhos redondos de Kang se perderam por poucos segundos.

- Mas você é um dos populares na escola e está sempre rodeado de pessoas a sua volta. Como pode se sentir solitário? - franzi o cenho em confusão.

- Essa coisa de "ser popular" é o "x" da questão. - fez aspas, frisando a parte destacada. - Eu não tenho amigos reais, apenas pessoas que me conhecem e querem se aproximar por esse rótulo idiota. E com esse tempo que eu passei te analisando no clube, eu notei que você parecia ser totalmente diferente deles. Era quieto, sempre no seu próprio mundinho, e de um jeito adorável, você parecia deixar o mundo mais suave. - por breves momentos eu achei que seus olhos brilhavam e meu coração fraquejava a cada frase. - Foi por isso que te chamei 'pra sair hoje, 'pra gente se aproximar. - sorriu novamente e sem notar, sorri também.

- Você sabe bem como usar as palavras, senhor Kang. Obrigado por me contar, foi ótimo saber disso. Acho melhor irmos agora, logo já estará escurecendo. - disse me levantando e o acinzentado fez o mesmo.

- Tem razão, é perigoso andar por aí a noite. Principalmente para um rapaz tão bonito como você, Beomgyu.