Capítulo 1: Sangue

191 33 77
                                    

Antes que Ray pudesse fazer qualquer coisa, o cão agarrou sua mão e, com o contato, um portal apareceu e sugou os dois para um lugar completamente desconhecido por Ray. Então o portal se fechou completamente, impedindo a entrada de qualquer pessoa. Ray olhou em volta, assustado, mas manteve o olhar fixo no demônio.

Ele se arrepiou ao sentir algo molhado encostando em sua perna, o moreno finalmente olhou para baixo, tinha um enorme, infinito, oceano de sangue. E os dois estavam no meio desse oceano sanguinário, do céu parecia escorrer sangue também, porque era tão vermelho quanto o oceano.

Se isso não bastasse, gotas, do que parecia ser chuva, pingavam sobre os dois, mas as gotas tinham um cheiro tenebroso de plasma e era vermelha também, o rosto de Ray se sujou de sangue e enquanto as gotas caíam, ele poderia jurar que ouvia um choro, um choro agudo e incrivelmente doloroso.

Ele tentou se mover, tentou atacar o demônio a sua frente, mas sem sucesso. Seu corpo não deu um passo e ele se desesperou. Os olhos azuis do diabo o observavam silenciosamente, como se o estivesse devorando com seus olhos, e então, o corpo de Ray se contraiu e a criatura o puxou contra seu corpo, abraçando-o. A respiração de Ray estava desregulada, ele seria abusado pelo diabo? Usado? Se tornaria uma marionete? Onde eles estavam?

— Eu não vou machucar você. – O outro finalmente disse, ele continuou apertando o corpo de Ray, o moreno queria distância, mas seu corpo não respondia. – Estamos em casa.

— Eu não confio no diabo, ele nunca fala a verdade. – a voz de Ray soava no meio daquele céu e mar sanguinários, no meio daquele choro de sofrimento desconhecido, sua voz era a coisa mais dócil no meio de tudo aquilo.

E, antes que o de olhos azuis respondesse, outro portal apareceu, o jovem feiticeiro sentiu a energia conhecida, era seu professor, James, a mão de James apareceu no portal e agarrou o braço de Ray, puxando-o. O sarnento o deixou ir, não lutou, apenas o deixou ir. A última coisa que Ray viu foram os olhos azuis dele nele.

— Tirar Norman do selamento?! O que você estava pensando James?! Você é um dos melhores professores da academia e decide fazer uma besteira dessas?! – a voz abafada de Isabella estava presente, ela parecia irritada. Muito irritada. Os olhos verdes de Ray se abriram, sua visão estava turva, ele só conseguia ver silhuetas.

— Sessenta anos se passaram! Ele ficou preso por sessenta anos, ele não está tão forte e podemos nos livrar dele, meus alunos já lidaram com demônios fortes antes, nós lidamos com o Príncipe das Trevas! – a voz de James estava presente, Ray piscou lentamente.

— Há uma diferença entre o Príncipe das Trevas e o Rei dos Demônios, James. Uma diferença gritante. – Desta vez Ray ouviu a voz de Leslie, seu pai.

—  Leslie está certo e, além disso, como você pode ter tanta certeza de que Norman enfraqueceu?! – Isabella perguntou – Meu filho poderia ter morrido, porra!

— Ray é forte, nada iria acontecer com ele e eu estava junto! – James respondeu, ele parou para respirar fundo, Ray sentiu sua cabeça latejar. – Norman não atacou. Ele fugiu. Isso é um sinal de fraqueza e ele pegou Ray porque o confundiu com uma Ren.

Um silêncio perturbador se fez presente, as silhuetas estavam embaralhadas e cada vez que Ray tentava decifrar quem era quem, sua cabeça doía mais. Ele tentou mover os dedos, mas até isso parecia fazer sua cabeça pesar.

Ele fugiu? – Após minutos de silêncio, a voz de seu pai se fez presente, o homem fez uma torturante pausa de silêncio. – Se ele fugiu, pode ser que esteja mais fraco, Isabella. Se isso estiver acontecendo, precisamos pegá-lo antes que ele se recupere para destruí-lo.

— Ele provavelmente vai ficar naquele lugar, nenhum humano conseguiu entrar totalmente lá, o único que esteve lá totalmente foi Ray. Além que tem a igreja. Se a igreja perceber que Norman foi libertado, uma nova guerra vai acontecer, como a de 1970. – Isabella disse, novamente uma pausa de silêncio, mas Ray não conseguiu ouvir o desfecho daquele diálogo, pois sua cabeça pesava tanto a ponto de apagar mais uma vez.

Quando ele acordou novamente, sua cabeça não doía mais e o quarto estava escuro, ele se sentou na cama desesperado e olhou em volta, um quarto de hospital. Seus olhos vagaram pelos aparelhos que mediam sua frequência cardíaca e pela intravenosa em seu braço, então ele olhou para o relógio na parede, marcava 03h34 da manhã.

Ele olhou para a janela e deitou-se na cama novamente, há quanto tempo ele estava inconsciente? Foi tudo um sonho, não foi? Não, não foi, pelo contrário, foi tudo muito real. Sua pele se arrepiou e ele pôde ouvir aquele choro sofrido mais uma vez.

— Norman, esse é o seu nome, não é? – ele sussurrou sem medo, afinal, ao contrário de Deus que está em todos os lugares ao mesmo tempo, o diabo só pode estar em um lugar de cada vez.

・゜゜・.・゜゜・.・゜゜・.・゜゜・

Olá, como vocês estão?
Queria vir aqui me desculpar por publicar o prólogo e sumir por meses, mas quem me acompanha a muito tempo sabe que é normal eu sumir e voltar, esse ano quero me comprometer totalmente com minhas histórias e prometo que vou tentar não sumir do nada.
Até a próxima <3

Eu tenho pensado em você por sessenta anosOnde histórias criam vida. Descubra agora