Eu tenho pensado em você por sessenta anos

Capítulo 4: Devoção e Obsessão

Seus olhos contemplavam a paisagem de seu novo quarto, sua janela tinha uma vista privilegiada do farol da cidade, gotas de chuva caíam e escorregavam pelo vidro. De repente, seus olhos se encheram de água, ele colocou a mão na janela e desejou que tudo fosse um pesadelo, aquele demônio destruiu seus sonhos, os sonhos de seus amigos e de sua família. Ele acabou com tudo. Um vento forte atingiu o vidro, fazendo Ray se afastar e a janela se abrir. A chuva começou a cair em seu novo quarto, ele tentou se aproximar, para fechá-la, mas a chuva estava muito, muito forte, o vento o jogou para o outro lado do quarto, fazendo-o bater as costas na parede e a janela fechou sozinha. O moreno prendeu a respiração e não conseguia soltá-la. O culpado de tudo apareceu à sua frente, encarnado na figura de gente, olhou profundamente em seus olhos.

— Não, não tenha medo de mim, meu amor. – Ele disse com sua voz suave, o cão se aproximou de Ray, agachou-se na frente dele e agarrou suas mãos. – Não seja teimoso.

— O que você quer comigo? Você destruiu tudo que eu tinha e das pessoas ao meu redor, o que eu fiz para você? – Ray perguntou em voz baixa, olhando em seus olhos.

Norman ficou em silêncio, seus olhos se arregalaram levemente, Ray não era como em sua vida passada, ele era totalmente diferente, mas ainda assim, o demônio o amava, simplesmente por ser ele. O de olhos azuis sorriu, olhando para sua doce obsessão, porque depois do amor só existe devoção e obsessão.

— Eu quero você. Destruirei tudo o que for preciso para ter você. Para você ser meu. Para se tornar eterno ao meu lado. Não vou deixar ninguém tirar você de mim desta vez, meu amor. Eu devoto você. Eu devoto tudo em você. Você é minha religião, a única religião em que acredito. Sou seu eterno devoto. – Norman disse, olhando em seus olhos, segurando as mãos de Ray com firmeza, um sorriso malicioso apareceu em seus lábios – Você me amou e eu te devotei.

— Mas... não quero que você seja devoto a mim. – Ray disse soluçando, e ver seu amado chorando por ele o deixa feliz, pois seu amado estava sentindo algo por ele novamente.

— Essa opção não existe e nunca existirá. – Norman disse com firmeza – Coloque isso na sua cabeça. Se eu ver você tentando fugir de mim, amando outra pessoa, eu vou matá-lo e vou matar você, para que sua alma seja minha.

Ray não disse nada, como? Como ele amou isso? Como ele amou essa criatura em sua outra vida? Os demônios não sabem amar, os demônios sabem ser obcecados e devotados, esses são os seus caminhos que mais se aproximam do significado do amor. Ray não culpa totalmente o cão, ele se culpa também, pois foi ele quem se aproximou e deixou o diabo amar.

— Você entendeu? – A voz suave de Norman tornou-se agressiva e selvagem, ele soltou as mãos e agarrou seus fios negros, puxando-o para perto de si, o moreno franziu a testa e cerrou a mandíbula. – Aproxime-se de alguém para amar e eu tirarei sua vida e tomarei sua alma para mim. Você é só meu.

Demônios são egoístas.

— Não preciso provar que você é meu, mas se eu precisar provar algo para você, ratinho, você pode se ajoelhar e me ver mover o céu e o inferno. Até faço Deus se ajoelhar aos seus pés para que você aceite esse fato. Porque você sempre será meu.

Demônios só sabem amar da maneira mais sombria de todas.

— Se você quiser, ratinho, farei mil orações para você. – Ele disse, não saíam mais lágrimas dos olhos de Ray, o demônio soltou seus cabelos e levou as mãos até seu rosto, tocando-o. – Você é meu. Você é meu tudo.

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Olá, como vocês estão?
Até a próxima <3