Capítulo 3: A Igreja

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Viajar para o interior, para a velha casa de sua falecida avó, isso nunca esteve nos planos de Ray, seus olhos observavam seus pais no banco da frente, o que eles tanto escondiam?
Emma, ​​​​Gilda e James também teriam que ir para esta nova cidade, honestamente? Ele havia desistido de entender completamente as coisas.

— Você ouviu Ray? – sua mãe disse, fazendo o moreno balançar a cabeça e sair de seus pensamentos. – A partir de agora, teremos uma vida comum.

— O que? – O de olhos verdes escuros franziu a testa, seus pais olhavam para frente, fixos na estrada.

— Entregamos ao Ministério de Feitiços nossas cartas de demissão e sua licença na escola de feitiços, alegando que queremos uma vida tranquila e que nos convertemos à igreja. Não somos mais feiticeiros. – Seu pai disse, o quê? Do que diabos eles estão falando? Ray pensou. – A igreja ficou feliz em saber que nos entregamos ao bem maior e abandonamos essa vida de demônios.

— E Emma? Gilda? James? – ele perguntou, atordoado com toda aquela informação. – O que isso significa?

— Eles também. – sua mãe disse – Isso significa que nossas vidas são as de pessoas comuns neste mundo, somos controlados pela igreja agora. A cidade para onde vamos, Porto de Conroado, é controlada pela igreja, não tem nada de feitiçaria. A escola em que você estudará foi escolhida pelo bispo da cidade, sua vida estará nas mãos deles agora. Tudo. Até sua morte.

— Não se assuste Ray, isso é para o seu bem, não queremos que descubram que você teve contato com ele, caso contrário... as consequências serão piores do que isso. Estamos protegendo você, meu filho. – a voz do pai ficou distante, muito distante e mais uma vez, Ray se viu naquele mar vermelho, mas desta vez, sozinho.

Um arrepio percorreu-lhe as costas, agachou-se e abraçou as próprias pernas, lembrou-se do necrotério, da menina, de tudo. Sua respiração estava acelerada, era difícil respirar naquele lugar que cheirava a sangue. No entanto, sua respiração se acalmou drasticamente e ele não sentiu mais o cheiro de sangue, na verdade ele sentiu mãos em seu rosto forçando-o a olhar para cima, encontrando olhos azuis.

— Você pensou que iria fugir de mim, ratinho? – a voz rouca do demônio chegou aos ouvidos de Ray, seus olhos arregalados fitavam as profundezas do azul – Você é meu há mais de sessenta anos, você é meu desde que esse mundo foi criado e não há Deus que vai te levar embora de mim. Corra. Fuja. Viva escondido na igreja, mas seu destino é sentar ao meu lado no inferno, porque você é meu.

A respiração de Ray acelerou mais uma vez, ele segurou as mãos do cão em seu rosto, apertou elas e olhando em seus olhos, começou a recitar:

— Pai nosso que estais no céu. Santificado seja o vosso nome. Vem a nós o vosso reino. Seja feita a vossa vontade. Assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos daí hoje. Perdoai-nos as nossas ofensas. Assim como nós perdoamos a quem tem nos ofendido. Não nos deixei cair em tentação mas livrai-nos do mal. Amém. – Ray disse, sílaba por sílaba, pausadamente, olhando em seus olhos, apertando suas mãos, o diabo riu.

— Deus te abandonou, porque até ele sabe que você é meu, ratinho. Não há oração no mundo feita por você que me afastará. É a rainha do inferno. – ele disse, olhando em seus olhos verdes.

— Virgem Maria – Ray continuou, fazendo-o rir de novo, Ray ainda não percebeu que não é um filho de Deus? Que ele é um mal no mundo e tudo por causa de sua vida passada?

— Continue orando e eu vou mastigá-lo no inferno, no banho de sangue de considerados pescadores.

E então, num suspiro, o abandonado abriu os olhos, percebendo que ainda estava no carro, sentado com o cinto de segurança e o pôr do sol já estava acontecendo, sua mãe se virou com um sorriso e disse:

— Acordou? Já chegamos.

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Olá, como vocês estão?
Até a próxima <3

Eu tenho pensado em você por sessenta anosOnde histórias criam vida. Descubra agora