Capítulo 8

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Angel

— Kevin? — pergunto enxugando minhas lágrimas para confirmar se ele está ali mesmo. Sei lá, vai que eu fiquei maluca.

— Oi, Angel. Quer conversar? — ele fala com serenidade. É, ele está mesmo aqui, e eu odeio que me vejam chorando.

— Não, obrigada. Eu estou ótima — digo já com o rosto seco e uma feição de indiferença, como se não estivesse em uma crise de choro segundos atrás.

Uma coisa boa que eu aprendi é parar de chorar rápido, principalmente quando vejo alguém. Anos de experiência, desde quando eu era mais novinha. Nunca gostei de dar explicações, mostrar fragilidade, impotência, muito menos de importunar os outros com os meus problemas, principalmente porque acho que as pessoas farão pouco caso deles.

Choro sozinha, grito sozinha, tenho crise sozinha, sofro sozinha, levanto sozinha e continuo me arrastando sozinha. Mas na hora de sair de casa, de ver pessoas, sempre saio com um lindo e enorme sorriso no rosto. Acho que por eu estar afundando não significa que eu tenha que arrastar alguém para as profundezas comigo. Não é só porque eu estou caindo que vou te puxar pro abismo. Muito pelo contrário. Justamente por eu estar caindo e saber a sensação que vou querer te ajudar e te por para cima, independente de quem seja. Não desejo para os outros o que não quero para mim, penso em como as minhas atitudes vão afetar as pessoas antes de tomar qualquer decisão.

O nome disso é empatia algo que poderia tornar o mundo melhor se todos, ou a maioria, praticassem.

— Não sabia que chorar de soluçar era estar ótima... — acho que ele já estava me observando há um tempo e eu que não notei sua presença — Se não quiser falar tudo bem, eu vou sempre te respeitar. Porém se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, até se for só de um abraço, pode contar comigo. — olha nos meus olhos e vejo sinceridades em seu olhar, ele estranhamente parece mesmo se importar

— Okay, Kevin. Obrigada, faço das suas palavras as minhas. — Sorrio para ele sem mostrar os dentes e viro o rosto

— Tá bom. Então fica bem — se levanta e desce as arquibancadas

— Kevin! — grito seu nome quando ele está quase no campo

— O que? — ele se vira da primeira fileira da arquibancada e olha para mim. Seus olhos estão mais azuis que nunca, principalmente pelo fato do sol estar batendo diretamente em seu rosto.

— O que está fazendo aqui? — pergunto

— Vou me transferir pra cá, Curiosa. Achei que já tinha completado o ensino médio há dois anos atrás por causa de uma prova que eu fiz no meio do terceiro ano para me adiantar. Mas parece que essa prova não foi validada, mesmo eu tendo gabaritado ela, o diretor da época esqueceu de assiná-la e o atual não quer assinar. Então terei que cumprir o meio do terceiro ano (que foi onde eu parei). Agradeço à Deus por estarmos exatamente na metade do ano letivo — me explica e sorri — Acho que seremos colegas de classe em alguma matéria, Pequena. E como eu não lembro de nada você vai ter que me ajudar em todas elas. Minha Pequena Curiosa — abre um sorriso de lado mostrando aquelas lindas covinhas, pisca e sai

Ele simplesmente sai. Sem mais nem menos, ele só sai.

Não sei se esqueci que ele era tão gato, ou se ele ficou ainda mais lindo desde a última (e primeira) vez que o vi. Acho que tá mais pra segunda opção.

(...)

Meus pensamentos agora vão para outra direção. O Kevin despertou algo em mim, um certo conforto. Ele me passa confiança e credibilidade, acho que vale a pena tentar uma amizade. Porém uma coisa que me intrigou foi ele ter agido como se nada tivesse ocorrido entre nós. Mas está tudo bem, na verdade até prefiro assim, por mais que quisesse continuar naquele jogo de provocação com ele.

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