Usurpador

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Usurpador

adjetivo substantivo masculino

1. que ou aquele que usurpa.

2. que ou aquele que se apodera por violência ou meios injustos daquilo que não lhe pertence ou a que não tem direito.


Crescer e amadurecer faz com que nós, humanos, criemos um péssimo hábito oriundo do peso adjunto das responsabilidades: Engrandecer. Ficamos ferozes em nos engrandecer, aumentar nossos feitos e atos do dia a dia, cozinhar uma bela refeição em um dia útil da semana vira motivo de vitória e comemoração, tal qual, ao superar situações ruins o qual nos colocamos tratamos como enorme pesar e feito. E todo esse dilema moderno rondava a mente de Harry Potter, que caminhava como se estivesse dando os últimos passos em direção à morte, repetindo que era apenas mais um passo para mais uma vitória nas suas obrigações como adulto. Ele tinha a impressão que nem enquanto andava em direção a Voldemort tinha uma expressão tão melancólica e abatida. Pessoas no purgatório deveriam fazer essa feição, ponderou o homem.

Toda essa angústia muito tinha haver com Draco Malfoy, ao mesmo passo que não tinha.

Como tudo e nada, seus encontros com o homem sempre o deixavam atordoado, igual a levar um feitiço no rosto, ficando zonzo de magia e irritação pelo ataque. O quê perdido e debochada da situação é que aquilo ocorreu mais de uma vez de forma prática quando trocavam azarações pelos corredores de Hogwarts, tal qual passou a acontecer por meio de palavras e atos, principalmente no oitavo ano, quando o loiro retornou a Hogwarts sendo odiado por alunos que perderam entes queridos para a guerra e pelos os que diziam estar do mesmo lado, houve tão poucas pessoas ao seu lado nessa época que o homem pouco lembrava o príncipe da sonserina.

Harry estava tão estupidamente perdido em seu próprio definhar que mais de uma vez falou coisas pesadas para atiçar a ira do sonserino e tentar ter o frenesi da adrenalina que as brigas deles causava, mas Draco o olhava dos pés a cabeça, ele não possuía o vislumbre e engrandecimento da enorme maioria, muito menos possuía o asco costumeiro, Malfoy estava vazio e olhava para Potter como se entendesse a atitude, como se quisesse participar daquele teatro mas que não possuísse forças para tal, como se fosse quebrar pelo esforço no fim, por mais de uma vez, o loiro virou de costas para o grifinório e saiu depois de ouvir os mais diversos xingamentos, mal piscando para aquilo, conformado.

A situação ficou tão ruim que em determinado momento, Ronald interviu agoniado já com a diluição de ódio que os ataques diretos do eleito causavam ao sonserino, o ruivo se viu preocupado com a sanidade mental do amigo e com a integridade física do antigo rival.

Draco nunca revidou nada, aceitando cada feitiço e lixamento de todos da escola, salvando diversas vezes seus agressores de detenções.

Harry caiu em sua própria teia de culpa, não conseguindo finalizar aquele ano.

Depois daquela fatídica reunião, Potter se viu doente. Tão oprimido e mal quanto naqueles anos. Letargia e pele sensível de quem tem febre, lembrando dos tempos de auror e pior, de sua época na escola. O mesmo menino frágil e perdido tentando a todo custo não morrer e não ser a causa da morte de ninguém, a agonia costumeira se assolou, necessitou de muito autocontrole para voltar ao apartamento, se banhar e lembra a si mesmo que agora era adulto, treinado e experiente, não seria nunca mais aquele adolecente traumatizado e acelerado pela adrenalina. O pensamento o aliviou mas não impediu sua mente de criar os mais diversos pesadelos quando tentou dormir, repassando cenas da guerra, não tardando a distorcer eventos para pior ser. Mais horrendos do que já eram.

Harry desistiu de dormir naquela noite, tirou o velho quadro branco do quarto o qual fazia de armazém e depósito, invocou alguns pilotos, papéis e pegou a pasta com o arquivo do caso. Pronto, sua sala parecia novamente um escritório auror, como foi por muitos anos, como ele fugiu de torná-lo novamente diversas vezes, mas ali estava o moreno, iniciando uma série de anotações e desferindo informações de forma estratégica no quadro, usando de cores e papéis coloridos para traçar teorias e similaridades, tentando ver uma linha onde não havia, passou horas a fio, tecendo teorias e tentando encontrar o que interligava o caso, o que dava sentido a tudo.

Vital ☆ DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora