xv. passo um: Aceitação.

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Mais tarde após a janta, eu estava deitada de bruços na cama enquanto visualizava o telefone bem próximo do meu rosto. Estava esperando algum sinal de vida por parte de Keigo. É óbvio que eu não tomaria atitude agora, ele deve estar ocupado fazendo... Coisas de herói? Sim, coisas de herói.

E eu certamente não iria incomodá-lo.

Enquanto esperava alguma coisa rolando a tela do telefone pra lá e pra cá, acabei pensando na conversa de hoje cedo no jantar. Eu tenho que parar de tratar ele como se ele fosse um amante meu, até porque ─ até onde eu sei ─ não somos nada além de amigos.

Naquele dia na sua varanda ele quase beijou você.

Balancei a cabeça espantando esses pensamentos e foquei na mensagem inesperada que ele me mandou. Meus batimentos cardíacos aceleraram naquele momento.

Keigo: onde você está? quem é essa garotinha?

Me: É minha prima.

Keigo: ah, verdade, você está na casa dos seus parentes, pelo visto está sendo bom.

Me: É... descobri que a esposa do meu tio é uma heroína. Acredita nisso?

Keigo: é? isso é bem legal. aliás, desculpa por demorar pra responder, foi um dia cheio.

Me: Entendo!!! Eu também estive ocupada brincando com as crianças.

Eu deveria pedir pra ele vir?.. Quer dizer, talvez não seja um problema, mas acho que deveria conversar com os meus tios primeiro...?

Bom, eles estavam dormindo, não quero incomodar eles e eu tenho certeza que será uma conversa rápida entre nós dois. Sem contar que pelas atitudes compulsórias de Olívia, eu tento certeza que ela não se importaria com isso, acredito que tio Yoshi muito menos.

Me: Por que você não vem aqui? :P

Mandei o endereço pra ele e fiz uma pequena descrição da casa.

Estarei te esperando na sacada.

Acho que estava na hora de conversarmos um pouco pessoalmente.

Levantei da cama e vesti uma camisa longa para cobrir-me do frio noturno de Fukuoka e abri a portinha da varanda, já sendo recebida pelos raios lunares e a corrente gélida. Estava com o telefone grudado na mão.

Encarei a lua pra passar o tempo e em poucos minutos avisto uma figura familiar sobrevoar a casa. Meu coração acelerou e senti meu estômago arder. Eu sabia que agora as coisas poderiam ser diferentes.

Será? Talvez...

Acenei pra ele de modo que ele pudesse me enxergar e assim o fez. Ao bater os olhos em mim, rapidamente pousou na minha frente com um sorriso. Senti o vento que ele trazia consigo se chocar contra meu rosto e de brinde acabei sentindo o seu cheiro.

Ele estava radiante. Seus olhos estavam bem focados em mim e ele esboçava um sorriso leve e sereno. Rapidamente levantou seus óculos para que eles ficassem na sua cabeça, dando uma real visão do seu rosto.

Naquele momento eu tive uma sensação diferente. O jeito que ele me olhou, pelo menos naquele ângulo, parecia outro. Não sei explicar exatamente as intenções que aquele olhar transmitia mas definitivamente não era o mesmo de tempos atrás.

Quero dizer que ele não estava tão sério como de costume. Não que ele fosse sério o tempo todo, é só que... Esquece. Deu pra entender, né?

Senti meu coração acelerar, eu podia ouvir as batidas dentro do meu ouvido. Consequentemente, o sangue circulou nas minhas bochechas deixando-as rubras instantaneamente.

𝗔 𝗪𝗛𝗢𝗟𝗘 𝗡𝗘𝗪 𝗪𝗢𝗥𝗟𝗗, 𝘩𝘢𝘸𝘬𝘴 ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora