Danação: Diffindo!

A Princesa Esquisitona

Música do Capítulo: Pretend it's OK - Little Mix

- Pois bem, Pandora. – Dora disse ao seu reflexo no espelho. – Você vai pedir desculpas a Fred e, se vir qualquer coisa, vai piscar e não exibir nenhuma reação anormal.

Depois de acordar na ala hospitalar e tomar algumas poções, Pandora voltou para o salão comunal escondida de Madame Pomfrey; se perguntassem, passava bem, obrigado. Era tarde da noite quando retornou e teve que fazer muito, mas muito esforço para evitar Filch. Tinha quase esbarrado em Madame No-r-ra duas vezes, mas escapuliu por passagens secretas e bons esconderijos – cortesia de ser melhor amiga dos gêmeos Weasley.

Subiu de fininho até o retrato da Mulher Gorda, que só a deixou passar por pena, já que Pandora não tinha prestado atenção em nada que aconteceu no jantar nem na senhas informadas pelos monitores – quem quer que eles fossem. Entrou no quarto que dividia com Hermione, Lilá e Parvati agradecendo a todas as divindades que Hermione, embora observasse todos os seus movimentos com um olhar preocupado, teve a bondade de fingir que estava dormindo.

Se encontrava agora no banheiro, de pijama e com cabelos úmidos, escorada na pia. Mas sabia que não seria capaz de dormir tão cedo. Planejava descer ao Salão comunal para pensar em como se desculparia com Fred, teria que contar o motivo do chilique de qualquer jeito. Agradeceu a Merlim que Fred sabia guardar segredo. Não podia contar a Kai, de qualquer modo, e ela precisava contar para alguém.

Kai estava espiralando desde o acidente. Antes o irmão que considerava sua outra metade, agora tentava tomar decisões por ela; julgava-a louca. Não que não tivesse tentado contar o que estava acontecendo, tinha, tinha sim. E ele tinha dito que ela estava sonhando acordada, alucinando. Chamou o médico da corte e fez com que ela tomasse uma poção para dormir.

Pandora nunca teve tanta raiva de seu irmão como naquela noite.

Saiu de fininho para o salão comunal e não precisou esperar amanhecer, Fred Weasley estava sentado com uma cara de triste confusão no sofá, encarando a lareira e só percebeu que ela estava lá quando se sentou ao seu lado e o cutucou de olhos fechados.

- Desculpe.

- Estou tão feio que não aguenta nem olhar para mim? - Fred olhou de soslaio e riu de canto. - Eu só cortei o cabelo!

Pandora abriu os olhos depois de gargalhar e congelou: um flash de luz e viu o mesmo cadáver que tinha visto horas trás. Um piscar de olhos, e podia ver Fred novamente.

Suspirou aliviada.

- Só reparei agora, - começou, - devia ter ficado de olhos fechados.

Gargalharam e logo se censuraram: eram duas da manhã e todos estavam dormindo.

- Que aconteceu com você? – Fred perguntou calmamente. – Está estranha.

- Se eu te contar um segredo, - sussurrou, - promete que vai ficar entre nós?

Fred assentiu, fazendo uma careta preocupada e zombeteira.

- A não ser que me diga que matou alguém, sim.

- Eu não estou louca, mas estou a um passo de enlouquecer.

E virou o corpo para Fred, para que pudesse olhar em seus olhos enquanto narrava tudo o que tinha acontecido. Contou do desespero causado pela morte de Cedrico, da dor angustiante que sentia, dos pesadelos... Contou-lhe do filho do jardineiro, Giacomo Heitor, um garoto lindo, de olhos azuis sonhadores e cabelos encaracolados auríferos. Contou de como, em três dias, ele a pediu em casamento e ela aceitou. Precisava sair dali, esquecer tudo isso, rápido, rápido.