Único

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Suspirei pelo que parecia ser a milésima vez enquanto encarava a fachada colorida em neon brilhante com os dizeres "Mama's Palace", um bar aparentemente bastante movimentado localizado no subúrbio da cidade, mais especificamente na parte "gay" dela.

É a primeira vez que venho a esse tipo de lugar e, o motivo de toda a minha hesitação, é que tenho medo de alguém me reconhecer. Não que algum aluno ou colega meu possa frequentar o local, afinal todos são menores de idade e heterossexuais, mas o receio ainda é grande.

Respirei fundo e andei em direção a entrada do bar, ainda incerto, mas eu já tinha chegado até ali, não é mesmo? O mínimo a se fazer agora é ir até o fim. Adentrei o local e me surpreendi um pouco, afinal imaginava algo completamente diferente do que eu via. Era um bar bem comum, com um grande balcão ao fundo onde algumas pessoas estavam sentadas, também tinham mesas espalhadas pelo estabelecimento e até mesmo haviam mulheres ali.

Fui até o balcão e sentei em um dos bancos mais afastados, quase encostado em uma das paredes. Mesmo assim, não demorou mais do que dois minutos para algum barman se aproximar e me oferecer uma bebida. Aceitei uma cerveja e passei a beber ao mesmo tempo em que observava as pessoas em minha volta.

O bar lotou em pouco tempo e quando passou das dez horas, a iluminação mudou e a música também. As mesas foram afastadas e no centro de todo o salão, foi improvisada uma pista de dança, onde várias pessoas agora dançavam junto ao ritmo frenético da música que tocava sem parar.

Os homens parecem livres aqui. Eles dançam, conversam, se beijam, sem medo ou vergonha. Como eu gostaria de fazer.

No entanto, sempre fui merdoso e mesmo descobrindo minha sexualidade cedo, nunca me apaixonei por ninguém. Eu, Min Yoongi, um mero professor do ensino médio aos 28 anos nem sequer transei com alguém. Eu pensava que quando saísse da casa dos meus pais e fosse independente conseguiria ignorar meus próprios receios e seria feliz, mas tudo só ficou ainda mais solitário do que já era.

E agora aqui estou, em um bar, sozinho, já no quinto copo de cerveja, só observando os outros. Eu vim na intenção de pelo menos conversar com alguém, trocar algumas poucas palavras já seria o suficiente... Mas acho que certas coisas não mudam tão rápido, certo? Porque por mais que eu tenha a coragem de vir até aqui, ainda não possuo coragem o suficiente para chegar em uma pessoa.

Pronto para deixar o local, pedi a conta ao barman e mais uma vez olhei em volta, bebendo minha última cerveja. Então algum desconhecido se aproximou e me pegou de surpresa, sentando no banco ao meu lado enquanto sorria abertamente.

— Olá, boa noite!

O sorriso dele era brilhante, dava um ar infantil ao seu rosto já que as bochechas volumosas obrigavam seus olhos a fecharem quando os lábios - lindos, cheios e convidativos - se curvavam. Os cabelos claros estavam penteados para trás e ele vestia uma camisa social preta com uma calça jeans meio desbotada. Me perguntei mentalmente se era mesmo maior de idade.

— Boa noite — respondi e me curvei um pouco por puro costume.

O barman se aproximou e o cumprimentou como se já o conhecesse, provavelmente era um cliente regular. O rapaz pediu duas doses de algo que não consegui identificar, e então apoiou um dos braços sobre o balcão ficando de frente para mim.

— Sua primeira vez aqui, certo? — e ali estava o sorriso brilhante novamente.

— Sim... É muito óbvio? — desviei o olhar durante alguns segundos, mas logo busquei os olhos dele novamente. Eram atraentes demais, difícil não fitá-los.

— Não. É só que te observei durante um tempinho, pensei que talvez estivesse esperando alguém... E também, nunca o vi aqui antes — inclinou um pouco o corpo em minha direção e esticou a mão. — A propósito, me chamo Jimin.

Talking Body (Yoonmin)Onde histórias criam vida. Descubra agora