Capítulo único

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 Poe estava lá, escondido em um canto sem que ninguém o visse. A cena que se passava diante de seus olhos fazia seu coração doer. Não estava acontecendo nada demais, apenas Ranpo e Yosano rindo de algo que a morena havia dito.

Poe ainda estava tentando entender o que Ranpo teria visto de bom nele para ser seu namorado. Havia tantas pessoas melhores do que ele, mais inteligentes, mais interessantes, mais bonitas... enquanto Poe era apenas Poe. Eles estavam juntos a mais de seis meses, mas a insegurança persistia em ficar em seu ser, não importava o que acontecesse. E todas as vezes em que o via junto da doutora, pensava que, talvez, ela merecesse o detetive, mais do que si.

Enquanto ainda estava perdido nesses pensamentos, não notou que o dono de seus pensamentos estava bem à sua frente. Ranpo o tinha visto escondido e estranho que seu namorado não tivesse ido falar com ele ainda, preferindo ficar escondido. Ranpo já tinha uma noção do que poderia ter acontecido, o conhecia mais do que a si mesmo. Queria tanto ter essa conversa com o escritor, mas ele sempre fugia quando tocava no assunto, falando que não era nada demais. Mas Ranpo sabia, sim. Relacionamentos amorosos ainda era um assunto que ele não dominava totalmente, ele nunca pensou que poderia se apaixonar perdidamente por alguém até Poe chegar, entrando em seu coração sem nem pedir licença. Amava Poe mais do que amava seus precisos doces.

-Antes que tente fugir de novo, eu sei que tem alguma coisa acontecendo- falou o mais baixo, pegando em suas mãos -Vamos conversar, por favor. Eu quero poder te ajudar- sentia as mãos de Poe tremendo nas suas.

-Por que não usa sua ultra dedução?- por mais que estivessem juntos, o escritor tinha medo de falar sobre seus sentimentos ao seu namorado. E se Ranpo o achasse idiota? Ou estranho?

-Porque eu não quero, eu quero que você me conte. Somos namorados, não precisamos esconder nada um do outro, certo?- ele jamais usaria sua habilidade assim no escritor, achava que certas coisas ele mesmo tinha que falar porque, igual Fukuzawa disse a ele, namoros são a base de confiança.

O escritor olhou para o namorado. Ranpo não brincaria com ele, não é? Ele ama ele e confia também, mas ainda tem medo de demonstrar certos sentimentos, sentia-se envergonhado.

-Por que... por que v-você está comigo?- perguntou bem baixinho. Se o outro não estivesse tão perto, duvidava que conseguiria escutar.

-Que tipo de pergunta é essa, Edgar? Eu estou com você porque eu quero- por que ele estava com Poe? Oras, ele o ama, precisa de mais motivos do que isso?

-É que, tipo, eu não tenho nada de bom, nada a te oferecer- fechou os olhos enquanto falava, estava com vergonha de olhar o detetive nos olhos e, se olhasse, era capaz de começar a chorar e acabaria mais patético do que já estava. - Tem tantas pessoas melhores por aí, como a Doutora Yosano... ela é bonita, inteligente, legal e não tem vergonha de fazer as coisas em público. Enquanto eu não sou nada, eu sou só uma pessoa patética.

O detetive olhou para o outro com descrença. Como assim pessoas melhores do que ele? não existia ninguém melhor do que Poe para ele. Mas ele conseguiu entender, ele estava inseguro. Poe achava que não era o suficiente? Acabou se sentindo culpado, talvez ele deveria começar a demonstrar mais o quanto o ama.

-Olha, eu quero que você entenda uma coisa, O.K?- pega o rosto do namorado em suas mãos - eu amo você, mais do que tudo. Você foi o único ser humano capaz de chamar minha atenção, o único que conseguiu me fazer apaixonar. Nunca, jamais, duvide disso, você é a pessoa mais incrível que eu já conheci em toda a minha vida e eu tenho tanta, mas tanta, sorte de ter você comigo. Eu amo você Edgar Allan Poe.- Nesse momento, o homem mais alto já se encontrava em lágrimas. Ranpo achou que nunca veria uma cena mais adorável do que esta.

-Eu também te amo, Ranpo Edogawa. Você é o meu sol.

Poe pode não saber ainda o que fez para merecer aquele homem. Mas agora tinha certeza de que foram destinados a estarem juntos. Eles se amavam, e era isso que importava. 

I love you, EdgarOnde histórias criam vida. Descubra agora