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IVANNA HOWE

            Meus olhos ainda tentando assimilar o que de fato acabara de acontecer. Estreitei os olhos pela vigésima vez e ver meus pais em minha frente ainda parece um sonho, que na verdade, aparenta ser mais um pesadelo de fato.

Os dois exibem um sorriso no rosto como se a presença deles fosse bem aceita.

O que não é.

Diana, ou melhor, minha mãe, está completamente diferente desde a última vez que a vi. Dessa vez, seu cabelo está tingido de loiro e o preto é evidente somente pela raiz e ao seu lado, William, meu pai, está com rugas na testa e sua barba está com alguns fios brancos.

Realmente, eu os não vejo há mais de dez anos.

Meu vô pareceu ter notado o meu choque e logo me trouxe um copo d'água, ainda estava imersa com tudo que havia acontecido e minha mãe estava com um sorriso exibido nos lábios, como se tudo estivesse bem.

— Meu amor, quanto tempo! — Diana vem em minha direção e enrosca os braços em volta de mim, enquanto permaneço quieta e terminando de assimilar tudo. — Você está tão linda! Só essa roupa... 

Reviro os olhos e ela se afasta, em seguida, encaixa os dedos em meu queixo e me encara com os olhos brilhando.

— Eu e seu pai sentimos tanto a sua falta. 

Meu pai que antes estava do outro lado da sala, atravessa o cômodo e vem em minha direção, para em seguida enroscar seus braços em meus ombros de forma tímida, eu diria que forçado.

Coloco o copo de vidro na mesinha de madeira e torno a encarar meus pais novamente.

Não vou reclamar e dizer que eu os odeio, não. Ainda sou grata de ter dois pais vivos, apesar deles não se encaixarem como pais. Lá no fundo, minha antiga eu estaria pulando de alegria ao ver os pais, desejando que os ficassem em Outer Banks e que nós pudéssemos todos viver como uma grande família.

Ironia do cacete.

Quando criança, no ensino fundamental, a escola fazia apresentações para as mães e os pais, e bem, eu tive o apoio dos meus avôs e embora eles tenham feito de tudo para suprir o vazio que se instaurou, as outras crianças passeavam felizes com seus pais e eu sempre almejei.

E então cresci, e entendi o porquê deles terem me deixado em Outer Banks.

Respiro fundo, procurando as palavras certas a se dizer e quando minha garganta destrava, eu finalmente consigo falar:

— Bem, a que devo o motivo da visita? 

— Meu bem, seus avôs não te contaram? — William questiona e eu balanço a cabeça confusa.

— Contaram? Contar o quê? 

— Nós queremos que você vá morar conosco na Califórnia. — É Diana quem dá a notícia, com a voz carregada de entusiasmo e um sorriso brilhante nos lábios. — Eu sei que você cresceu aqui e gosta da Carolina do Norte, mas na Califórnia têm mais oportunidades, há universidades de primeira linha e queremo...

— Não.

Seu sorriso se desmancha na hora e ela me encara como se não tivesse entendido.

𝐒𝐔𝐌𝐌𝐄𝐑; RAFE CAMERON ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora