Ha-ri

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Draco se sentou no chão da sala sem saber o que fazer. Em sua mão descansava uma carta de seus pais, ainda selada da mesma forma de quando a recebera após ser inspecionada. Ele não sabia o que fazer, deveria abrir a carta? Ignorá-la?

Com um suspiro, Draco enfiou a carta, ainda fechada, no bolso. Por mais que sentisse falta de seus pais, ou de sua mãe, mais especificamente, ele não se sentia pronto para encará-los, mesmo que através do pergaminho. Não após a última vez que os vira. Não após o que ele próprio dissera. E definitivamente não após o que seu pai falara.

A verdade é que Draco nunca se considerou alguém com muitas qualidades, ele sabia exatamente o que os outros pensavam de si, entretanto sempre mentiu para todos e para si mesmo, dizendo que não ligava, que era melhor que eles, que eles não eram dignos de sua amizade ou atenção. A verdade, entretanto, era que ele não se sentia digno de ser próximo de outras pessoas, mas negou isso tanto que, em algum momento ele próprio passou a acreditar nisso. Esse álter ego, porém, fora quebrado completamente durante a discussão com seus pais.

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Quando recebeu a notícia de que não voltaria para casa durante as férias já era o dia de pegar o trem. Quando chegou na sala do diretor e viu os pais lá, sabia que alguma coisa estava errada. Lucius nem se incomodara em lhe dirigir um olhar e sua mãe estava com os olhos marejados.

"O que está acontecendo aqui?" ele se lembrava de ter perguntado. Foi então que recebeu a notícia que não voltaria para casa naquele verão. A princípio ele não entendera o que eles queriam dizer com isso. Finalmente, Lucius havia pedido para Dumbledore os dar um tempo a sós. Assim que o diretor deixara a sala, Draco questionou o que estava acontecendo, dessa vez de forma mais livre. A resposta de seu pai fora simples e fria:

"O Lorde das Trevas voltou e não precisamos de você conosco enquanto ele estiver lá."

Foi naquele momento que Draco se lembrou de que nunca fora nada além de um fardo para seus pais. No momento em que eles tiveram uma chance melhor de continuar com o status sem ser com um herdeiro, eles aceitaram. Ainda assim, aquilo o machucou e, sem pensar, ele próprio disse algumas coisas terríveis, porém que soaram justas no momento. Draco os chamara de covardes, eles sempre haviam dito que gostariam da volta do Lorde das Trevas e que se acontecesse, então era parte do dever de Draco segui-lo, mas, agora que a chance para aquilo estava na frente deles, eles o mandavam para longe com o rabo entre as pernas. Cada insulto que passara por sua cabeça fora derramado naquela conversa.

Sua mãe não se pronunciara durante a discussão e se despediu de Draco com um breve abraço antes de entrar na lareira e usar o flu para retornar à Mansão Malfoy. A despedida de Lucius não se distanciara do que ele esperava nem mesmo por um milímetro, o homem nem mesmo olhou na direção do filho e sua última fala antes de entrar na lareira fora: "Patético".

Nos dois dias que ficara em Hogwarts antes de ir para a sede da Ordem da Fênix, Draco tentou se recompor, imaginando o que diriam se o vissem naquele estado. Quando finalmente chegara à sede, foi obrigado a conviver com Ronald Weasley ininterruptamente.

Até que a situação toda com Harry ocorrera, o colocando em uma posição que ele nunca imaginou que fosse estar nem mesmo em seus mais estranhos sonhos.

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O som da porta da sala de duelos abrindo o tirou de seu estupor. Draco viu Granger e Weasley entrarem na sala, a primeira parecendo ter chorado há não muito tempo. Nenhum dos dois pareceu notar a presença dele, olhando diretamente para o aquário, onde Harry dormia calmamente.

— Ele acabou de dormir, então deve demorar um tempo para acordar — Draco contou enquanto se levantava para sair da sala.

Granger cerrou os punhos e desviou o olhar dele. Assim que Draco alcançou a porta, a voz dela soou:

Água-MarinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora