Fim do ano

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Norman continua suas investidas mesmo que eu tentasse para-lo, não tinha mais forças em meus músculos para lutar contra ele devido todo o estímulo que o outro me dava. Seu próximo passo foi colocar uma de suas pernas entre as minhas para criar uma certa pressão no meu membro o que me assustou muito me fazendo morder sua língua que ainda fazia questão de permanecer na minha boca. O albino para por um instante devido a dor e se separa dos meus lábios olhando para meu rosto choroso, algo que ele não tinha percebido anteriormente - E.esta tudo bem? - o rapaz por cima pergunta assustado devido minhas lágrimas que continuavam a cair - V.você não parou, eu implorei para que parasse - eu exclamo com a voz tremula tentando conter os soluços que insistiam em aparecer.

Me desculpa Ray, não chore - responde o albino que usava suas mãos nuas para limpar as lágrimas das minhas bochechas pálidas - Eu achei que já estavamos prontos para o próximo nível - continua o mesmo rapaz alto que me conforta com um abraço caloroso mesmo comigo estando fungando em seu peito - Próximo nível? - pergunto duvidoso sem saber direito do que se tratava assim que olho para cima para poder enxergar o rosto do meu namorado - S.sim, sabe... Um nível acima - Norman fala gaguejando a medida que seu rosto ruboriza e esclarece minhas dúvidas, deixando ambos extremamente vermelhos pela vergonha. Eu sabia como isso acontecia entre casais de sexos opostos, mas nunca fiquei intrigado em como isso era feito entre duas pessoas do mesmo gênero.

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Não falamos sobre o que tinha acontecido naquela noite por quase um mês, apenas continuamos nossa rotina normal antes daquele fiasco com no máximo alguns selinhos aqui e ali. Certo dia Norman não pôde vir para casa devido um problema que surgiu com os seus pais então eu estava sozinho naquela casa, de novo. Não posso falar que não senti falta do grisalho me enchendo o saco mas também é bom ficar sozinho de vez em quando para refletir os acontecimentos da vida, e eu tinha uma dúvida que precisava ser sancionada e que eu não poderia em hipótese alguma perguntar para o albino. Como os homens fazem sexo? Essa pergunta ficou me remoendo durante todo esse tempo e não poderia pesquisar a respeito já que Norman estava sempre grudado comigo e eu não podia arriscar do mesmo me ver pesquisando uma coisa pervertida dessas.

Assim que cheguei da escola joguei minha mochila em qualquer canto logo depois de pegar meu celular, fui em direção ao meu quarto e fechei a porta mesmo que não tivesse ninguém aqui nesse horário. Deslizei para desbloquear e entrei no Google anônimo mas assim que o fiz não sabia bem o que pesquisar, eu deveria escrever algo como "Como os homens transam" ou "Sexo entre pessoas do mesmo gênero", né? Assim o faço e quando coloco em pesquisar me deparo com algumas cenas para +18 e até algumas explicações por escrito, aparentemente o sexo entre homens troca a vagina pelo ânus do parceiro denominado como passivo. Fico incrédulo com tanta coisa que tinha a respeito disso até me sentir meio envergonhado e enfim fechar a página e esperar não ter que abri-la nunca mais.

🌤️


A única parte que realmente me estressava era o fato de que Norman era um pouco obsessivo, principalmente quando o representante da sala vinha falar comigo sobre as questões triviais envolvendo a escola. Sempre que Akira vinha conversar a respeito dos projetos em grupo ou sobre as semanas de provas o albino se grudava ao meu braço e escutava toda a conversa que claramente não era direcionada a ele. Eu realmente não sei porque meu namorado fica tão alerta na presença do conselheiro estudantil, ele é bem simpático comigo e nunca me deu dores de cabeça. A única coisa que me incomoda a respeito desse sujeito é sobre a conversa que tivemos alguns meses atrás sobre meus portos seguros contra a ansiedade, mas resolvi apenas ignorar já que não me oferecia risco nenhum.

🌤️

Finalmente o final do ano tinha chegado e as férias se aproximavam novamente, tanto eu quanto Norman havíamos completado nossos 18 anos e poderíamos ser presos por qualquer besteira que chegarmos a fazer. Uma festa seria feita para comemorar a formatura do 3° ano 2-A em um bar local e como todos os presentes já haviam atingido a maioridade o álcool seria liberado para dar um gás a celebração. Óbvio que algumas pessoas não gostavam da presença de outras mas não tinha nada o que se fazer e portanto a comemoração foi oficialmente declarada, aconteceria do dia 17 de dezembro e todos da sala deveriam ir, senão seria permitido fazer trotes para aqueles que se ausentarem.

Assim que o tão esperado dia chega eu e Norman vamos juntos até o endereço passado pelas mensagens de texto do grupo, quando chegamos já era possível observar um pouco mais de meia dúzia de pessoas já começando a se embebedar. Nos dirigimos para a extremidade direita da longa mesa do bar e pedimos nossos respectivos drinks e aperitivos, eu havia escolhido um CaipiSaque de morango e uma porção G de batatas fritas para dividir com o albino enquanto o outro havia escolhido uma simples Caipirinha de limão. Não muito tempo depois Akira chegou acompanhado daquela garota da educação física que se sentaram do outro lado da mesa e progressivamente mais pessoas que eu nem sequer sabia o nome foram se juntando a nós, animando a festa no lado esquerdo da mesa.

Algumas horas depois Norman já se encontrava bêbado depois de apenas quatro drinks, quase tão fora de si que mal podia andar para ir ao banheiro. Ver aquela cena do albino tropeçando nas cadeiras e tombando sobre alguns outros clientes era hilária, mas pelo menos ele era um bêbado comportado que não saia xingando as pessoas ou contando para qualquer um que quisesse ouvir sobre sua vida. Enquanto o rapaz grisalho ainda estava fazendo não sei o que no banheiro Akira senta no lugar recém desocupado e olha fixamente para mum com o rosto levemente virado devido o álcool - Eu queria agradecer você, já que provavelmente não vamos mais nos ver - o homem divaga enquanto segura um copo de soju.

Eu o olho sem entender direito a situação até que o mesmo continua sua frase - Se não fosse por vocês da Grace Field eu jamais saberia meu destino até que fosse enviado e com toda certeza agradeço ainda mais por terem nos salvado de toda aquela merda - Akira falava com uma expressão triste, como se estivesse lembrando de um amigo querido que provavelmente foi vítima das fazendas - Foi por esse simples motivo que eu te vigiava Ray, para proteger você assim como fez comigo, para não deixar ninguém te fazer mal - continua o homem após tomar mais um gole do seu copo ainda meio cheio - Espero que não tenha entendido errado minhas ações, elas foram genuínas - o garoto de olhos amarelos murmura a última frase como se não fosse para mim tê-la ouvido.

- Como assim? - pergunto curioso assim que coloco meu drink na mesa - O albino não parece gostar de mim sabe, ele me olha meio torto só por conversar com você, uma das pessoas que permitiu que eu continuasse respirando - Akira sana minhas dúvidas olhando para meus olhos meio cabisbaixo. Penso um pouco no que poderia responder sem deixar muito óbvio que era mais pelo fato do Norman sentir mais ciúmes do que qualquer outra coisa - Você não fez nada de errado, ele só é muito protetor comigo, assim como você aparentemente - sorrio enquanto respondo enquanto roubo uma das batatas fritas de outra bandeja. O homem analisa a minha resposta e então me olha docemente antes de se levantar e agradecer pela conversa calma que acabamos de ter, perguntando se com isso tinha tirado todas as pontas soltas do nosso amigável relacionamento entre colegas e eu aceno com a cabeça em afirmação logo vendo o outro desaparecer entre a multidão.

Não muito tempo Norman volta reclamando do estômago que estava querendo colocar tudo o que ele comeu e bebeu para fora e perguntou se eu tinha algum remédio para enjôo, além de pedir para que fossemos para casa antes dele passar vergonha na frente de todas aquelas pessoas - Claro, pegue suas coisas e vamos chamar um táxi - respondo enquanto solto algumas gargalhadas devido o rosto indecifrável do rapaz e pego meu celular. Tomei meu último gole da caipirinha de maracujá que ainda estava na mesa e nos despedimos do pessoal seguindo até a saída do estabelecimento e entrando no carro para começar a contagem da corrida.

Não muito tempo depois chegamos em minha casa e tive que arrastar o albino até o andar de cima e joga-lo no meu quarto, ele estava fedendo a álcool assim como eu então tirei nossas roupas e as joguei no cesto para serem lavadas depois. Isabela havia avisado que dormiria fora hoje devido um compromisso com a escola ao qual ela trabalha, uma palestra entre os colégios da cidade eu acho. Desço as escadas novamente para pegar um pouco de água para servir ao senhor branca de neve que monopolizava meu precioso colchão, assim que subo os degraus eu acordo o dorminhoco com um leve soco no braço e o ordeno para que beba o que lhe trouxe justamente com os remédios para enjôo e a ressaca que ele com toda certeza teria amanhã.

Eu o arrasto para o lado e me deito perto de seu peito, escutando as batidas aceleradas do seu coração e me confortando em seus braços quentes devido o álcool ingerido. Estava tão feliz por ter tido meu amor de infância correspondido, mesmo que tivesse demorado alguns anos para que isso tenha se tornado realidade. Meu coração começa a bater tão forte quando o da pessoa ao meu lado e não consigo esconder minhas lágrimas de felicidade, chorando como uma criança, algo que eu nunca tinha feito antes, mesmo quando era fisicamente uma.

(1673 palavras)

FIM

"Me deparei com você novamente" - Norray Onde histórias criam vida. Descubra agora