Segundo capítulo

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    Sim, eu tenho inveja do meu irmão. Itachi é melhor que eu em tudo. Apesar de dizer que eu o odeio, não posso culpa-lo ou até mesmo odia-lo.

Eu que nasci errado.

As vezes, no período da noite, penso que se, Itachi, nunca tivesse nascido, eu teria mais atenção. Talvez as coisas fossem melhores pra mim, caso ele não existisse.

Eu amo Itachi, apesar de não demonstrar, e até mesmo negar ama-lo, ele é o meu único irmão.

Eu tenho um pequeno talento pra arte, sou talentoso com muitas coisas no assunto. Eu queria me tornar escritor, ou até mesmo pintor, mas meu pai disse que isso não dá futuro e eu acabei desistindo por causa disso.

As vezes eu comparo a minha vida com aquelas histórias de gacha, a tal da "Filha odiada". Quando eu era criança amava assistir coisas do tipo, porém parei porque com o tempo foi perdendo a graça.

Sei que é errado, mas torço para que qualquer dia, Itachi dê um vacilo para que eu possa descobrir algum podre seu, contar para os meus pais e ser o oposto disso. E finalmente um dia, ser o orgulho da família...

Eu paguei muito! Muito dinheiro mesmo, apenas pra você ter um bom ensino! Você é uma decepção para mim e sua mãe! É um mal agradecido! Fizemos tudo por você e você age como se pagasse a porra  das próprias contas! - falou gritando totalmente irritado, fazendo sua voz grossa ecoar por toda a sala.

Eu já não conseguia mais segurar as malditas lágrimas que insistiam cair de meus olhos. Meu pai não compreendeu o motivo do meu choro e gritou ainda mais.

— Porque infernos você está chorando!?!? Agora está tentando me manipular fazendo esse seu teatrinho!?!? Você NUNCA vai ser ninguém se continuar desse jeito! Eu realmente não sei onde eu errei na sua criação! Você é um desgosto para toda a família. – Meu pai gritou, segurou meu braço com força e no final me deu um tapa forte.

Cansei de você! Vá andando sozinho para casa! Não quero sequer ver a sua cara hoje! – disse apertando meus braços e me empurrando para fora da sala bruscamente.

Corri sem ao menos ver aonde estava indo, vi alguns armários, entrei no primeiro que eu vi já que já sabia que eles eram como uma pequena "cabine", me sentei no chão e me permiti chorar e me culpar pelo que aconteceu.

  Eu não aguento mais essa pressão que minha família bota em mim, vivem me comparando com meu irmão, me falando sobre como eu estou estragando o meu futuro aos poucos. Eu realmente odeio esse assunto, por esse tipo de conversa já houveram inúmeras brigas em minha casa. Me fazendo escolher entre o certo e o errado, me fazendo escolher o certo para eles e não para mim.

Meu irmão sempre tentou me defender o máximo que podia nestas discussões, ele parece ler minha emoções e ver meu desesperos nessas horas, e sempre vem me salvar.

Ele sempre tentou ser muito carinhoso comigo, porém eu sempre fui grosso com ele e tenho certeza que ele sabe o motivo.

Não sei como meu pai e minha mãe reagiriam se soubessem sobre a minha sexualidade, talvez me batessem ou gritassem comigo.

Minha mãe é do tipo de mulher submissa ao marido, uma mulher totalmente fiel a Deus e ao marido. Não que ela faça tudo, literalmente tudo oque meu pai mande, óbvio que não. Porém, por mais que ela seja muito parecida com meu pai, ela é a única mulher da família que ainda não virou as costas para mim.

Chorei até não poder mais naquele armário, me senti um pouco fraco, e acabei cochilando ali mesmo.

Acordei sentindo uma mão balançando cuidadosamente o meu corpo, tentando me acordar sem me assustar.

Abri os olhos lentamente tendo a visão do garoto de olhos azuis me encarando com um semblante preocupado.

S-Sasuke? Oque está fazendo dentro do meu armário? – disse com um tom de voz preocupado.

O garoto estendeu a sua mão e me ajudou a levantar do chão, segurou minha mão e me levou até uma das mesas do refeitório.

Se sentou ao meu lado e tomou um pouco da água que estava na sua garrafinha transparente.

Me perdoe por ter entrado no seu armário... – disse me sentindo um pouco culpado pela situação.

Não me importo com isso, apenas esqueça. – disse me dando um pequeno, porém belo sorriso.

Oque aconteceu? Você estava dentro do armário, desacordado, e parece que estava chorando. – perguntou ele pegando uma de minhas mechas negras e colocando para atrás de minha orelha.

E-eh, você não deveria estar fora da escola? Afinal, as aulas já acabaram. – falei tentando mudar de assunto.

Eu estava treinando com o time de futebol, ficamos aqui após o fim das aulas. Aliás, você não respondeu a minha pergunta.

Eu abri a boca tentando pensar no que iria falar para o garoto. Talvez uma mentira? Não sei se consigo mentir para ele, aqueles olhos parecem me ler como se eu fosse um livro aberto.

Por desespero me levantei, pedi desculpas, e corri, corri como se minha vida dependesse disso.

Eu realmente sou estúpido...

Sr.EncrencaOnde histórias criam vida. Descubra agora