› ᴀʟʟ ᴛʜᴇ ɢᴏᴏᴅʙʏᴇs ᴀʀᴇ ᴏᴠᴇʀ

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- Insuportável.

A risada, naturalmente rouca, descontrola-se pela embriaguez. Taehyung está sentado no chão a minha esquerda, ao longo do corredor do hotel em que estamos hospedados, porque não fomos capazes de, nas condições em que estamos, juntar forças para procurar por nossos quartos.

Por isso, decidimos que seria até mais seguro que esperássemos sentados até que o efeito do álcool se amenizasse o bastante para que pelo menos nossa visão recuperasse o foco. O problema é que uma garrafa meio cheia de whisky ainda arrefece minhas mãos, largada entre minhas pernas e aguardando pelo próximo gole. 

- Está rindo? - Pergunto, meio sério. 

- Eu não era insuportável. - Ele se defende, ainda risonho.

- Eu não disse que era. Disse que estava. - Tomo mais um gole da bebida. Faço uma careta. Aproximo a garrafa do rosto instintivamente para procurar a data de validade. Caralho, é whisky. - Você estava insuportável aquele dia.

Sinto Taehyung se endireitar ao meu lado. Como se adiantasse. Continua torto feito uma girafa enfiada em uma vala.

- Eu não sei como posso me defender - ele tenta.

- Não pode - interrompo antes que termine.

Ele me olha falsamente ofendido.

- Você diz isso, mas está insuportável agora, sabia? - e diz, simplesmente. 

- Estou insuportável? E qual é o seu argumento acerca dessa acusação? - Levo a garrafa até a boca, mas ele a tira de minhas mãos antes que eu dê o primeiro gole.

- Para começar, não está dividindo isso comigo - Taehyung chacoalha o whisky. Depois, vira a garrafa e toma uma boa dose. Um som arrastado escapa por sua garganta. - Isso aqui tá horrível...

Eu o encaro. Observo a careta que ele faz enquanto checa o rótulo como fiz segundos antes.

E então, me olha de volta. Nos encaramos. Sérios. Ponderados. Só para, no instante seguinte, cuspirmos para fora uma risada síncrona e completamente embriagada.

Deslizo pela parede em direção a seu ombro. Meus olhos estão dormentes o suficiente para sequer se manterem abertos. Taehyung não está muito diferente. Bebemos até nossos corpos colapsarem. 

Um rosto desconhecido aponta de dentro de uma das portas. Um homem parece realmente furioso com a gente, e imagino que o barulho possa ter algo a ver com isso. Quando ele some, já nos endireitamos o suficiente para conseguirmos nos ver outra vez.

- Acho que a gente precisa ir pra cama - Taehyung diz depois de algum tempo, e concordo. Estamos bêbados demais para continuarmos tendo crises de riso em um corredor de hotel. 

São poucas, mas algumas pessoas querem dormir.

Assinto.

- Você primeiro. - E completo.

No entanto, sem fazer qualquer menção em se levantar, Taehyung apenas suspira.

- Não consigo, cara.

- Não consegue se levantar? - indago.

- Não, não é isso. - Ele murmura. - Eu estou em Paris, fedendo a whisky, com a camisa que usei na exposição dessa manhã, e minhas malas estão sabe-se Deus onde.

- Pelo menos é um perrengue chique.

Ele solta uma risada, os olhos miúdos em cansaço.

- É, pelo menos é um perrengue chique - ele admite.

Figures › taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora