Borbulhas •Kuromahi•

Irracional - Parte I

O baque de seus joelhos contra a proa foi o único que seu cérebro conseguiu processar no meio de toda aquela confusão.

Seu queixo tremia dada toda a pressão exercida. 

Ele estava tão confuso. Ele estava com medo.

Mahiru…

Cada vez mais a ilha ía sumindo de sua visão. 

Mahiru..

Olhando para o mar, ele só conseguia ver a água passando rapidamente.

Nem sabia para onde estavam indo. Aonde íam…

Não conseguiu fazer nada enquanto via Mahiru lutar para mantê-los perto.

Não conseguiu nem mesmo controlar seu próprio pânico.

Mahiru.

Seu parceiro. Seu bebê…

Ficaram para trás e ele não conseguiu fazer porra nenhuma!

Em desespero, bateu sua testa contra as barras de proteção da proa, seus olhos ardendo enquanto chorava de forma contida.

Ele só tinha saído um pouco para checar seus irmãos, mas assim que entrou no barco, tudo desandou. As ondas tão altas, o vento forte e logo o som da corrente da âncora se partindo. Foi tudo tão rápido que ele nem teve tempo para pensar.

▪

Seus outros irmãos que olhavam tudo de dentro da cabine do capitão também não sabiam nem como se sentir com aquilo tudo. 

O pior de tudo é que somente agora deram falta de que não estavam todos ali.

Hugh, Freya e Illdio ainda estavam na ilha. 

Puta que pariu. 

Lily tremeu com a lembrança de seus irmãos saindo do barco. Porém sequer conseguia avisar desse feito para Ash, que parecia estar em seu próprio mundo.

Seu coração doía. Seu corpo pesava e sua cabeça rodava com tanto movimento.

Ele ia desmaiar.

Misono…

▪

Hyde se apressou em segurar o corpo de Lily, que ía caindo com tudo no chão. Se ajoelhou segurando o irmão e logo Jeje também já estava abanando o rosto pálido do mais novo com a mão.

Não é como se os dois estivessem em boas condições mentais também. 

Estavam abalados e claramente com medo do que fazer.

Do que deixaram para trás.

Eles não queriam ir embora. Jeje queria ficar com seu parceiro e seu bebê. Queria ficar com Mikuni.

Por mais que o tritão fosse doido, ele ainda era o seu parceiro de alma. Viver sem ele seria um inferno que ele não estava disposto a vivenciar. Mas ao parecer eles não tinham muita opção diante de todas as circunstâncias.

▪

Kuro jurou que seu coração parou assim que viu algo nadando bem rápido na direção deles. 

Seria Mahiru?

É claro que a esperança de ser seu parceiro os seguindo não durou muito. 

A sereia estava a uma boa distância do barco ainda, claramente evitando entrar na corrente. Cada vez ela chegava mais perto. Ela era muito rápida.